Otimismo para contratar diminui, mostra FGV

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São Paulo - O Indicador Antecedente de Emprego (IAEmp), da Fundação Getulio Vargas, recuou em junho, pela segunda vez consecutiva, sinalizando que a recente crise política reduziu as intenções de contratações nos próximos meses.

 

O IAEmp mostrou redução de 2,4 pontos em junho, para 96,9 pontos. De acordo com a FGV, após essa segunda queda seguida, pela primeira vez neste ano o indicador de médias móveis trimestrais diminuiu (1,2 ponto).

 

Da mesma forma, o Indicador Coincidente de Desemprego (ICD) caiu 0,7 ponto em junho para 96,6 pontos. No ano, o indicador já cedeu sete pontos. O ICD capta a percepção das famílias brasileiras sobre o mercado de trabalho, sem refletir, por exemplo, a diminuição da procura de emprego motivada por desalento.

 

"Se observar a curva de evolução do indicador antecedente, o nível está alto. E o ICD cai de forma consistente. Assim existem duas mensagens, uma de que a queda do desemprego deve continuar ocorrendo [nos próximos meses]. Não existe um motivo para que tenha recuperação do desemprego. A outra é que o fundo do poço no caso do mercado de trabalho já chegou", avaliou ao DCI o pesquisador do FGV/Ibre e economista, Fernando de Holanda Barbosa Filho.

 

De acordo com os últimos dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e estatística (IBGE), a taxa de desocupação no Brasil apresentou retração no trimestre móvel encerrado em maio deste ano, na comparação com igual período de 2016, ao passar de 13,6% para 13,3%. Com relação ao trimestre imediatamente anterior, houve estabilidade.

 

Segundo Barbosa Filho, a crise que o atual governo passa - após as delações do dono da JBS, Joesly Batista - aumentou a incerteza na economia, e, desta forma, reduziu as expectativas quanto à contratação futura, "como pode ser visto na queda do ímpeto de contratação nos próximos três meses pela indústria". "O elevado nível do índice, no entanto, ainda reflete otimismo quanto ao futuro", ressalta o pesquisador.

 

De acordo com o economista, apesar do recuo do ICD estar de forma consistente, com as recentes diminuições da taxa de desemprego, "obviamente, uma possível perda da governabilidade por parte do governo, pode reverter esta tendência", diz ele.

 

Detalhes

 

De acordo com a FGV, no caso do IAEmp, cinco dos sete componentes variaram negativamente em junho. A maior contribuição individual para a queda foi dada pelo indicador que retrata o ímpeto de contratações na indústria nos três meses seguintes, com variação de -10,3 pontos em relação ao mês anterior.

 

As classes de renda que mais contribuíram para a queda do ICD foram as duas mais baixas: consumidores com renda familiar até R$ 2.100, cujo Indicador de Emprego (invertido) variou -3,6 pontos; e a faixa entre R$ 2.100 e R$ 4.800, com queda de 2,4 pontos.

 

Atualmente, existem 13,771 milhões de pessoas desempregadas em todo o País. O total de brasileiros com emprego, com ou sem carteira, somou 89,687 milhões até maio deste ano. Por outro lado, a renda média real do trabalhador foi de R$ 2.109, alta de 2,3% em relação a 2016, devido ao alívio na inflação.

 

 

Fonte: DCI São Paulo


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