São Paulo - No Brasil, muito está sendo feito e ferramentas estão à mão de gestores que desejam produzir de forma sustentável. Apesar disso, muitos empresários ainda acreditam que auxiliar um programa social da região é suficiente.
Um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) divulgado no início de novembro estabelece que, sob hipótese alguma, o aquecimento da temperatura da Terra deve passar dos quatro graus até 2100. O documento, mais uma vez, enfatiza a importância da sustentabilidade, atualmente um objetivo global que mobiliza Organizações Não Governamentais (ONGs), empresas, governos e a sociedade em geral. Mas o conceito é muito mais amplo e engloba o ambientalmente correto, economicamente sustentável e socialmente responsável.
De acordo com a gerente de meio ambiente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Anícia Pio, é preciso ter uma "Agenda da Conformidade Ambiental", para orientar o empresário a tornar seu negócio mais sustentável. "Na Fiesp, orientamos os associados sobre a responsabilidade ambiental e social visando promover uma produção mais limpa", comenta a gerente.
Desafios diários
O desafio das empresas é saber como incorporar esse conceito ao seu dia a dia. Muitos pensam que sustentabilidade custa caro. Mas, essa é uma ideia que deve ser abandonada, pois a empresa pode perder competitividade para concorrentes preparados para atender ao anseio da sociedade por uma produção limpa e socialmente justa. Para a representante da Fiesp, "na maioria das vezes, medidas simples e que nada custam ajudam a empresa a inserir-se na modernidade".
Anícia diz que as grandes empresas multinacionais têm diretrizes de sustentabilidade que muitas vezes já vêm de seus países de origem. "Elas pedem que todos estejam certificados pelas normas ISO, o que, por si só, exige que toda a cadeia de fornecedores esteja preparada, incluindo as pequenas empresas", analisa.
Ainda de acordo com a representante da Fiesp, em outros países, como a Inglaterra, existe uma série de apoios governamentais visando orientar os pequenos empresários. "No Brasil, ainda não temos da parte do governo essa preocupação", analisa.
Ganhos sociais
Os ganhos ambientais diretos são o uso de menos matéria-prima, de energia, no processo de produção ou no descarte adequado de resíduos. De modo geral, uma empresa que se preocupa em minimizar a emissão de resíduos, que utiliza papel reciclado, que promove ações sociais, que promove o apoio à educação, à cultura e aos esportes, que recolhe material para reciclagem e reutilização, entre tantas outras práticas, se antecipa às demandas sociais e à própria fiscalização, eximindo-se de problemas futuros, além de permanecer próxima daqueles que irão consumir os seus produtos e serviços.
A relação ética com consumidores e fornecedores e a participação nas comunidades impactadas, faz com que a empresa também reforce sua cidadania. No geral, são todos ganhos sociais.
Anícia diz que estamos vivendo uma nova realidade, a sustentabilidade deu um passo à frente. "Hoje existem a produção e o consumo sustentáveis. A legislação mais recente, que criou, entre outras exigências, a logística reversa, mostra o quanto o conceito de sustentabilidade evoluiu", avalia a gerente da Fiesp.
O empresário deve conscientizar-se de que sua empresa não pode ser apenas uma máquina de ganhar dinheiro, mas uma organização que contribui para a qualidade de vida de toda a comunidade.
Medidas simples ajudam a empresa a se inserir na modernidade
Eunice Dornelles
Fonte: DCI (28.11.2014)