O Centro de Estudos e Debates Estratégicos (Cedes) da Câmara dos Deputados vai aprofundar estudos sobre a falta de investimentos para o capital empreendedor de micro, pequenas e médias empresas.
O presidente do Cedes, deputado Inocêncio de Oliveira (PR-PE), determinou que sejam feitos estudos urgentes para "desfazer as amarras burocráticas, tributárias e a falta de investimentos para alavancar o capital empreendedor para micro, pequenas e médias empresas, que anda a passos lentos no País".
Inocêncio acrescentou que "a pequena empresa que mais emprega não pode continuar abandonada".
Bolsa de valores
Em palestra promovida pelo Centro de Estudos nesta quarta-feira, o consultor legislativo Marcos Pineschi Teixeira ressaltou que embora 15 mil empresas de médio porte estejam prontas para receber investimentos, o Brasil possui apenas 350 empresas listadas na Bolsa de Valores. "Isto leva o Brasil a ter uma baixíssima produtividade. Com 200 milhões de habitantes, deveríamos estar produzindo não o PIB atual de US$ 2,3 trilhões, mas, para se igualar aos países europeus, US$ 7,1 trilhões."
Segundo o especialista, a produtividade brasileira é 330% inferior a americana. "O principal indutor desta situação é a falta de condições para incentivar o investimento empreendedor", ressaltou.
Em detalhada radiografia dos capitais empreendedores, também chamados de capitais de risco, no mundo e no Brasil, o consultor explicou que, no meio do século 20, quando o Brasil caminhava rápido para o processo da hiperinflação, das diversas moedas e planos econômicos, os Estados Unidos começaram a estimular o capital de risco, o que logo se espalhou por todo o país, chegou à Europa e ao Oriente.
Hoje os grandes polos do empreendedorismo estão no Vale do Silício (EUA), em Singapura e em Tel Aviv (Israel). "É enganosa a concepção de que a destinação de recursos governamentais para a expansão do empreendedorismo seja um objetivo menor do Estado. Ele provoca mudanças de grande magnitude na sociedade", salientou Pineschi.
Para o deputado Marcelo Castro (PMDB PI), "é ridículo termos apenas 350 empresas brasileiras na Bolsa de Valores", reagiu.
Na opinião do deputado José Humberto (PSD MG), relator do estudo sobre o Capital Empreendedor no Brasil, o passado inflacionário travou o progresso. "O capital corria para o pagamento seguro dos papeis do governo", observou.
Capital empreendedor
O capital empreendedor é direcionado a empresas de capital fechado por um gestor, que atua diretamente na empresa por um período para depois sair do negócio.
Uma forma muito utilizada no exterior é a colocação das ações da empresa na Bolsa de Valores, mas no Brasil a empresa precisa de um capital muito alto na bolsa. "E as dificuldades de gestão são inúmeras por questões trabalhistas, obrigação de publicação de balanço em grandes jornais em plena era da internet, falta de incentivo fiscal e tributário. Hoje estima-se que menos de 2% dos nossos investimentos vão para o capital de risco, mas assim mesmo acho que este dado está superestimado", observou o Pineschi, que é mestre em Economia e já atuou como consultor do Fundo Monetário Internacional, da Vale e do Banco Itaú.
O capital empreendedor pode viabilizar o desenvolvimento de novos produtos de forma que apresentem resultados comerciais. A garantia do investimento, neste caso, é a existência de um bom negócio, sustentado por uma inovação e conduzido por uma equipe competente. Os investidores ou fundos de investimentos participam do empreendimento por meio de aquisições de ações ou da compra de parte da empresa emergente.
Da Redação - RCA
Fonte: Agência Câmara Notícias (23.10.2013)