Debatedores pedem investimento em logística para aumentar competitividade do País

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Em audiência da Comissão de Desenvolvimento Econômico da Câmara dos Deputados, foram apontados diversos gargalos de infraestrutura que prejudicam a economia brasileira.


Atraso em obras, grandes distâncias entre o centro produtivo brasileiro e a saída para exportação, altos preços de fretes, precárias condições de estradas, congestionamento do setor aeroviário, poucas opções de hidrovias e construções de ferrovias em ritmo lento são consequências diretas de baixo investimento em infraestrutura logística no País.


Esse quadro, apresentado pelos participantes da audiência pública que debateu o assunto na Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio da Câmara dos Deputados nesta terça-feira (2), aumenta o chamado "custo Brasil", que é o conjunto de dificuldades estruturais, econômicas e burocráticas que encarecem os investimentos e atrapalham a competitividade dos produtos brasileiros.


Para os debatedores, a solução para garantir maior competitividade ao País e uma melhor mobilidade de pessoas e produtos é o investimento em logística e na integração de todos os modais de transporte.


Integração


O professor da Universidade Federal da Amazonas (Ufam) Antônio Jorge Cunha Campos Coordenou o Plano Brasil de Infraestrutura em Logística (PBLog) em parceria com o Conselho Federal de Administração (CFA) e afirmou na Comissão que, em muitos casos, é mais barato levar para São Paulo, por exemplo, produtos da Ásia do que aqueles produzidos na Zona Franca de Manaus. "Uma política para construção de uma infraestrutura vai dar condições para explorar novos mercados de forma social e ambientalmente correta", disse Campos.


O professor da Ufam explicou que a conclusão da BR-080, entre Manaus e Brasília, poderia integrar um dos maiores polos eletrônicos a todo o País, fazendo com que os produtos cheguem ao restante do Brasil com maior competitividade.


Segundo Aimberê Freitas, presidente do instituto que leva seu nome, o investimento na melhoria do sistema logístico deve priorizar a integração dos modais de transportes. Ele ressaltou que um dos projetos prioritários para conquistar mercados importantes como o caribenho e facilitar o acesso ao Oceânico Pacífico é a construção da ferrovia que ligaria Manaus a Georgetown (capital da Guiana). "Hoje, todo navio que vem do Pacífico passa pelo Amazonas e só chega a Manaus dez dias depois. Com a construção dessa ferrovia, o trajeto seria feito em apenas dois dias", explicou Freitas.


Investimentos


Já o diretor da Macrologística Ltda., Luiz Fernando Ferreira, afirmou que, para superar os gargalos em infraestrutura, o Brasil precisaria de um investimento da ordem de R$ 300 bilhões. "Se todos esses investimentos forem feitos, teríamos uma economia potencial de cerca de R$ 22 bilhões, por ano, nos custos da cadeia produtiva", disse Ferreira.
Para o analista de políticas e indústria da Confederação Nacional da Indústria (CNI) Matheus Braga, a Lei dos Portos (Lei 12.815/13) e a nova política de concessões de rodovias e ferrovias podem contribuir bastante para superar os gargalos da cadeia logística brasileira. Segundo ele, o novo marco regulatório dos portos permitiu que terminais privados operassem, mas, ainda assim, entre os maiores portos do mundo, o de Santos, por exemplo, ocupa apenas o 38º lugar. "Temos como ganhar mais espaço. Apesar do aumento do investimento no setor nos últimos anos, o Brasil precisaria de um investimento de 5% do PIB para a área de infraestrutura logística", defendeu Braga.


Eleições


A deputada Rebecca Garcia (PP-AM), que solicitou a audiência pública, afirmou que, apesar da previsão de R$ 133 bilhões em investimento na modernização do sistema de transporte no País, o setor ainda é carente de recursos.
De acordo com ela, após a audiência, a comissão encaminhará a todos os presidenciáveis documento sobre a realidade do setor para que assumam compromisso de investir e melhorar o sistema logístico brasileiro.
Reportagem - Luiz Gustavo Xavier


Edição - Marcos Rossi

 



Fonte: Agência Câmara Notícias (02.09.2014)


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