Boa parte dos cidadãos vira fiscal do seu próprio bolso no momento em que vai às compras. São rigorosos quando se trata de avaliar qualidade do produto, o nível de atendimento, os preços. Se essa fiscalização "leiga" já contribui para melhorar as relações de consumo, é possível imaginar os resultados de um batalhão de consumidores treinados para fiscalizar. É o que está fazendo o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), órgão do Ministério Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).
O processo de treinamento começa com funcionários do próprio Inmetro de vários Estados e vai se estender a consumidores de todo o país. Em abril, o sistema já deverá "estar de olho" em todas as redes de supermercado e a partir daí será aplicado também ao comércio e serviço em geral. "É a primeira vez que agentes da população são qualificados para fiscalizar", diz João Jornada, Presidente do Inmetro.
O programa foi lançado oficialmente durante o "Simpósio Brasileiro de Políticas Públicas para Comércio e Serviços", entre 12 e 13 de novembro em Brasília. Durante o evento, especialistas do ramo discutiram o futuro do comércio, logística e dos serviços do Brasil, dentro do MDIC.
Em uma etapa inicial serão treinadas cerca de 200 pessoas membros da rede de metodologia ligadas em qualidade do Inmetro em vários Estados. O passo seguinte será a seleção e treinamento de consumidores voluntários. "Trata-se de um projeto inédito", afirma Jornada. "O consumidor será o avaliador, mas previamente fará um curso de duas horas pela Internet. Além de se cadastrar, ele terá de responsabilizar pelo que diz e terá que ter conhecimentos básicos sobre o que irá avaliar e como irá avaliar", explica.
Para montar o curso e o projeto, o Inmetro se valeu do conhecimento que tem em acreditação e práticas de avaliações sofisticadas sobre produtos e processo. "Vamos usar tudo isso para que o consumidor possa, de uma maneira mais sistematizada e disciplinada, fazer ele próprio a avaliação", diz Jornada.
Qualquer consumidor pode participar, desde que se submeta a esse rápido treinamento. "Quando o consumidor credenciado entra no supermercado e indica o endereço do estabelecimento no seu smartphone, já se saberá em qual supermercado ele se encontra. A partir daí, ele irá avaliar cada item, detalhando seus atributos", explica.
O consumidor também irá se beneficiar desse banco de dados. Para isso basta que ele coloque o endereço do estabelecimento e imediatamente dará a avaliação do local, detalhando seus atributos. O programa começa com os supermercados e deverá estar implantado em todo o comércio e áreas de serviço até abril do próximo ano.
Por Rosangela Capozoli | Para o Valor, de São Paulo
Fonte: Valor Econômico (20.11.2013)