Consumidores alteram os hábitos de compras no Rio Grande do Sul

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Frequência de ida aos supermercados vem diminuindo no Estado nos últimos anos, segundo a Agas


Uma tendência começa a ser verificada nos supermercados do Rio Grande do Sul nos últimos anos. Cada vez mais, os consumidores estão diminuindo as suas idas aos estabelecimentos. De acordo com a Associação Gaúcha de Supermercados (Agas), a média de visitas vem caindo a cada temporada. Em 2011, os gaúchos fizeram, em geral, 6,3 visitas ao mês aos estabelecimentos. No ano seguinte, esse índice ficou em 6,2 idas mensais. Já em 2013, a média se estabeleceu em 6 visitas a cada 30 dias. 

Conforme os números da Agas, isso não significa uma diminuição nos valores gastos nas compras. Nesse período, inclusive, ocorreu uma movimentação no sentido contrário. Em 2011, o tíquete médio era de R$ 17,30 em cada visita. No ano seguinte, passou para R$ 18,10 e, em 2013, chegou a R$ 19,40. “As pessoas estão diminuindo a quantidade de visitas, por estarem muito atarefadas e estão buscando economizar tempo. Além disso, os deslocamentos dentro das cidades estão mais difíceis”, aponta o presidente da entidade, Antônio Cesa Longo.

A inflação ainda não influi no hábito de compras do consumidor gaúcho, na percepção de Longo. “O cliente, hoje em dia, está muito atento ao orçamento. Em alguns itens houve até diminuição de preços no ano passado, como o óleo de soja. E as lojas também sempre preparam promoções semanais. Com isso, talvez o cliente compre algo hoje que amanhã vai estar mais barato”, acredita o dirigente.

Mesmo assim, o preço dos alimentos subiu acima da inflação em 2013. Enquanto o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) evoluiu 5,91% em relação a 2012, a variação na cesta básica de Porto Alegre alcançou 11,83%, segundo o Dieese. Para comprar 13 itens de primeira necessidade, os porto-alegrenses precisam desembolsar R$ 329,18. Esse é o maior valor entre as 18 capitais analisadas pela instituição. No período, apenas duas cidades tiveram reajustes abaixo da inflação: Brasília (4,99%) e Goiânia (4,37%).

“Há algumas hipóteses para que Porto Alegre tenha a cesta mais cara. A nossa carne, por ser de exportação, possui mais qualidade e, por isso, é mais cara. Já os hortifrutigranjeiros, geralmente, vêm de outros estados e têm o custo do frete”, diz a economista do Dieese Daniela Sandi, responsável por realizar a pesquisa mensal dos preços da cesta básica na Capital. A especialista lembra que a alta de preços do ano passado ocorreu, principalmente, no primeiro semestre. A partir da segunda etapa do ano, a pressão desacelerou. Segundo Daniela, a tendência é que esse momento continue. Nesse sentido, a boa safra agrícola de 2014 contribui para isso.

Diante desse cenário, o consumidor precisa se adaptar à volatilidade. O presidente do Movimento das Donas de Casa e Consumidores do Estado (MDCC), Cláudio Ferreira, acredita que a elevação dos valores praticados nos estabelecimentos é um dos fatores para que o gaúcho tenha diluído suas compras em menos vezes. “Como a variação de preços está grande, as pessoas estão fazendo compras maiores, como forma de driblar a alta nos produtos de maior necessidade”, afirma.

O presidente do MDCC também estranha a diferença de preços praticados nas principais redes do Estado. No último levantamento realizado pela entidade, na Capital, em dezembro, uma lista de 25 artigos tinha diferença de 13% em quatro empresas. A relação, na ocasião, era mais cara no Big, onde custava R$ 147,43. Na sequência, apareceram Carrefour (R$ 138,09), Zaffari (R$ 136,31) e Nacional (R$ 130,81).

Seja para economizar tempo ou então driblar a alta de preços, os consumidores adotam diferentes estratégias em suas idas ao supermercado. A agente educadora do Estado Iva Fátima mantém, há 20 anos, o hábito de fazer um rancho mensal para suprir as principais necessidades da família. “Todo mês, escolho uma tarde para ir ao supermercado e fazer as compras. Só deixo para comprar verduras, carne e leite durante a semana”, sinaliza. Iva é a responsável por fazer compras que abasteçam um lar com cinco pessoas e quatro cachorros.

A consumidora acredita que concentrar a maior parte das compras em uma vez só ajuda a escapar da alta dos preços. “É um absurdo que a cesta básica dos gaúchos seja a mais cara do Brasil. Continuamos vivendo um cenário de inflação. Na realidade, a inflação nunca nos deixou”, acredita Iva.

Já a dona de casa Luísa Pezzi prefere realizar as compras uma vez por semana. Mesmo assim, sempre que vai ao supermercado, procura encher um carrinho grande de itens. “Com isso, consigo economizar e fugir um pouco da alta dos preços. Se eu economizo R$ 15,00 ou R$ 20,00, por exemplo, eu uso para comprar carne”, explica. Para fugir das elevações, Luísa diz que substitui alguns itens de marcas mais caras por outras mais baratas. “A gente sempre empurra daqui e empurra dali. E tem que recorrer às promoções”, recomenda.

Por outro lado, a dona de casa Helda Blank diz que é melhor comprar várias vezes durante a semana. “Quase todos os dias ando nos supermercados, faço compras duas ou três vezes por semana. Compro um pouco daqui, outro pouco dali. Sempre vou pesquisando os preços”, revela. Helda ressalta que sempre procura adquirir os alimentos e artigos de limpeza nos dias de promoções, o que, para ela, ajuda a escapar das oscilações dos valores praticados nas prateleiras e gôndolas.




Veículo: Jornal do Comércio - RS


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