BRASÍLIA - A Confederação Nacional da Indústria (CNI) teme que "o governo volte atrás em algumas medidas tributárias, com o objetivo de aumentar a arrecadação", disse o gerente-executivo de Pesquisas da CNI, Renato da Fonseca. Tal medida poderia reverter a queda dos custos tributários observada no segundo trimestre de 2013 ante igual período de 2012.
O indicador relativo aos custos dos impostos para a indústria caiu 5,3% nessa comparação, de acordo com o Indicador de Custos Industriais (ICI) divulgado nesta sexta-feira pela CNI.
A redução mostra que as medidas empreendidas pelo governo nesse campo, como a desoneração da folha salarial para mais de 40 setores da economia "tiveram sucesso", avaliou Fonseca.
O ponto é importante porque junto com os custos de bens intermediários nacionais e de pessoal, o impacto da tributação é o que mais tem peso no ICI. Ou seja, os tributos são um dos principais fatores para calcular os custos da indústria.
O custo com pessoal, inclusive, foi o grande responsável pela alta do ICI no segundo trimestre de 2013 ante abril a junho de 2012 ao crescer 10,1%.
Se o indicador tivesse continuado a queda observada entre o fim de 2012 e o início de 2013, quando passou de 10,1% para 7,3%, "é provável que o ICI tivesse ficado estável", avaliou Fonseca.
Esse era, aliás, o comportamento esperado pelo economista. "Houve reversão nessa questão do custo de pessoal, mas estávamos esperando que ele viesse mais baixo, porque os aumentos salariais continuaram crescendo em termos reais, mas menos do que antes", disse o economista da CNI.
Ele não soube, porém, apontar a causa dessa aceleração nos custos com pessoal. "É preciso mais investigação", concluiu.
Por Lucas Marchesini | Valor
Fonte: Valor Econômico (06.09.2013)