Indústria de café solúvel amarga mais um ano de fraqueza

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A indústria brasileira de café solúvel amargou mais um ano de estagnação em suas exportações, tendência que se mantém há mais de uma década, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel (Abics). O Brasil, que dominava o mercado mundial do produto, perdeu em 2010 a liderança para a Índia.

Segundo o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), os embarques do produto cresceram apenas 0,3% em 2012, a 3,31 milhões de sacas - cerca de 1 milhão de sacas a menos que a Índia, diz a Abics. Já a receita avançou 3%, para US$ 672 milhões, puxada pela alta dos preços do café robusta, espécie utilizada na produção do solúvel. Em 2012, o robusta registrou valorização de 5,58% na bolsa de Londres, de acordo com o Valor Data.

O diretor-executivo da Abics, Roberto Ferreira Paulo, afirma que o desempenho das exportações brasileiras não é bom, considerando que o mercado global cresce, em média, 2,7% ao ano. Segundo ele, o solúvel é apontado como a "porta de entrada" para o consumo de café, principalmente em mercados como a China e ex-repúblicas soviéticas, por ser prático e mais econômico.

Para o representante, não há qualquer perspectiva de crescimento das exportações brasileiras nos próximos anos. Há mais de 40 anos, ressalta, não se abre uma nova fábrica de solúvel no país (hoje são sete).

A indústria teme perder ainda mais espaço lá fora, caso o país não ganhe competitividade. O maior impedimento, conforme Paulo, é o fato de o Brasil coibir a importação de café verde. O setor há anos pede o fim dos tributos sobre a importação da matéria-prima a ser industrializada e reexportada - o chamado "drawback". "A indústria de solúvel vai seguir na inércia enquanto não resolver a questão do drawback", afirma Maria Fernanda Brando, consultora da P&A Marketing Internacional.

A reivindicação de permitir a entrada de café de outros países é tão antiga quanto os problemas do setor, e não há nenhuma sinalização por parte do governo de que possa ser adotada, segundo o diretor-executivo da Abics.

Embora tenha crescido nos últimos anos, a produção de café robusta é insuficiente para atender a demanda das fábricas de solúvel, principalmente nos primeiros meses do ano. Diante da forte procura, o robusta no mercado interno está mais caro que o negociado no exterior.

Segundo a Abics, a demanda total pela variedade no Brasil é de aproximadamente 15 milhões de sacas, para uma produção estimada em apenas 12,5 milhões, de acordo com a estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para a safra 2012/13.

O setor enfrenta ainda barreiras comerciais, como a tarifa de importação de 9% imposta pela Rússia, grande comprador de café solúvel. O cenário deve se agravar ainda mais com a eliminação do Brasil do Sistema Geral de Preferências da União Europeia, no âmbito da Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento (Unctad). O SGP prevê tarifas mais baixas para produtos exportados por um grupo de países em desenvolvimento.

Finalmente, o mercado interno de café solúvel também apresenta um desempenho anêmico. No ano passado, o faturamento da indústria no mercado interno somou aproximadamente R$ 450 milhões, mesmo nível de 2011, e o consumo doméstico foi inferior a um milhão de sacas. Segundo Paulo, a demanda está estável "há muito tempo" e não passa de 5% do consumo total de café no país. "Não existe um esforço mercadológico por parte da indústria para incentivar o consumo", diz.



Veículo: Valor Econômico


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