Vendas online ganham reforço

Leia em 5min 50s

Com a popularização dos smartphones e o avanço das vendas realizadas por meio desses aparelhos no Brasil, as empresas de varejo online criam aplicativos e sites voltados a dispositivos móveis para ganhar força na briga por uma maior fatia do comércio eletrônico.

Líder de mercado e dona de sites como Americanas.com e Submarino, a B2W viu suas vendas por dispositivos móveis saltarem mais de 130% no ano passado, ritmo bem acima do crescimento de 28,25% de sua receita bruta, que totalizou R$ 6,96 bilhões em 2013.

O resultado reflete uma tendência vista no mercado brasileiro como um todo: de acordo com a empresa de pesquisas E-bit, as vendas efetuadas por meio de aparelhos móveis responderam por 4,8% do total movimentado no e-commerce no Brasil no mês de dezembro, enquanto em janeiro do ano passado essa participação era de 2,5%.

Enfrentando intensa competição na internet e buscando fisgar consumidores com hábitos cada vez mais móveis, as varejistas da web vêm elevando a aposta em novos aplicativos e páginas específicas para navegação via celular.

Com o lançamento de um aplicativo em março para reservas de última hora, a agência de viagens online Hotel Urbano espera quintuplicar as vendas móveis, que deverão atingir R$ 100 milhões neste ano, ou aproximadamente 12% do faturamento previsto pela companhia.

Para fazer o cliente do site migrar ou adicionar os aplicativos a seu hábito de navegação, as companhias adotam estratégias como oferecer promoções exclusivas para clientes móveis, como tem sido feito pela B2W.

Algumas varejistas que até recentemente só tinham site criaram uma página especial para acesso via smartphone, como a especializada em artigos esportivos Netshoes, que lançou a sua há menos de um mês. A empresa também pretende lançar um aplicativo para vendas por dispositivos móveis neste ano.

Mais celulares, mais vendas – Na visão de especialistas e executivos do setor, o que está ocorrendo agora é apenas o início de um processo de massificação das negociações por meio de smartphones no país, uma vez que a venda desses aparelhos subiu 123% no ano passado, para 35,6 milhões de unidades, de acordo com dados da consultoria IDC divulgados semana passado.

Na opinião do co-fundador do Hotel Urbano, João Ricardo Mendes, o crescente uso dos aparelhos no varejo online deverá provocar "uma revolução que cedo ou tarde vai chegar com força".

Para o vice-presidente de operações do Mercado Livre no Brasil, Stelleo Tolda, o forte crescimento das vendas por aparelhos móveis acontece porque até pouco tempo atrás essa base de clientes não existia. "Atualmente, mais de 15% do nosso volume de transações já está vindo de 'mobile'", disse.

O diretor-geral da E-bit, Pedro Guasti, afirmou que muitos consumidores que usavam os aparelhos apenas para pesquisar preços já estão mudando de comportamento. "Se você olha para mercados maduros e desenvolvidos, como os Estados Unidos, a participação de dispositivos móveis no faturamento do e-commerce já chega a 21%, na média", disse, prevendo que no Brasil esse percentual deverá se aproximar de 10% até o fim de 2015. "Se a loja não funcionar no dispositivo móvel, vai perder dinheiro para a concorrência", afirmou Guasti.

Para o diretor de tecnologia da Netshoes, Rodrigo Nasser, os investimentos no canal móvel também representam uma chance de impulsionar as vendas online sem necessidade de grandes desembolsos imediatos. "O Brasil não é mais como quatro, cinco anos atrás, quando era bem barato pagar por tráfego", disse o executivo, em referência aos custos crescentes de publicidade na internet.

De acordo com informação de Nasser, a palavra "tênis", que custava R$ 0,06 cada vez que clicada por um usuário num anúncio no Google há cerca de cinco anos, chegou a um pico de R$ 0,60 na metade do ano passado.

Como a Netshoes já vem investindo em dispositivos móveis desde 2007, emendou Nasser, o impacto da criação de um aplicativo, por exemplo, é diluído em sua estrutura de custos, mas representa um novo canal orgânico de vendas.

"A inteligência disso tudo está em como você alavanca vendas contínuas sem ter que pagar a mais por essas vendas", completou o executivo. Nasser ressaltou que a investida ganha importância num momento em que "a maioria das empresas de e-commerce no país trabalha de uma maneira mais racional, buscando mais rentabilidade".

