Novo chefe da Coca-Cola vai enfrentar queda de consumo

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A Coca-Cola vai promover seu diretor operacional, James Quincey, para o cargo de executivo-chefe, em substituição a Muhtar Kent, que há tempos estava no posto. A mudança será efetivada no ano que vem. A maior fabricante mundial de bebidas gaseificadas enfrenta pressões de ordem regulatória para reduzir o consumo de açúcar e a queda de demanda por refrigerantes nos Estados Unidos. Quincey, de 51 anos e originário de Liverpool, Inglaterra, galgou os escalões da Coca-Cola nas últimas duas décadas. Depois de chefiar suas divisões europeia e mexicana, foi promovido a presidente no ano passado e encarregado das operações.

 


Ao lado de Kent, ele encabeçou a venda da maioria das divisões de engarrafamento da empresa e aumentou seus lucros ao reduzir o tamanho das embalagens, como forma de combater o declínio no volume de consumo de refrigerantes. Kent continuará a atuar como presidente do conselho de administração da empresa, sediada em Atlanta. Os investidores aplaudiram a mudança, fazendo com que as ações da Coca-Cola tivessem alta de 2,7%, para US$ 42,09, na manhã de sexta-feira em Nova York.

 


Warren Buffett, um dos principais acionistas da Coca-Cola e fã autodeclarado da bebida mais conhecida da empresa, disse: "Conheço James e gosto dele, e acredito que a empresa fez um investimento inteligente em seu futuro ao escolhê-lo". Quincey, que fala espanhol fluentemente, enfrentará um mercado consumidor mundial difícil ao assumir o cargo de Kent, em maio do ano que vem. Os governos que combatem a epidemia de obesidade estão elevando os impostos a fim de estimular seus cidadãos a consumir menos calorias. Startups de alimentos e bebidas estão tendo muito mais facilidade de ingressar no mercado, porque conseguem alcançar os consumidores diretamente por meio da internet, e os modismos e as tendências da alimentação estão mudando rapidamente.

 


Quincey deixou claro que a Coca-Cola precisa explorar o mundo digital de forma mais agressiva, ressaltando a rápida transformação dos varejistas e restaurantes. "Da mesma maneira pela qual o iPhone não existia quando Muhtar se tornou executivo-chefe, quando eu comecei na Coca-Cola, 20 anos atrás, a maioria das empresas de internet não existiam. O que é absolutamente seguro é que há mais [coisas] que não sabemos do que [o que] sabemos. Temos de continuar relevantes", disse ele. Embora a empresa continue focada em bebidas, Quincey não descartou outras opções ao dizer que há muito o que fazer na área de bebidas "antes de entrar em coisas que vão além".

 


Analistas disseram que Kent, que se tornou executivo-chefe em meados da crise financeira de 2008, fez um bom trabalho à frente da Coca-Cola nos últimos oito anos. Sob sua liderança, a empresa lançou cerca de 1 mil produtos, aumentando sua carteira para os atuais 3,8 mil. Entre eles estão oito novas marcas, responsáveis por mais de US$ 1 bilhão em receita anual. A Coca-Cola vai controlar apenas 3% do capital de suas engarrafadoras quando tiver concluído seus planos de alienação, comparativamente com os 18% do ano passado.

 


A companhia disse que seu programa de corte de custos está em via de contabilizar uma economia de US$ 4 bilhões até 2019. O preço da ação da empresa aumentou 40% durante a gestão de Kent, contando-se aí um desdobramento de ações, enquanto o índice S&P 500 subiu 71%. Quincey engrossa o grande grupo de britânicos que comandam empresas americanas de produtos de consumo. Entre eles estão Steve Easterbrook, do McDonald's, e Ian Cook, da Colgate-Palmolive. Ele disse que dois fatores que influenciam sua liderança são seu amor pela história americana e a prática do esqui. "Quando está esquiando [...], se você não se inclinar para a frente e não for agressivo, não chegará a lugar nenhum", disse.

 

 

 

 

Fonte: Valor Economico


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