Petrobrás reduz o preço do diesel em 10%; valor fica congelado por 15 dias

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Período deverá ser usado pelo governo para negociar uma solução definitiva com os caminhoneiros; rumos da paralisação só devem ser definidos nesta quinta-feira, 24

 

Após três dias de paralisação de caminhoneiros, que começaram a provocar situações de desabastecimento em todo o País, a Petrobrás anunciou uma redução de 10% nos preços do óleo diesel na refinaria e um congelamento desses preços por 15 dias. Os sucessivos aumentos do diesel desde o ano passado foram o motivo do protesto organizado pelos caminhoneiros.

 

O presidente da Petrobrás, Pedro Parente, fez questão de afirmar que a decisão foi tomada pela diretoria da empresa, e que é uma medida temporária, uma contribuição para evitar mais transtornos, e que não se cogita mudar o modelo de reajustes adotado pela estatal – que acompanha a cotação do petróleo no mercado internacional. 

 

Segundo o executivo, o prazo de 15 dias é suficiente para o governo negociar com os caminhoneiros. Passado o período, a companhia voltará à política anterior. “A atual política é mais acertada, porque o câmbio e as commodities mudam todo dia. São 15 dias para desanuviar o ambiente e para poder trabalhar”, disse o executivo. A redução de 10% significa que o preço do diesel na refinaria cai de R$ 2,3351 para R$ 2,1016.

 

Apesar da decisão, o presidente do Sindicato dos Caminhoneiros Autônomos do Distrito Federal, Edimar Rosa de Souza, disse que a greve deve continuar pelo menos até esta quinta-feira, 24, pela tarde. Para o dia, estão agendadas duas reuniões: às 10h, os presidentes de sindicatos e associações de caminhoneiros vão se reunir com a Confederação Nacional, em Brasília, para decidir se aceitam ou não a redução temporária de 10% no preço do diesel. Às 14h, os sindicalistas têm reunião na Casa Civil, com o ministro Eliseu Padilha.

 

Nesta quarta-feira, 23, representantes de 10 associações de caminhoneiros já tinham se reunido com o governo para discutir o assunto. Mas não houve acordo. O Planalto não apresentou uma proposta que fosse muito além de zerar a cobrança da Cide (uma tarifa que incide sobre os combustíveis), já anunciada na terça-feira. 

 

“O governo veio mais justificar a impossibilidade de atender às reivindicações da categoria”, disse após a reunião o presidente da Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA), Diumar Bueno. “Ele sentiu o peso do movimento, que está tomando conta do País, e jogamos a responsabilidade para eles, porque eles foram avisados há mais ou menos um mês.” .

 

Saída. Parente deixou claro que o governo precisa negociar uma solução definitiva para a questão. “A solução definitiva tem de ser gerada pelo governo. É importante que as partes tenham boa vontade. Essa não é uma solução definitiva.”

 

Para a empresa, o impacto estimado no caixa é de cerca de R$ 350 milhões, dinheiro que não será recuperado. Mas, um cálculo da empresa mostrava que, se os protestos continuarem e, no limite, as refinarias tiverem de ser paralisadas, as perdas chegariam a R$ 90 milhões por dia.

 

Para Adriano Pires, do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), o presidente da Petrobrás agiu de forma correta. “Isso mostra que o Pedro Parente entende muito de mercado e é um excelente estrategista. Ao congelar os preços por tempo determinado, não abre mão da independência da Petrobrás”, disse.

 

Mas, segundo Helder Queiroz, ex-diretor da ANP, a decisão foi política. “Por mais que a Petrobrás diga que não perdeu autonomia, de fato, houve um problema político, principalmente provocado pelo risco de falta de combustível, que levou a uma decisão no plano absolutamente da política.”

 

Fátima Laranjeira, O Estado de S.Paulo

 

Fonte: Estadão – 23/05/2018.

 


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