Açúcar Guarani quer elevar capital; usinas buscam opções

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Os grandes grupos do setor sucroalcooleiro estão se movimentando para buscar injeção de capital e tentar sobreviver à turbulência da economia. O anúncio, ontem, de que a Açúcar Guarani - controlada pelo grupo francês Tereos - tem planos de aumentar capital, foi mais um sinal claro, na opinião de especialistas de mercado, de que, endividadas, essas companhias buscam outras alternativas de curto prazo para o crédito escasso e caro disponibilizado pelos bancos.

 

Outra saída para ganhar fôlego financeiro, além da que está sendo avaliada pela Guarani, é a busca por sócios, opções escolhidas pelo Grupo NovAmérica e pela Santelisa Vale. No caso da NovAmérica, as negociações avançaram agora em janeiro, no entanto, a empresa não forneceu mais detalhes. Entre as empresas que fizeram propostas à NovAmérica, estariam a Cosan S.A. e a ADM.

 

Segundo fontes ligadas ao setor, a Santelisa Vale teria sido procurada recentemente por empresas interessadas em avaliá-la, com o objetivo de associar-se, mas a usina não comenta o tema.

 

De acordo com comunicado divulgado ao mercado ontem, a Açúcar Guarani convocou o Conselho de Administração da Companhia, a pedido do controlador, para avaliar a proposta de aumento de capital no valor mínimo de R$ 193 milhões, integralmente garantido pelo acionista controlador, e valor máximo de R$ 309 milhões. O maior valor considera, de acordo com o comunicado, que o acionista controlador e os acionistas minoritários exercerão a totalidade de seus direitos de preferência na subscrição das novas ações. O preço de emissão indicativo é de R$ 2 por ação. O conselho debaterá a proposta no próximo dia 2 de fevereiro.

 

Para Peter Ho, analista da Corretora Planner, "o setor vai de mal a pior". Ho lembra que a Guarani tem grande parte de sua dívida em moeda estrangeira em um ano nebuloso no que diz respeito à comercialização dos derivados da cana. O preço baixo do petróleo ameaça a competitividade do etanol e não se sabe ainda o que esperar em relação aos reflexos da crise sobre a demanda por ambos os produtos, tanto do açúcar quanto do biocombustível.

 

"O que está claro com essa atitude [da Guarani] é que há demanda por crédito e não está fácil de conseguir. Talvez a companhia não queira optar por buscar recursos junto aos bancos, porque essa é a opção mais cara", avalia Fausto Gouveia, economista da Infra Asset Management. "Se a empresa já tentou os bancos e não conseguiu, e por isso está optando por aumentar capital, caso não atraia interessados, poderá enfrentar problemas financeiros", diz o economista.

 

Segundo dados divulgados em balanço mais recente, referentes ao segundo trimestre de 2008, a Guarani acumulava dívida de R$ 940,79 milhões em moeda estrangeira e R$ 113,91 milhões em moeda nacional, segundo dados fornecidos pela Planner. As empresas do setor ainda não divulgaram o resultado referente ao terceiro trimestre de 2008. "Acredito que os números deste endividamento devem oscilar em virtude da volatilidade do câmbio, já que no início de janeiro houve forte queda no dólar, porém ao longo do mês foi recuperando o valor, e dos vencimentos das dívidas de curto prazo", finaliza Ho.

 

O valor dos papéis das usinas de capital aberto responde ao cenário e perderam valor na BM&F Bovespa em janeiro. As ações da Cosan S.A. acumulam queda de 13,87% no mês, ontem fecharam valendo R$ 9,68; as da Guarani tiveram baixa de 4,76%, valiam R$ 2 ontem. Os papéis da São Martinho foram exceção e reagiram 14,62% no acumulado, para R$ 10,50. Para analistas, a empresa tem uma das governanças corporativas das mais respeitadas pelo mercado neste setor.

 

Veículo: DCI


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