Ipea: renda dos mais pobres foi 32% maior que o habitual em agosto

Leia em 2min 50s

Cerca de 4,25 milhões de domicílios brasileiros, o equivalente a 6,2% dos lares, sobreviveram, em agosto, apenas com a renda do auxílio emergencial de R$ 600, pago pelo governo federal para enfrentar os efeitos econômicos da pandemia da covid-19. A proporção de domicílios exclusivamente dependentes do auxílio foi maior no Nordeste, ultrapassando os 13% no Piauí e na Bahia. Entre os domicílios mais pobres, os rendimentos atingiram 132% do que seriam com as rendas habituais em agosto. A ajuda financeira também foi suficiente para superar em 41% a perda da massa salarial entre as pessoas que permaneceram ocupadas.

 

Os resultados constam do estudo divulgado nesta terça-feira (29) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), intitulado Os efeitos da pandemia sobre os rendimentos do trabalho e o impacto do auxílio emergencial: os resultados dos microdados da PNAD Covid-19 de agosto, que utiliza dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

"O papel do auxílio emergencial na compensação da renda perdida em virtude da pandemia foi proporcionalmente maior do que no mês anterior", disse, em nota, o autor da pesquisa Sandro Sacchet.

 

Em comparação com o mês anterior, a redução da diferença entre a renda efetiva e a habitual foi generalizada. De modo geral, os trabalhadores receberam em agosto 89,4% dos rendimentos habituais (2,3 pontos percentuais acima de julho) - R$ 2.132 em média, contra uma renda habitual de R$ 2.384.

 

Já os trabalhadores do setor privado sem carteira assinada receberam 86,1% do habitual contra 85% no mês anterior. Trabalhadores do setor privado com carteira e funcionários públicos continuaram a receber, em média, 95% do rendimento habitual.A recuperação do nível de renda foi maior entre os trabalhadores por conta própria, que receberam em agosto 76% do que habitualmente recebiam, contra 72% em julho, alcançando rendimentos efetivos médios de R$ 1.486.

 

Ainda que tenham recuperado parcela mais significativa da perda salarial devido à pandemia, os que trabalham por conta própria continuam tendo um dos menores índices de renda efetiva. O estudo cita como exemplo os trabalhadores de tratamento de beleza e serviços pessoais que receberam em agosto apenas 68,6% da renda habitual, auferindo uma renda média de R$ 1.072. O resultado, porém, é melhor que o de julho, quando receberam 60% da renda habitual.

 

Outros grupos que sofreram muito com a pandemia, mas que apresentaram maior recuperação em seus rendimentos são os trabalhadores de atividades artísticas, esportivas e recreação (crescimento de 15% da renda); atividades imobiliárias (aumento de 20%); hospedagem (10,5%); serviços de alimentação (7,1%); e transporte de passageiros (7,3%).

 

Segundo o Ipea, os trabalhadores menos afetados pela pandemia estão na administração pública, na indústria extrativa, nos serviços de utilidade pública, na educação, em serviços financeiros e armazenamento, nos correios e nos serviços de entrega.

No Nordeste, a renda efetiva subiu de 86,7% do habitual em julho para 89,6% em agosto, enquanto o Centro-Oeste continua sendo a região menos impactada (91,8%).

 

Conforme o estudo, o efeito da pandemia continua mais severo entre os idosos (85,6%) e menor entre os mais jovens (90,8%), e o impacto foi menor entre aqueles com ensino médio ou superior (89% para trabalhadores com médio completo e 91,1% para aqueles com ensino superior).

 

 

Fonte: Agência Brasil

 


Veja também

Preços na indústria têm maior alta desde 2014: 3,28%

O Índice de Preços ao Produtor (IPP), que mede a inflação de produtos na saída das f&...

Veja mais
Confiança dos Serviços cresce 2,9 pontos em setembro, diz FGV

O Índice de Confiança de Serviços, medido pela Fundação Getulio Vargas (FGV), teve al...

Veja mais
Caixa paga hoje auxílio emergencial para 9,4 milhões de trabalhadores

A Caixa Econômica Federal paga hoje (28) mais uma parcela do Auxílio Emergencial a 9,4 milhões de tr...

Veja mais
Mercado financeiro aumenta projeção da inflação para 2,05%

A previsão do mercado financeiro para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA - a inf...

Veja mais
Confiança da indústria atinge maior nível desde janeiro de 2013

O Índice de Confiança da Indústria, medido pela Fundação Getulio Vargas (FGV), cresce...

Veja mais
IBGE: 3,4 milhões estavam afastados do trabalho no início setembro

A população ocupada entre 30 de agosto a 5 de setembro foi estimada em 82,3 milhões, desse total, 4...

Veja mais
Intenção de consumo das famílias volta a crescer após cinco quedas

A Intenção de Consumo das Famílias, medida pela Confederação Nacional do Comér...

Veja mais
Banco Central revisa estimativa de tombo do PIB em 2020 de 6,4% para 5%

O Banco Central (BC) revisou sua projeção para o tombo da economia brasileira em 2020 e passou a estimar u...

Veja mais
Banco Central projeta inflação de 2,1% para este ano

A inflação deve fechar em 2,1% este ano, segundo projeções publicadas no Relatório de...

Veja mais