Novas regras para táxis entram hoje em vigor e desagradam a motoristas em SP

Leia em 4min 20s

As novas regras que entraram em vigor hoje (24) sobre serviços dos taxistas agradaram aos Consumidores pela possibilidade de opções de transporte com preços mais competitivos. Muitos já vêm adotando os serviços de concorrentes, como os do aplicativo Uber. Mas para os profissionais dos táxis comuns, no entanto, o assunto é polêmico.

De acordo com a portaria municipal, passam a valer a partir de hoje (24) tarifa e bandeirada igual para todos os tipos de táxi em circulação na cidade de São Paulo. Nesta equiparação, foi extinta a cobrança da tarifa intermunicipal cujo valor era equivalente a 50% a mais sobre a corrida. Os carros de luxo e os especiais – vermelho e branco –, que normalmente atendem em aeroportos, rodoviárias e hotéis, terão que fixar a mesma bandeirada inicial do táxi comum, de R$ 4,50.

 

Também passou a ser opcional a cobrança da Bandeira 2, em que o cliente paga 30% a mais do valor da corrida, no horário das 20h às 6h, nos dias úteis, domingos e feriados.

Para o presidente do Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores nas Empresas de Táxi no Estado de São Paulo (Simtetaxi-SP), Antônio Matias, no caso da tarifa cobrada em viagens entre as cidades, praticamente não haverá impacto. Segundo ele, há mais de um ano muitos taxistas já tinham deixado de considerar essa cobrança extra por causa da concorrência com os serviços de carros particulares.

 

“Tivemos, desde o início do ano, uma queda entre 40% e 50% no movimento de usuários, com a medida do prefeito Fernando Haddad, que colocou na praça mais de 5 mil carros [pretos], sem contar os do Uber”, disse ele.

Para o líder sindical, a prefeitura deveria ter feito consulta pública antes de tomar essa medida, como no caso da adoção do Uber. Matias defende a equiparação dos gastos, observando o custo de um carro de luxo e outros populares com despesas diferentes, mas que passaram a ter as mesmas receitas.

 

Revoltado, um dos taxistas procurados pela Agência Brasil se negou a conceder entrevista. Um colega dele, Carlos Gonçalves Lopes, de 68 anos, que atende na Praça Panamericana, no bairro de Pinheiros, bairro de classe média da zona oeste da cidade, afirmou que “não dá para trabalhar no prejuízo”.

Em outro local, o descontentamento era geral entre os taxistas. “Se você for verificar a nossa planilha, vai ver que o serviço da gente não está valendo nada”, disse João Carlos Linhares, de 61 anos, para quem tudo não passa de “pura política”.

 

Assim como ele, foram muitos os que saíram em disparada, dizendo que se trata de uma "concorrência desleal”, em referência aos carros particulares e aos serviços por aplicativos. A categoria argumenta que para ter a permissão de atender a clientela é necessário passar por vários procedimentos de inspeção e despesas, enquanto nada é exigido dos concorrentes.

Márcio Vinicius, 25 anos, que atende em um ponto do bairro da Vila Leopoldina, também avalia que o custo operacional coloca a categoria em desvantagem quando comparado ao sistema Uber. “Nós temos troca de pneu, troca de óleo e outros gastos que achatam os ganhos e que não os mesmos de um carro particular”.

 

No ramo há apenas há um mês e meio, Marcos Vinícius contou que entrou para a categoria por ter perdido o emprego. “Sempre trabalhei com tecnologia, na área de informática, e como fiquei desempregado, fui aconselhado por meu pai a pegar o carro do meu avô e fazer um teste”.

Os primeiros dias foi tudo muito bem, disse ele, mas agora, desabafa: “Vai de mal a pior. É só concorrência desleal”. Para o jovem taxista, o prefeito Fernando Haddad deveria limitar o número de veículos em serviço pelo aplicativo Uber. Caso contrário, justifica, “daqui a dois anos, vou chegar para minha filha e dizer olha esse carro branco a gente usava muito, hoje não usa mais”.

 

A estudante de tecnologia em construção civil, Clara Amorim, de 20 anos, residente em Guarulhos,município a leste da Grande São Paulo, informou que utiliza táxi toda a semana e defende que os taxistas deveriam oferecer aos clientes as mesmas vantagens encontradas pelos consumidores dos serviços do Uber.

“Eu moro em Guarulhos e se precisar pegar um táxi [de São Paulo] para voltar para casa de madrugada é um sufoco, a gente prefere Uber, porque está sendo mais econômico ultimamente. Para não morrer essa profissão, é melhor que os taxistas [da classe comum] se adaptem.”

 

José Carlos Motta, um ex-taxista de 52 anos, disse que ele e o filho universitário se tornaram clientes comuns do Uber. Ele acha que baratear as corridas pode significar um aumento da demanda e a consequente compensação das perdas sofridas tanto pelas novas opções de transporte quanto da ausência motivada pela crise econômica.”É interessante ter condições de pagamento mais barato”.

 

Edição: Maria Claudia

 

Marli Moreira – Repórter da Agência Brasil

 

 

Fonte: Agência Brasil (24.08.2016)


Veja também

Quem reduzir consumo de energia terá bônus na conta, diz secretário

Bônus será para quem economizar 10% de energia com relação a 2020   O Brasil passa pel...

Veja mais
Confaz prorroga até 31 de dezembro a isenção de ICMS sobre transporte no enfrentamento à pandemia

Convênios prorrogados também amparam empresas, autorizando que os estados não exijam o imposto por d...

Veja mais
Mapa estabelece critérios de destinação do leite fora dos padrões

PORTARIA Nº 392, DE 9 DE SETEMBRO DE 2021   Estabelece os critérios de destinação do le...

Veja mais
Empresa não deve indenizar por oferecer descontos apenas a novos clientes

Não há vedação legal para que fornecedores de serviços ofereçam descontos apen...

Veja mais
Justiça do Trabalho é incompetente para execução das contribuições sociais destinadas a terceiros

A 9ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região (TRT/RJ), ao julgar um agravo de petiç&...

Veja mais
Corte Especial reafirma possibilidade de uso do agravo de instrumento contra decisão sobre competência

A Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça (STJ) acolheu embargos de divergência e reafirmou o entend...

Veja mais
Partidos questionam MP sobre remoção de conteúdo das redes sociais

Seis legendas buscam no STF a suspensão dos efeitos da norma assinada pelo chefe do Executivo federal.   O...

Veja mais
Consumo das famílias cresce 4,84% em julho, diz ABRAS

Cebola, batata e arroz foram os produtos com maiores quedas no período   O consumo das famílias bra...

Veja mais
Lei que prorroga tributos municipais na epidemia é constitucional, diz TJ-SP

Inexiste reserva de iniciativa de projetos de lei versando sobre matéria tributária, a teor do dispos...

Veja mais