Deputados divergem sobre efeitos de fusão entre Perdigão e Sadia

Leia em 2min 50s

Gilvandro Araújo, do Cade, deputado Roberto Santiago, presidente da Comissão de Defesa do Consumidor, e Wilson de Melo, da Brasil Foods.


Em meio à expectativa do julgamento do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) sobre a fusão entre a Perdigão e a Sadia, que pode ocorrer amanhã, deputados divergiram nesta terça-feira, em debate na Comissão de Defesa do Consumidor, sobre os efeitos da operação. Para Reguffe (PDT-DF), a fusão deverá gerar alta nos preços e fechamento de postos de trabalho. Já para Valdir Colatto (PMDB-SC), a operação pode fortalecer o mercado interno e aumentar o volume das exportações brasileiras.


A Brasil Foods foi criada em maio de 2009 com a compra pela Perdigão dos ativos da Sadia. Na época, a Sadia estava endividada. O processo até hoje não foi analisado pelo Cade. O julgamento começou em junho deste ano, mas foi suspenso por um pedido de vista após o voto do relator, Carlos Ragazzo, contra a fusão. Faltam ainda quatro votos para o término da votação.


Para Reguffe, o aumento dos preços aos consumidores é a “consequência natural” da fusão entre as empresas. “No segmento de massas, por exemplo, a Brasil Foods deve dominar 88% do mercado. No de carnes congeladas, 70%. Qualquer entendedor básico de economia sabe que , quando você concentra mercado, reduzindo a concorrência, aumenta o preço ao consumidor num ponto futuro.”, disse.


Já o vice-presidente de Assuntos Corporativos da Brasil Foods, Wilson de Melo, argumentou que a concentração de mercado é limitada a alguns produtos com pouca penetração no mercado nacional, como o de massas pré-prontas. Além disso, segundo ele, a concorrência existente hoje já é suficiente para barrar os preços. “Pode não haver concorrência hoje do mesmo tamanho da Brasil Foods, mas isso não significa que a concorrência atual não nos impeça de cometer erros em relação aos consumidores, como, por exemplo, subir os preços”, garantiu.


Empregos


O deputado Ivan Valente (Psol-SP), que junto com Reguffe requereu a reunião de hoje, lembrou também que a tendência é que a fusão gere demissões. “Essa é a prática em qualquer processo de fusão de empresas”, disse.
O deputado Leandro Vilela (PMDB-GO) discordou. Ele afirmou que o grupo vem gerando novos postos de trabalho. Segundo Wilson Neto, foram 6 mil novas vagas abertas em janeiro deste ano. “A situação atual é contrária. Temos até dificuldade em preencher esses postos”, afirmou. A Brasil Foods emprega hoje, direta e indiretamente, 320 mil pessoas.


Acordos


Nos últimos meses, o Cade e a Brasil Foods vêm realizando reuniões para acordar medidas que possam evitar a reprovação da fusão e um possível processo judicial. Entre as propostas da empresa, estão a venda de fábricas e centros de distribuição, e a alienação de marcas controladas pela companhia. A ideia é convencer o Cade de que as medidas vão fortalecer algum concorrente do setor alimentício no mercado interno.
O procurador-geral do conselho, Gilvandro Vasconcelos Araújo, que também participou do debate, defendeu o acordo entre a empresa e o órgão. “A decisão que saia de um consenso é sempre preferível. Contudo, qualquer que seja o acordo, deve-se ter em vista a efetivação de uma concorrência efetiva à Brasil Foods no País e a manutenção dos empregos atuais”, disse.


Fonte: Câmara dos Deputados (12.07.11)


Veja também

Quem reduzir consumo de energia terá bônus na conta, diz secretário

Bônus será para quem economizar 10% de energia com relação a 2020   O Brasil passa pel...

Veja mais
Confaz prorroga até 31 de dezembro a isenção de ICMS sobre transporte no enfrentamento à pandemia

Convênios prorrogados também amparam empresas, autorizando que os estados não exijam o imposto por d...

Veja mais
Mapa estabelece critérios de destinação do leite fora dos padrões

PORTARIA Nº 392, DE 9 DE SETEMBRO DE 2021   Estabelece os critérios de destinação do le...

Veja mais
Empresa não deve indenizar por oferecer descontos apenas a novos clientes

Não há vedação legal para que fornecedores de serviços ofereçam descontos apen...

Veja mais
Justiça do Trabalho é incompetente para execução das contribuições sociais destinadas a terceiros

A 9ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região (TRT/RJ), ao julgar um agravo de petiç&...

Veja mais
Corte Especial reafirma possibilidade de uso do agravo de instrumento contra decisão sobre competência

A Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça (STJ) acolheu embargos de divergência e reafirmou o entend...

Veja mais
Partidos questionam MP sobre remoção de conteúdo das redes sociais

Seis legendas buscam no STF a suspensão dos efeitos da norma assinada pelo chefe do Executivo federal.   O...

Veja mais
Consumo das famílias cresce 4,84% em julho, diz ABRAS

Cebola, batata e arroz foram os produtos com maiores quedas no período   O consumo das famílias bra...

Veja mais
Lei que prorroga tributos municipais na epidemia é constitucional, diz TJ-SP

Inexiste reserva de iniciativa de projetos de lei versando sobre matéria tributária, a teor do dispos...

Veja mais