Primeiro, as vendas de smartphones deixaram para trás os celulares, no início do segundo semestre de 2013. Depois, ainda no ano passado, os tablets ultrapassaram notebooks e computadores de mesa como equipamentos mais vendidos no mercado brasileiro, onde 41 milhões de brasileiros acessam a internet pelo celular. Os números são claros. O mundo passa, com intensidade crescente, pela comunicação circulante pelo ar. Neste reino repleto de transformações de hábitos, os empresários tendem a seguir a onda. Migram os investimentos em computadores fixos e redes de internet por fios para as soluções wireless.
Os sistemas focados nas inovações propiciadas pelas telecomunicações móveis ganham impulso no varejo brasileiro, constata uma pesquisa realizada pela Motorola Solutions, com 300 empresas varejistas. O objetivo foi avaliar o nível de disseminação das tecnologias nos ambientes empresariais. Participaram, entre outros, representantes de lojas de departamentos, lojas de eletroeletrônicos, supermercados, drogarias e materiais de construção.
Ao mesmo tempo em que, do lado de fora do balcão, o consumidor já adotou smartphones e tablets como uma espécie de extensão do corpo, companhias de diferentes segmentos encaram o fato irreversível de que todos os processos de administração e produção estarão associados ao conceito de mobilidade. De trabalhadores administrativos e de chão de fábrica a vendedores, todos unidos pela internet das nuvens. Da comunicação com consumidores à realização de vendas pelo m-commerce, o comércio feito com o uso de tecnologias móveis, passando por compras e inventário de estoques, novos padrões de gestão assumem o comando dos negócios.
Segundo o diagnóstico, hoje, 94% dos varejistas reconhecem que as tecnologias móveis ajudam a reduzir custos. Mais de 98% dizem que o uso desses recursos permite melhorar a produtividade, enquanto 96% acreditam que o atendimento ao cliente também é impactado positivamente pelo uso dos novos recursos tecnológicos.
O consumidor nem percebe como recursos informatizados, geradores de hábitos novos, estão incorporados ao cotidiano. Praticamente não se imagina ver hoje, mesmo em cidades pequenas, algum mercadinho que utilize uma calculadora para fechar as compras do freguês. O estudo da Motorola salienta que 78% das empresas consultadas utilizam hoje sistemas leitores de códigos de barras na frente de caixas. Além disso, 49% adotaram coletores de dados para fazer inventários. O mesmo sistema tem a adesão de 45% das empresas em processos logísticos de distribuição de produtos.
Tendência - O varejo embarca, em condições mais favoráveis do que há alguns anos, na adoção de gerações atualizadas de tecnologia. O diagnóstico da Motorola destaca o reconhecimento crescente das tecnologias RFID - a sigla em inglês de Identificação por Radiofreqüência, método de identificação automática através de sinais de rádio, que recupera e armazena dados remotamente, utilizando dispositivos chamados de Tags RFID, um pequeno objeto, que pode ser colocado em uma pessoa, animal, produto ou documento.
Ele contém microchips de silício e um sistema de antena que possibilita a resposta aos sinais de rádio enviados por uma base transmissora. Entre as empresas consultadas, 49% pelo menos já ouviram falar sobre a tecnologia. Mas apenas 4,7% são usuárias. Para os fornecedores, as oportunidades estão no fato de que 36% pretendem implantar o recurso em suas atividades.
"A experimentação é crescente", diz Karina Rocha, assessora de soluções de negócios da Associação Brasileira de Automação (GS1 Brasil). Enquanto setores como o têxtil e de cafés especiais avaliam alternativas de aplicação, no atacado o uso se consolida. A executiva reconhece que a expansão ainda ocorre de forma lenta, dependente da queda de preços das tecnologias.
Hoje, as etiquetas por radiofreqüência são aplicadas, entre outras áreas do cotidiano, como sistema de pedágio automático, pagamento de transporte público com cartão, troca de conteúdo entre celulares utilizando somente a aproximação, acompanhamento de atletas em corridas de rua e controle de estoques automatizados.
Carlos Plácido Teixeira
Fonte: Diário do Comércio - MG (08.04.2014)