Dois indicadores divulgados nesta quarta-feira (27) mostram que as empresas brasileiras estão com dificuldade em pagar seus débitos.
O Indicador Serasa Experian de Inadimplência das Empresas registrou crescimento de 12,9% em julho deste ano, na comparação com junho, e de 11,4% em relação ao mesmo mês do ano passado.
Nesse indicador, os títulos protestados e os cheques sem fundos foram os principais responsáveis pela alta em julho, com variações positivas de 39,5% e 23,1%, respectivamente.
O valor médio dos cheques sem fundos, apurado pela Serasa Experian, no acumulado de janeiro a julho de 2014 foi de R$ 2.249,50, uma queda de 9,7% na comparação com o mesmo período do ano anterior. O valor médio das dívidas com os bancos também apresentou declínio de 1,8%, ficando em R$ 4.980,98.
Em outro índice, medido pelo SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito), a quantidade de empresas com dívidas em atraso cresceu 7,11% no mês de julho, na comparação com o mesmo período do ano passado.
Este é o quarto mês seguido em que o crescimento se mantém acima de 7%. Na passagem de junho para julho, os dados do SPC Brasil mostram que houve ligeira aceleração e o crescimento ficou em 0,37%.
Tanto os economistas da Serasa Experian quanto a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, veem no atual cenário de estagnação da economia e no aumento dos custos dos financiamentos, devido à elevação dos juros cobrados, as principais causas para a elevação da inadimplência entre as empresas.
Queda na confiança da indústria
Em agosto, pelo oitavo mês consecutivo, a confiança dos empresários da indústria da transformação recuou, de acordo com sondagem da FGV (Fundação Getulio Vargas).
O Índice de Confiança da Indústria caiu 1,2% na comparação com julho, indo de 84,4 pontos para 83,4 pontos. O índice manteve-se no menor patamar desde abril de 2009. Na comparação com agosto do ano passado, houve queda de 15,4%.
O recuo, segundo a FGV, deriva da combinação entre piora da avaliação atual e melhora das expectativas, aponta a FGV.
O Índice da Situação Atual recuou 3,6%, para 82,7 pontos, no menor nível desde março de 2009 enquanto o Índice de Expectativas aumentou 1,4%, para 84,1 pontos.
Em nota explicando o resultado, Aloisio Campelo Jr., superintendente adjunto de Ciclos Econômicos da FGV/Ibre, avalia que a ligeira melhora das expectativas é insuficiente para sinalizar uma inversão da tendência negativa observada no ano.
De acordo com a nota, a avaliação de Campelo é que "as previsões se tornaram mais favoráveis para a produção, com a normalização do número de dias úteis após o fim da Copa, mas, no horizonte de seis meses, o pessimismo continua aumentando".
O levantamento mostrou ainda que o Nível de Utilização da Capacidade Instalada registrou estabilidade entre julho e agosto, em 83,2%, permanecendo no menor patamar desde outubro de 2009.
Fonte: Folha de São Paulo (27.08.2014)