O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, que continuará à frente da instituição no segundo mandato de Dilma Rousseff, salientou que a instituição tem trabalhado para manter inflação sob controle e para que ela retorne à trajetória de convergência da meta de 4,5%. Ele admitiu que o patamar da inflação ainda está elevado em 12 meses, mas explicou, como já fez em outras ocasiões, que essa elevação decorre, em parte, de dois processos: o realinhamento dos preços domésticos com os internacionais e também o realinhamento dos administrados com livres.
"A política monetária deve se manter especialmente vigilante para conter efeitos de segunda ordem desses efeitos relativos, para evitar que ajustes se espalhem para o resto da economia", disse. Na semana que vem, o Comitê de Política Monetária (Copom) se reunirá para definir o rumo da taxa básica de juros, a Selic, atualmente em 11,25% ao ano.
Tombini disse que, desde setembro foi observada uma intensificação dos preços relativos, o que ajudou a tornar o balanço de risco para a inflação menos favorável. Por isso, a decisão, de acordo com ele, de elevar a taxa de juros em outubro, em 0,25 ponto percentual, o que surpreendeu o mercado financeiro. "O BC não será complacente com a inflação", garantiu, voltando a dizer que o trabalho da instituição agora é levá-la para convergir para o centro da meta dentro do horizonte relevante.
Tombini destacou que, nos últimos quatro anos, a instituição brasileira tem foco no monitoramento do sistema financeiro e que atua na prevenção de riscos. Ele enfatizou que o BC promoveu ajustes e saneamentos do sistema financeiro, sem a necessidade de utilização de recursos públicos.
O sistema financeiro nacional, de acordo com o presidente, tem baixos riscos, que as instituições estão protegidas das turbulências da economia internacional. Ele citou que as negociações de derivativos são monitoradas em tempo real pela instituição e enfatizou que todas as transações são monitoradas a todo momento pela autarquia.
"Testes de estresses promovidos pelo BC mostram que o sistema é sólido, seguro, bem provisionado e líqüido. O sistema financeiro é forte, sofisticado e efetivo", citou. Ele disse também que a supervisão brasileira obteve a mais alta correlação de práticas internacionais de acordo com FMI e o Bird.
Swap - Tombini sinalizou que a instituição não dará continuidade ao programa de swap cambial iniciado em agosto do ano passado e que tinha previsão de terminar no fim de 2014, podendo ser renovado mais uma vez, como já foi no fim do ano passado. "Entendemos que os estoques de derivativo cambiais ofertados já atendem de forma significativa à demanda por proteção cambial na economia", disse.
Tombini lembrou que os estoques de swap vêm sendo administrados em operações que são renovadas mensalmente. "Vencem quase que uniformemente ao longo dos próximos trimestres e devem continuar a ser renovados no futuro, observadas as condições de demanda", considerou.
O BC, continuou Tombini, também atua na regulação de liquidez do mercado à vista de dólares e oferecendo aos agentes financeiros linhas com compromissos de recompra. "Essas linhas são sazonalmente ativadas em períodos de final de ano", disse.
Para ele, o programa de swap cambial tem atingido "plenamente" seus objetivos. "Em funcionamento desde agosto de 2013, permitiu amortecer as oscilações da taxa de câmbio ao mesmo tempo que fornece proteção aos agentes econômicos." O volume ofertado até agora, de cerca de um pouco mais de US$ 100 bilhões, corresponde a menos de 30% das reservas internacionais do país.
Tombini fez questão de enfatizar que esses instrumentos não trazem comprometimento a esses ativos, uma vez que são liquidados em reais. "Além do mais os swaps acabam representando uma oportunidade de redução do custo de carregamento das reservas internacionais dentro de parâmetros de risco e retorno", considerou. "Essa situação não enseja de nossa parte qualquer necessidade no curto e médio prazo de reversão dessas posições", disse. (AE)
Veículo: Diário do Comércio - MG