Importação ganha mais espaço no consumo do País

Leia em 3min

Vivian Ito



Atividades de importação têm penetrado com força o mercado nacional. É o que indica o estudo de Coeficiente de Abertura Comercial da Confederação Nacional da Indústria (CNI), divulgado ontem. De acordo com o relatório, o coeficiente de importação da indústria atingiu 21,8% de maio a junho deste ano, enquanto o de exportação se manteve estável pelo segundo trimestre consecutivo com 19,2%.

O coeficiente é uma análise sobre o comportamento das atividades comerciais durante o trimestre. O indicador de exportação mostra a importância do mercado externo para a produção da indústria, medindo a relação entre produtos produzidos e exportados. Já o indicador de importação calcula a quantidade de artigos estrangeiros que são consumidos entre os brasileiros.

A penetração das importações no segundo trimestre teve o melhor índice desde 2007. Com relação ao mesmo período do ano anterior, a alta foi de 1,2 ponto percentual, enquanto as importações tiveram um crescimento de apenas 0,2%.

De acordo com o gerente executivo de Pesquisa e Competitividade da CNI, Renato da Fonseca, os indicadores mostram como a indústria nacional tem perdido espaço interno e externo. "O cenário é de baixa produtividade e revela o quanto o Brasil tem perdido espaço no mundo", disse.

Segundo Fonseca, o País possui problemas de exportação de produtos manufaturados e a crise na Argentina deverá influenciar diretamente o indicador, pois é um dos principais mercados que o Brasil possui.

Para ele, a tendência dos próximos trimestres é que os indicadores não mudem e que a valorização cambial acabe reforçando a queda das exportações.

O professor de Macroeconomia da Fipecafi, Celso Grisi, explica que um dos principais fatores que deprecia nosso mercado é a intervenção do governo na desvalorização cambial do real. "A indústria se encontra vulnerável. Mas, para reverter este papel precisamos que o Estado deixe de conter a desvalorização da moeda (real). Com a alta do dólar, conseguimos fazer com que as exportações aumentem e as importações diminuam. Conseguindo assim, ocupar o mercado externo e interno. Pois com uma valorização do dólar as importações ficarão mais caras e o empresário lucrará mais nas exportações", explica o professor.

"A recuperação do mercado poderia trazer o crescimento do PIB e da renda dos brasileiros, pois a balança comercial é atingida positivamente", conclui.

Além disso, o gerente da CNI acredita que outras medidas devem ser tomadas. "O País deve melhorar as questões relacionadas a competitividade. O empresário deve recuperar a confiança para investir em tecnologia e novas formas de produtividade. Enquanto tivermos o encarecimento da tributação e a falta de investimento em transporte e infraestrutura não conseguiremos reverter os indicadores", afirma.

"O fator cambial pode provocar variações a curto prazo, mas a mudança a longo prazo deve ser estrutural e isso só será realizado após as eleições", explicou o professor de finanças do Ibmec do Rio de Janeiro, Gilberto Braga.

Setores

As principais altas de exportação obtidas no trimestre foram dos setores de madeira, metalúrgica, couros e calçados, e celulose. E as baixas foram dos segmentos de outros equipamentos de transporte e fumos.

No comercio de importações, os maiores índices foram de produtos diversos, veículos automotores e da indústria metalúrgica. Já as quedas foram das categorias de outros equipamentos de transporte e de derivados de petróleo e outros biocombustíveis.

Na indústria de transformação, o coeficiente de exportação não registrou mudança pelo terceiro trimestre consecutivo, com 15,5%. Quanto ao coeficiente de penetração de importações, o indicador manteve crescimento e atingiu 20,3%.

Já na indústria extrativa, o índice de exportação se manteve estável e apresentou índice de 65,1% no segundo trimestre.



Veículo: DCI


Veja também

Produtores de feijão devem notificar Conab judicialmente

Nayara FigueiredoNo Paraná - principal estado produtor no Brasil - o feijão já chegou a ser comerci...

Veja mais
Cálculo do custo do frete vira nicho para atender e-commerce

Camila AbudAutomatizar o cálculo das condições de envio da mercadoria - preço, prazo e empre...

Veja mais
Trigo de fora do Mercosul terá taxação de 10%

SÃO PAULO - A importação de trigo dos países fora do Mercosul voltará a ser tarifada ...

Veja mais
Recálculo de aposentadoria será julgado em repercussão geral

Por Juliano Basile | De BrasíliaO Supremo Tribunal Federal (STF) adiou ontem o julgamento sobre a prática ...

Veja mais
Líder em bananas rejeita oferta de compra de empresas brasileiras

DE SÃO PAULO - A Chiquita Brands, maior produtora de bananas do mundo, rejeitou nesta quinta-feira (14) a propost...

Veja mais
Mercado de condomínios logísticos tem alta no segundo trimestre, diz consultoria

Mesmo com a desaceleração da economia, o mercado nacional de galpões logísticos fechou o seg...

Veja mais
A salvação da indústria têxtil está na tecnologia

Países que estão vendendo produtos têxteis mais baratos, inclusive para o Brasil, conseguiram aument...

Veja mais
Alimentos barateiam e reduzem IGP-10 em agosto, diz FGV

Os alimentos ficaram mais baratos no varejo em agosto e foram determinantes para a desaceleração do &Iacut...

Veja mais
Camex: importação de trigo voltará a ser tarifada em 10%

A importação de trigo dos países fora do Mercosul voltará a ser tarifada em 10%. A Câm...

Veja mais