Pequenas empresas do País esperam impactos da inflação para investir

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São Paulo - Apesar de mais otimistas, os proprietários de pequenos negócios ainda estão cautelosos e esperam pelos reflexos mais positivos da inflação na economia. A perspectiva é que, em meio à incerteza e à ociosidade, investimentos nos negócios venham apenas em 2019.

 

O Índice de Confiança do Pequeno e Médio Empresário (IC-PMN) do centro de estudos em negócios do Insper, com apoio do Santander, registrou 65,2 pontos (quanto mais próximo de 100, maior a confiança) para este terceiro trimestre, leve alta de 0,2% em relação ao observado de abril a junho.

 

De acordo com o professor e pesquisador responsável pelo indicador do Insper, Gino Olivares, o resultado sugere uma "estabilidade" na atividade econômica, reflexo do compasso de espera do pequeno e médio empresário.

 

"O mercado financeiro sofreu com o ambiente político, mas o impacto na economia real é bem menor", afirma Olivares. "Para esses empresários são outros fatores, como inflação e desemprego, que ditam o sentimento de confiança", disse ao DCI.

 

Ele reforça que, além da menor projeção de inflação para 2017 (3,8% contra os 4% de antes), os últimos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) também mostraram a segunda queda consecutiva no desemprego no mês de maio.

 

"São esses fatores que influenciam a tomada de decisão dos empresários e o que explica os números mais surpreendentes em relação a investimento", pondera Olivares.

 

Ainda segundo o Insper, a maioria (49,9%) dos empreendedores não pretendem investir em seus negócios nos próximos três meses. Em segundo lugar, porém, vem a alta intenção de expansão dos negócios, com 30,5% dos casos.

 

"É difícil falar um único fator de impacto porque a economia é dinâmica, mas é importante que os micro e pequenos empresários estejam cautelosos", avalia a economista-chefe do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), Marcela Kawauti.

 

"Este ano está melhor do que 2016, mas ainda não vimos uma recuperação sólida o suficiente. Esse cuidado a mais garante que nenhuma expectativa seja frustrada em um ambiente sem margem de manobra", acrescenta Kawauti.

 

Na mesma linha, o indicador de confiança do micro e pequeno empresário do SPC Brasil e Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), embora tenha recuado 5,8% em junho ante maio (de 49,8 pontos para 46,9 pontos), apresentou um aumento de 9,3% em relação a igual mês de 2016 (42,9 pontos).

 

"Seria melhor se não tivéssemos as questões políticas, mas isso ainda não impactou definitivamente a percepção dos pequenos empreendedores", pondera Olivares, e acrescenta que, como os benefícios da inflação e dos juros ainda não apareceram, "agora é esperar para ver o que vai acontecer".

 

"Farol baixo"

 

Ainda em relação às projeções para as micro e pequenas empresas, os especialistas entrevistados pelo DCI declaram que esse meio termo entre otimismo e cautela são porque o mercado não é completamente insensível ao noticiário doméstico e, caso a crise política se estenda, essa confiança pode, sim, ser abalada.

 

"Antes de estourar as delações em maio, a crença era que o segundo semestre traria o começo de melhora, mas quando o empresário enxerga que isso foi postergado pelo cenário político, a confiança acaba caindo", observa Kawauti, economista-chefe do SPC.

 

Tanto que, mesmo com o indicador do birô de crédito apontando que 53% dos entrevistados declaram que houve piora nos negócios, 41% ainda estão confiantes no futuro da economia e 40% acredita que seu faturamento irá crescer nos próximos seis meses.

 

Da outra ponta, o índice do Insper mostra que a categoria Empregados demonstrou o maior otimismo, com alta de 2,1% ao somar 58,13 pontos. Em seguida vieram Lucro (+1,3% para 69,9 pontos); Investimento (+0,8% para 61,7 pontos) e Faturamento (+0,6% para 70,8 pontos).

 

Além disso, quando separados por região, o indicador do Insper revela que a maior alta da confiança foi no Centro-Oeste (+4,7% para 67,8 pontos), enquanto Sudeste foi a única que demonstrou queda (-2,5%, para 64,1 pontos).

 

"A evolução do emprego e do investimento dão fôlego, mas o pequeno empresário ainda deve trabalhar com farol baixo, porque a recuperação, quando acontecer, não será exuberante", diz Olivares.

 

"Existem fatores positivos, mas ainda corremos o risco de começar o próximo emendando a crise política e o período de eleição presidencial. É difícil marcar data de recuperação", conclui Marcela, do SPC.

 

 

Fonte: DCI São Paulo

 

 


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