Um acordo entre os grupos Catuaí e Tacla-Palladium, empreendedores de shopping centers com forte atuação no Sul do País, vai evitar uma sobreposição de centros de compras em Foz do Iguaçu, no Paraná. Em vez de os dois novos shoppings que estavam sendo construídos pelas empresas, a cidade terá só um deles. No fim de 2015, deve ser inaugurado o empreendimento que havia sido planejado pelo grupo Tacla-Palladium, mas agora em parceria com o grupo Catuaí. O acordo foi incentivado e intermediado pelo Conselho de Varejo da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), que já há muito tempo vem chamando a atenção para os prejuízos para o comércio da existência de shoppings concorrentes em áreas já saturadas. Diretores das empresas anunciaram a decisão a dezenas de integrantes do Conselho em uma concorrida reunião na última sexta-feira, na sede da ACSP.
A paralisação de um dos projetos de Foz do Iguaçu é uma conquista do Conselho, que já reúne cerca de 60 marcas, entre âncoras e satélites. “O que vai acontecer em Foz do Iguaçu é uma grande vitória do Conselho de Varejo. O acordo abre espaço para novas conversas desse tipo entre empreendedores com projetos que se sobrepõem em outras regiões do País”, disse o coordenador geral do Conselho e vice-presidente da ACSP Nelson Kheirallah. Existem hoje problemas graves de shoppings mal dimensionados para a demanda em várias cidades brasileiras. Um bom exemplo é Boa Vista: com 300 mil habitantes, a capital de Roraima deve ganhar dois shoppings de bom porte, oferta de área de vendas maior do que a demanda local é capaz de absorver. Os lojistas também enfrentam dificuldades em Betim (MG), Sorocaba (SP), Fortaleza (CE), Vila Velha (ES) e Blumenau (SC), entre outros municípios, com shoppings já prontos ou em construção.
A sobreposição de shoppings é prejudicial ao varejo à medida que obriga as lojas satélites (redes de menor porte) a se instalar em todos os novos centros de compras, sob pena de perda de visibilidade e de fatia de mercado. Diferentemente das âncoras (redes de grande porte que servem de chamariz de público), as satélites muitas vezes não têm condições financeiras para suportar uma operação de pouco (ou nenhum) retorno enquanto o novo shopping não se consolida. Por isso, o Conselho de Varejo tem se empenhado para encontrar soluções viáveis para os lojistas.
No caso de Foz do Iguaçu, os empreendedores entenderam que não fazia sentido construir mais dois shoppings em uma cidade já atendida por um centro de compras de 111 lojas. “O acordo foi muito difícil para nós, principalmente porque a empresa tinha interesse em Foz do Iguaçu havia muito tempo. Mas, depois de muitas horas de negociação, concluímos que seria melhor perdemos um pouco agora, favorecendo lojistas e consumidores”, disse Alfredo Khouri, diretor do grupo Catuaí. “A negociação foi difícil porque ambos os grupos já haviam feito fortes investimentos nas construções. Mas acreditamos que eventuais perdas podem ser compensadas no futuro. A decisão foi acertada. A sobreposição de shoppings acaba tirando a credibilidade do mercado e conseguimos evitar isso em Foz do Iguaçu”, afirmou o diretor do grupo Tacla-Palladium, Aníbal Tacla.
O novo shopping da cidade paranaense deve ter 226 lojas (15 âncoras), num espaço de 100 mil metros quadrados. O projeto do Tacla-Palladium foi o escolhido no acordo por estar em fase mais adiantada de construção. O shopping projetado pelo Catuaí teria 191 lojas, em área de 53 mil metros quadrados.
Veículo: Diário do Comércio - SP