Black Friday pode ajudar setor a minimizar prejuízos do ano

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Com expectativa de movimentar bilhões, nova data estimulou não apenas os varejistas virtuais como também os físicos, que entraram na disputa pelo consumidor para recuperar as vendas

 

 

 


Após um ano difícil para o varejo brasileiro, o Black Friday pode ser a última tentativa para o comércio minimizar os prejuízos devido ao baixo desempenho dos últimos meses. Para turbinar as vendas nesta data, foram feitos investimentos em logística e estoque.

"Você não recupera um ano de venda em um dia. Mas é inegável que é uma nova data que pode ter movimentação expressiva", explicou o presidente do conselho de comércio eletrônico da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), Pedro Guasti.

Também diretor da E-bit, consultoria especializada em comércio virtual, o executivo estima que as vendas sejam 56% maiores ante a data em 2013. Assim, o evento deverá movimentar R$ 1,2 bilhão apenas no e-commerce. Em 2011, o faturamento da Black Friday foi de R$ 100 milhões.

Com a promessa de preços baixos, que atraiu muitos consumidores anteriormente, redes tradicionais do varejo físico resolveram apostar na data com objetivo de incrementar as vendas, que perderam força nos últimos meses. "Em 2013, percebemos interesse pela data. O movimento foi sentido na publicidade e estimulou o comércio off-line a surfar nessa onda virtual", disse.

Com isso, a data ganha mais peso, uma vez que o varejo físico responde por 96% do comércio e só 4% das operações são virtuais.

Guasti afirmou que o Black Friday, em breve, pode se tornar a Black Week, se transformando na salvação da lavoura. "Ainda não temos como mensurar o real impacto do evento no ano", explica o especialista.

Adaptação


Diferentemente do que acontece nos Estados Unidos, onde os varejistas desovam os estoques para que lançamentos sejam feitos para o Natal, por aqui os empresários precisam se preparar.

Ampliar os estoques de algumas categorias e investir em logística estão entre as iniciativas das empresas para aproveitar a data, já que o bolso do consumidor está recheado com o pagamento do 13º salário.

"Depois dos eventos que levaram os consumidores a achar o evento uma fraude, as empresas estão empenhadas em acabar com essa imagem e lotaram os estoques para atender os clientes, sem frustar ninguém na hora da compra", disse a sócia fundadora da e-Vision Consulting Solange Oliveira.

Para auxiliar ainda mais o consumidor, o Procon de São Paulo criou um canal 24 horas para receber denúncias. As redes sociais - Facebook, Twitter e afins - também se tornaram aliadas na fiscalização da edição deste ano no País.

Mudança de hábito


Conforme o sócio diretor da consultoria Gouvêa de Souza (GS&MD), Van Beeck, tanto o varejo quanto o consumidor estão se programando melhor para data. Segundo ele, as grandes redes investiram, principalmente em logística, para atender a demanda, que este ano contará com uma fiscalização maior por parte dos clientes. "Esse será o maior Black Friday desde que o evento chegou ao País. A projeção é que o volume de vendas dobre na comparação com 2013".

Com a adesão de players que antes não participavam do evento, Beeck acredita que o movimento deve estimular a disputa por preços melhores entre as companhias. "Atuante no meio digital e físico, o consumidor irá procurar pelos preços mais baixos. Algo negativo para as redes, uma vez que elas não conseguirão fidelizar os clientes", argumentou.

Iniciante

Ao participar do Black Friday pela primeira vez, a Kalunga - varejista especializada nos suprimentos de informática, materiais para escritório e papelaria - aumentou pelo menos 20% os estoques máximos, para atender a demanda na data.

"Os clientes demandaram a nossa participação. No ano passado, quando não participamos do evento, o fluxo de visitas ao nosso site cresceu 40% e nas lojas físicas 20%", contou o gerente de e-commerce da companhia, Felipe Algazi.

Sem informar projeções de faturamento para o dia de hoje, o executivo acredita que os segmentos de papelaria para escritório e informáticas serão os mais procurados pelos consumidores. No total todas as 130 lojas da Kalunga, além da plataforma virtual contarão com descontos de até 45%.

De acordo com Algazi, os consumidores brasileiros estão mais propensos à compra na data e inclusive deixam de fazer compras na semana já pensando nos possíveis descontos que serão oferecidos. "Tem espaço para todas as categorias, desde eletrônicos, a produtos para casa e papelaria. O Black Friday é ótimo para as vendas".

Com investimentos em todas as lojas, a Kalunga irá seguir o padrão norte-americano e terá descontos apenas no dia de hoje. Com uma página exclusiva para as promoções, todos os itens contaram com um selo que mostrará o histórico dos preços, comprovando o desconto real da data.

Seguindo o mesmo modelo, a C&A - varejista de moda - também contará com descontos de 70% no dia de hoje. No total todas as 280 lojas da empresa participarão do evento.

Otimismo

Quem também se preparou e está otimista com a quarta edição da sexta-feira de descontos é a Centauro. Especializada em artigos esportivos a marca é veterana na ação. "Participamos desde a edição de 2012."

Indo na contramão de algumas empresas, a Centauro acredita na antecipação das compras de final de ano, mas sem atrapalhar o resultado da data sazonal. "Este ano cresceremos 20% no e-commerce e 67% em lojas físicas, sobre o mesmo evento ano passado."

A estratégia da empresa foi ofertar produtos distintos na operação virtual e na física. "A Centauro é referência em multicanalidade e adotou como estratégia oferecer produtos e descontos diferentes entre seus canais on e off-line, disponibilizando oportunidades exclusivas para as mais de 187 lojas físicas da rede, espalhadas em 22 estados e o Distrito Federal. Além das ofertas diferenciadas, os dez primeiros clientes de cada loja física nesta sexta-feira (28) ainda receberão mais 10% de desconto no valor total da compra."

On- line

Participante do Black Friday, na Privalia as apostas estão no frete grátis e descontos com até 70% de descontos. A previsão é que a companhia venda o dobro de produtos, quando comparado há um dia comum.

"Costumo dizer que participamos da data 365 dias no ano, uma vez que é impossível oferecer descontos com mais de 70%, como já fazemos. Nossas apostas estão em marcas sensacionais, com os melhores preços para o consumidor", diz CEO da empresa, Fabio Bonfá.



Veículo: DCI


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