Produção industrial instável no 1º trimestre revela fragilidade do setor

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São Paulo - A produção industrial mostra sinais de reação, entretanto, analistas avaliam que ainda é prematuro estimar uma retomada consistente em 2017. O cenário político conturbado e o consumo ainda restrito são os principais riscos para a recuperação da indústria.

"Ainda não é possível afirmar que haverá uma retomada consistente da produção industrial nos próximos meses, pois faltam fundamentos para tanto", comenta o professor de finanças do Ibmec/RJ, Gilberto Braga.

 

Dados da Pesquisa Industrial Mensal (PIM), divulgada na quarta-feira (3) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que a produção nacional caiu 1,8% em março ante fevereiro, mas cresceu 1,1% sobre um ano antes. No primeiro trimestre de 2017, a atividade industrial acumulou alta de 0,6% em relação a igual período de 2016. Na comparação com os três últimos meses do ano passado, houve alta de 0,7%.

 

Braga pondera que os principais riscos que podem reverter essa trajetória de reação da indústria são o cenário político e a difícil situação de alguns dos principais Estados do País, como o Rio de Janeiro, o que tem pressionado o consumo.

 

O economista-chefe do Mitsubishi UFJ Financial Group (MUFG) no Brasil, Carlos Pedroso, acrescenta que a política de juros do Banco Central e a aprovação das reformas propostas pelo governo federal são essenciais para alavancar a indústria. "A confiança, tanto do consumidor quanto do empresário, é primordial para impulsionar a produção."

 

Ainda ontem, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) informou que o faturamento real do setor industrial cresceu 2,4% na passagem de fevereiro para março. No primeiro trimestre, entretanto, houve queda de 6,7% do indicador na comparação anual. A entidade aponta em relatório que "os dados da indústria alternam variações positivas e negativas, sem caracterizar ainda uma tendência de retomada da atividade".

 

O professor do Ibmec destaca que a produção industrial de abril ainda deve vir fraca diante do número de feriados e da greve geral. "Maio será um termômetro melhor para demonstrar o desempenho da indústria", pontua Braga.

O economista do MUFG salienta que, enquanto o consumo das famílias ainda estiver pressionado, a recomposição de estoques não será suficiente para impulsionar a produção industrial. "No varejo e na indústria, o nível de estoques mostra oscilação justamente porque não houve uma retomada consistente do consumo", pondera Pedroso.

 

Braga considera também que a queda disseminada da produção em março tornou o cenário nebuloso para fazer qualquer tipo de projeção. "Os grandes grupos da indústria ainda apresentam retração e seria prematuro traçar uma estimativa de recuperação", avalia ele.

 

Diante desse quadro, a perspectiva é que a utilização da capacidade instalada na indústria continue baixa. "A ociosidade deve permanecer elevada enquanto o consumo não melhorar consideravelmente, o que só deve acontecer a partir do último trimestre deste ano", calcula Pedroso.

 

Queda generalizada

Segundo o IBGE, a produção industrial recuou em 15 dos 24 ramos pesquisados na passagem de fevereiro para março. Os principais impactos negativos foram verificados em produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-23,8%) e coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-3,3%).

 

"O que chama atenção em março é a queda disseminada na maior parte dos segmentos pesquisados, especialmente bens duráveis como linha branca", avalia o gerente na coordenação de indústria do IBGE, André Macedo.

Na categoria de veículos automotores, reboques e carrocerias, a queda de 7,5% foi impactada pelos implementos rodoviários, segundo fontes do setor, já que principalmente a produção de automóveis está em trajetória de crescimento.

 

Entre os segmentos que apresentaram alta em março, o que teve maior destaque foi o de produtos alimentícios (+13%). "Este é um movimento natural quando a economia começa a mostrar sinais de reação", explica Pedroso.

 

 


Fonte: DCI - São Paulo


 


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