Dificuldade de acesso ao crédito desafia pequenos empresários

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Não é só o crescimento vertical rumo ao médio porte que emperra no país. O fortalecimento enquanto pequena empresa também é uma matemática complicada para os pequenos. A participação em concorrência pública ainda é vedada aos consórcios e o crédito é uma meta intangível para muitos. Rafael Duarte, sócio-proprietário do Villa Café acredita que no ano que vem vá superar o teto atual de faturamento previsto no Simples, de R$ 3,6 milhões ao ano. Sua empresa de cafés especiais e cápsulas vem deslanchando bem e já mantém uma distribuidora nos Estados Unidos e começou a exportar para a China.

Apesar das conquistas, Rafel diz que, se conhecesse o ambiente hostil para o crescimento no Brasil, teria tentado abrir sua empresa em outro país. O empresário aponta, além da carga tributária, a burocracia e o crédito limitado como entraves. “Em vez de estar focado no meu negócio, trabalhando novos clientes, fazendo contatos, tenho que passar tempo demais reunido com o contador”, explica. Ele ressalta ainda que escuta falar do crédito em bancos públicos para pequenas empresas, já tentou, mas nunca conseguiu. “Os investimentos que fazemos são com recursos próprios.”

“O Brasil é, hoje, o paraíso das grandes empresas. As pequenas são satélites que não conseguem ter uma participação ativa. Nas Olimpíadas de Londres, em 2012, todas as obras foram feitas pelos pequenos, aqui, só os grandes, muitos investigados na Operação Lava-Jato”, critica o professor de economia brasileira da Universidade de São Paulo Paulo Feldmann. Segundo ele, o crédito para os pequenos é caro e raro e, com isso, as empresas de pequeno porte se tornam pouco competitivas.

Ronie Azevedo é dono de um pequeno mercado na região de Ribeirão das Neves, onde emprega 15 funcionários. Ele diz que sente falta de apoio técnico, capacitação para ajudar o pequeno empresário a errar menos. “Já fizemos alguns investimentos que não deram certo.” Apesar disso, o negócio, que está em seu terceiro ano, é promissor. Em 2016, os planos são para expansão.

Ronie já tentou crédito público para investimentos mas não obteve sucesso. Crédito é um desafio para ele. O pequeno empresário utiliza de recursos próprios e do cartão de crédito para compra de máquinas e equipamentos. A taxa média de juros do cartão no mercado aproxima-se de 400% ao ano, uma ameaça à longevidade. “Se houvesse linhas de crédito com taxas de juros de até 1,2% ao mês e que a empresa conseguisse acessar, seria muito interessante”, diz.

A analista do Sebrae Aline Vilhena diz que a expectativa é que em outubro, quando for lançada a campanha incentivando a compra dos pequenos negócios, a lei que eleva o teto do Simples Nacional e também estimula o crédito às MPEs esteja aprovada.

Aposta no Congresso

O Projeto de Lei (PL) 25/07, batizado de “Crescer sem medo”, vai a plenário esta semana. Além de elevar o teto do Simples, prevê  faixas progressivas de tributação. O ministro da Secretaria de Micro e Pequenas Empresas, Guilherme Afif Domingos, na defesa do PL, citou a geração de empregos das micro e pequenas empresas, que abriram 116,5 mil postos de trabalho até junho, contra um fechamento de 476,6 mil vagas nas grandes empresas no mesmo período.

 



Veículo: Jornal Estado de Minas - MG


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