BRASÍLIA - Após reunião com o ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria Geral da Presidência da República, e outros representantes do governo, o presidente da Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop), Nabil Sahyoun, afirmou que a orientação é que os centros comerciais fechem as portas quando houver risco de "rolezinhos" - encontros de jovens, em geral em grandes grupos, convocados pelas redes sociais.
Por outro lado, Sahyoun afirmou que foi discutida a necessidade de criação de centros de convivência para essa juventude e o governo federal se comprometeu a entrar em contato com governos estaduais e prefeituras para que espaços públicos ociosos - como fica o sambódromo de São Paulo na maior parte do ano - possam ser usados com essa finalidade.
Segundo ele, os últimos "rolezinhos" provocaram prejuízo de 25% ao faturamento mensal dos shoppings. Mesmo assim, Sahyoun garante que não haverá aumento de preços dos produtos aos consumidores como forma de compensação das perdas, já que a economia está sempre "pior no primeiro trimestre do ano" e é época de liquidações.
As convocações de jovens pelas redes sociais continuarão sendo monitoradas pelos shoppings, de acordo com Sahyoun, e a grande preocupação, tanto dos lojistas quanto do governo, é com a segurança na época da realização da Copa do Mundo. Segundo ele, há a convicção de que há "gente infiltrada" entre esses jovens para estimular cenas de violência, "quebradeira e bagunça".
"O que estamos pedindo é que seja buscada a prevenção. A busca de liminar [para fechar as portas dos shoppings] é muito mais para proteger quando tiver um chamamento pelas redes sociais", afirmou Sahyoun.
De acordo com o representante dos lojistas, o movimento nos 860 shopping centers do país é de cerca de 450 milhões de pessoas ao mês.
"Os shoppings continuarão abertos a grupos de jovens, sem nenhuma restrição, seja de luxo ou de periferia.(...) A preocupação é que não entrem em grande quantidade, para não criar constrangimento para quem está fazendo compras ou causar problemas de segurança", disse.
Sahyoun afirmou que a convocação nas redes sociais é o que caracteriza a realização dos "rolezinhos" e que não haverá restrição de entrada a grupos de estudantes, por exemplo, que recorrer às praças de alimentação após as aulas.
O representante da União Geral dos Trabalhadores (UGT), Ricardo Patah, reconheceu que as pessoas que hoje fazem a segurança dos shoppings não estão preparadas para esse novo fenômeno e precisam ser "capacitados" para isso. "Mas não podemos segregar ou impedir a entrada de jovens. Temos de ter a capacidade de interpretar os seus questionamentos", afirmou. Ele acredita que qualquer tipo de limitação de entrada de jovens vai piorar a situação.
Segundo Patah, com a volta às aulas, a realização desses encontros convocados pelas redes sociais vai se resolver naturalmente.
Por Raquel Ulhôa | Valor
Fonte: Valor Econômico (29.01.2014)