Após coronavírus, OCDE reduz projeção para PIB global

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Os efeitos da epidemia de coronavírus em todo o mundo fez com que a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) reduzisse a previsão de crescimento da economia mundial para 2020 em 0,5 ponto percentual, passando a projetar uma expansão de 2,4% para o PIB global. Em novembro, a estimativa era de 2,9%. Para o Brasil, a previsão foi mantida em1,7%, mas o governo já estima impacto em 2020.

As novas previsões, divulgadas nesta segunda-feira pela OCDE, consideram como cenário o pico de contágio pela gripe na China no primeiro trimestre deste ano e, em outros países, uma “expansão moderada e contida” do Covid-19.

Se concretizado, será o crescimento mais fraco em uma década, com impacto maior que o Sars, doença também causada por um coronavírus que retirou cerca de 0,4% do crescimento global em 2002.

Em um cenário mais pessimista e pandêmico, com o surto mais intenso e espalhado amplamente por toda a região Ásia-Pacífico, Europa e América do Norte a OCDE estima que o PIB global pode cair para 1,5%, metade da taxa projetada antes do surto. Com isso, países da Zona do Euro, como Itália, Alemanha e França, além do Japão poderiam entrar em recessão.

Segundo a instituição mundial, conhecida como “o clube dos países ricos”, o impacto na confiança do mercado financeiro, os efeitos das interrupção das viagens e do fornecimento de suprimento nas cadeias produtivas contribuem para revisão em baixa em praticamente todas as economias, em particular a China, Japão, Coréia e Austrália.

O relatório narra que já há uma demanda final mais fraca por bens e serviços importados, além de declínios no turismo internacional e nas viagens de negócios.

Dados divulgados na semana passada mostram que o resultado da atividade indústrial na China já chega a ser pior do que os sentidos para o setor durante a crise financeira global de 2008.

Efeito prolongado

Segundo o estudo, mesmo que o pico do surto seja de curta duração, com uma recuperação gradual da produção e da demanda nos próximos meses, ainda exercerá um impacto substancial sobre o crescimento global, já em desaceleração.

Dos 19 países acompanhados pelo estudo, apenas Brasil e Arábia Saudita não tiveram a redução de PIB reduzida na edição de março. As perspectivas para a China, por exemplo, foram revisadas para 4,9%, ante 5,7% em novembro. Já a economia da Itália, origem da contaminação dos dois casos confirmados no Brasil, deverá terminar o ano com a economia estagnada.

Com o impacto global, o crescimento negativo mundial deverá se concretizar no primeiro trimestre deste ano, segundo a OCDE. Uma recuperação só deverá ser sentida a partir de abril, caso o cenário mais otimista se confirme.

A instituição internacional destaca que os governos não devem medir esforços para conter o vírus, citando a necessidade de gastos adicionais em saúde. Também é elencada a necessidade de medidas para amortecer os efeitos adversos do surto em grupos sociais mais vulneráveis, como transferências e benefícios.

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Para a OCDE, as políticas macroeconômicas “incitadoras” podem ajudar a restaurar a confiança e a demanda global, como uma flexibilização por meio de estímulos fiscais e cortes nas taxas de juros.

Trata-se de alternativas que já eram sugeridas antes da crise do coronavírus, por conta de desaceleração global em curso, mas que seguem reiteradas no relatório, agora para amenizar o impacto da queda na oferta e na demanda da economia por conta do problema de saúde.

No domingo, o ministro da Economia da Itália, Roberto Gualtieri, anunciou a injeção de € 3,6 bilhões (R$ 17,8 bilhões), o equivalente a a 0,2% do PIB do país, para mitigar os efeitos econômicos do surto no país.

No entanto, no caso do Brasil, em virtude do elevado déficit orçamentário, o relatório cita que a recuperação econômica exigirá um impacto positivo das reformas e apoio à política monetária, caso a inflação diminua. Medidas estruturais que aumentem a confiança dos investidores também são citadas como alternativas a serem adotadas domesticamente.

“Políticas macroeconômicas de apoio podem ajudar a restaurar a confiança e ajudar na recuperação da demanda à medida que os surtos de vírus diminuem, mas não podem compensar as interrupções imediatas que resultam da aplicação forçada paradas e restrições de viagem”, ressalta a instituição.

Caso os efeitos do surto de vírus desapareçam, como esperado, o impacto na confiança e das políticas de estímulo adotadas economias podem ajudar o crescimento global do PIB se recuperar, atingindo 3% em 2021, segundo estimativa da OCDE. Para isso, outros riscos, como a guerra comercial e uma acentuada desaceleração chinesa, teriam que estar contidos. 

 

Fonte: O Globo            


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