Em meados do mês, a tribo da internet estará por aqui.

Depois da aprovação do Marco Civil da internet na Câmara Federal, os defensores da democratização e da maior segurança na rede já falam em um projeto ‘global’. Durante um encontro em São Paulo na semana passada, o Comitê Gestor da Internet (CGI.br) concluiu o texto que será apresentado no evento NETmundial, marcado para os dias 23 e 24 de abril na capital paulista.
 
Segundo o presidente do CGI, Demi Getschko, o conteúdo do projeto é inspirado no Decálogo do CGI.br, documento que descreve os princípios "para a governança e uso da internet no Brasil" e que serviu de base para a construção do Marco Civil da internet brasileiro. "A chance de criarmos uma legislação única para a internet é pequena", disse Getschko. "Por isso, estamos propondo uma versão mais simples do Decálogo."
 
Conselheiro e veterano da implementação da internet no Brasil, Getschko se encontrou com o deputado federal e relator do projeto brasileiro Alessandro Molon (PT-RJ) para debater os impactos econômicos da regulação na internet. Molon comemorou mais uma vez a aprovação do projeto na Câmara, e se disse confiante quanto à validação do texto no Senado. "Pedi para votarem antes da NETmundial. Fiz o apelo e encontrei boa acolhida", afirmou o deputado. Depois de três anos tramitando na Câmara, a expectativa é de que o projeto fique apenas 20 dias no Senado. "Mesmo que eles possam contribuir, o Marco Civil teria de voltar para a Câmara e aí seria impossível tê-lo em lei antes do evento."
 
Demi Getschko considerou "feliz" a mudança no texto do Marco Civil que diz que para casos de exceção ao princípio da neutralidade a Anatel e o CGI.br deverão ser consultados. Por sua vez, Rodrigo de la Parra, vice-presidente para América Latina da Icann, entidade que faz a gestão técnica da web nos EUA, chamou de "histórico" o momento pelo qual passa a internet no mundo hoje. "O modelo multissetorial do CGI é único no mundo; o Marco Civil, lei da maior importância, também é único. Juntos, mostram a maturidade do Brasil e, justificam o por que de o NETmundial acontecer aqui", disse.
 
Parra contou que a escolha do Brasil para sediar o evento - que tem entre seus objetivos, a definição de novas estruturas de governança para a internet - se deu após uma consulta à ONU, que nos considerou um bom anfitrião. "O Brasil hoje é visto como o intermediador de visões extremas que pedem a liberação geral ou a gestão por governos", disse. "A NETmundial é produto de um processo que deve seguir avançando. E a Icann estará lá."



Veículo: Diário do Comércio - SP


Veja também

Comércio de verde e amarelo para ganhar jogo dos lucros

Com proximidade da Copa do Mundo, lojas adotam cores do Brasil e multiplicam produtos para a torcida. De brinquedos e ad...

Veja mais
Drogarias vivem momento de transformação

O segmento de farmácias e drogarias brasileiro passa por um momento de transição. No passado, a ven...

Veja mais
Cesta básica registrou aumento em 16 capitais, apura o Dieese

O preço dos gêneros essenciais de alimentação da cesta básica aumentou em 16 das 18 ca...

Veja mais
Classes A e B devem manter nível de consumo

Enquanto os lojistas que trabalham para as classes popular e média vão sofrer mais diretamente os efeitos ...

Veja mais
Consumidor deve ficar atento à qualidade do chocolate para não ter dor de cabeça na Páscoa

Proximidade da Páscoa alerta para problemas com alimentos contaminados ou fora do prazo de validade. Consumidor p...

Veja mais
Preço da cesta básica cai em Belo Horizonte

No mês passado, a cesta foi comercializada por R$ 296,83O custo médio da cesta em Belo Horizonte apresentou...

Veja mais
Marketing é estratégia para ampliar venda durante jogos

As principais redes supermercadistas atuantes no mercado brasileiro começam a se movimentar para criar campanhas ...

Veja mais
Venda de TVs deve crescer 135% em maio e junho

O Walmart Brasil espera que a venda de televisores em maio e junho de 2014 cresça 135% em razão da Copa do...

Veja mais
Giro de produtos orgânicos cresce 36% no país

Com uma demanda cada vez maior por produtos relacionados a uma vida saudável, os negócios com a chancela o...

Veja mais