Prévia do PIB mostra que otimismo ainda não resultou em crescimento

Leia em 3min 40s

O início do governo do presidente Jair Bolsonaro foi marcado por otimismo. A equipe econÒmica do ministro da Economia, Paulo Guedes, era celebrada pelo mercado. O presidente, por sua vez, dava algumas amostras que poderia sair dos discursos extremados e seguir o caminho do centro. Não à toa, naquele mês, o crescimento econÒmico esperado para 2020 era de 2,5%. Um ano depois, veio a confirmação da realidade.


O IBC-Br, calculado pelo Banco Central e considerado uma espécie de prévia do resultado do PIB, apresentou crescimento de apenas 0,89%. O resultado de dezembro foi de queda de 0,27%, em comparação ao mês de novembro (que, aliás, teve resultado revisado de crescimento de 0,18% para queda de 0,11%). Entre os principais motivos para essa queda mensal estão a redução de 0,7% na produção industrial, de 0,1% no varejo e de 0,4% em serviços.


Esses dados negativos já eram esperados pelo mercado e eles servem com uma espécie de choque de realidade para 2020. Assim como aconteceu no início do ano passado, havia bancos e consultorias apostando em crescimento de 2,5% a 3%. O coronavírus, que já matou por volta de 1.500 pessoas, foi o primeiro baque para a redução. Agora, a confirmação de que a economia sequer seguiu uma tendência de alta mês a mês.
"Isso mostra que o mercado precisa ter moderação. Quem estava esperando uma retomada forte em 2020, está precisando revisar os números para baixo", diz Sérgio Vale, economista-chefe da consultoria MB Associados. Vale crê em um crescimento de 2% para 2020, enquanto o Boletim Focus tem uma mediana de 2,3%. Para 2019, o Focus espera um resultado de 1,12% (ante 2,5% em janeiro de 2019 e 1,17% há um mês).


Mas há motivos para otimismo?


O Brasil está entrando no terceiro ano com crescimento de cerca de 1%. Trata-se de um resultado irrelevante para um país desenvolvido e péssimo para um emergente, como é o caso. Porém, alguns resultados mostram que um certo otimismo é até explicável.
Na comparação trimestral ano a ano, o quarto trimestre do ano passado não foi dos piores: alta de 1,4% em relação ao mesmo período de 2018. É exatamente o dobro do valor registrado entre julho e setembro. "Ainda é baixo, mas estamos caminhando para uma média melhor do que em 2019", diz Vale.
A consultoria 4E também acredita que os resultados mostram uma tendência positiva. "Para 2020, a expectativa é de que a atividade econÒmica acelere, tendo em vista a melhora da confiança de consumidores e empresários via avanços na agenda de reformas e do impacto positivo advindo do afrouxamento monetário", afirmou em nota para os clientes.


De novo, no entanto, é preciso moderação. Em janeiro, no entanto, o Índice de Confiança do Consumidor (ICC), medido pela Fundação Getulio Vargas, recuou 1,2 ponto e ficou nos 90,4 pontos (em uma escala de zero a 200). Ou seja, os consumidores ainda estão pessimistas. Os pontos que mais influenciaram a queda foram a intenção de comprar bens duráveis nos próximos meses e a percepção sobre a situação financeira da família.
Em evento da Amcham, realizado nesta sexta 14, o economista Luiz Carlos Mendonça de Barros aponta que outros pontos para otimismo são a queda da taxa Selic ao mínimo histórico (4,25%) e que os problemas fiscais serão resolvidos com uma política econÒmica que olha o longo prazo.


"Temos uma taxa de juros, que as vezes faz até eu me beliscar pela manhã. Temos uma recuperação econÒmica com problemas fiscais, assim como temos problemas no mercado de trabalho, mas serão resolvidos", afirma Mendonça de Barros.
E assim o otimismo segue, mas é bom deixar o alerta ligado. Outro bom exemplo é a taxa de desocupação. No quarto trimestre, a taxa registrou 11% de pessoas desocupadas, ante 11,8% no trimestre anterior. Ao mesmo tempo, a taxa de informalidade alcançou o maior nível desde 2016: 41,1%. A cada 1,8 milhão de pessoas que retomaram as atividades no ano passado, 1 milhão foram na condição de informais.
Ou seja, menos segurança na renda dos brasileiros, assim como menos impostos para o governo que segue em situação fiscal complicada. Que o otimismo de 2020 se concretize em dezembro. 

 

Fonte: Exame 


Veja também

Analistas do mercado baixam estimativa de inflação para 2020 e veem alta menor do PIB

Os economistas do mercado financeiro reduziram a estimativa de inflação para este ano e também pass...

Veja mais
Revisão de aposentadorias pode gerar custo de R$ 46,4 bi

A revisão de aposentadorias considerando todos os salários do trabalhador, mesmo os anteriores a julho de ...

Veja mais
Prévia do PIB registra crescimento de 0,89% em 2019, diz Banco Central

A economia brasileira teve crescimento de 0,89% em 2019, aponta o Índice de Atividade EconÒmica do Banco C...

Veja mais
Fux adia julgamento contra tabela do frete

O ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu na quinta-feira adiar mais uma vez o julgamento das a&cc...

Veja mais
Alta já pesa no bolso

Apesar de nova intervenção do Banco Central que provocou recuo na cotação do dólar on...

Veja mais
Boa Vista: índice que mede movimento do comércio no País cresce 1% em janeiro

O índice que mede o comportamento do comércio varejista no Brasil apresentou alta de 1% em janeiro na comp...

Veja mais
Preço da ceta básica varia até 100% em supermercados

O preço da cesta básica de alimentos varia entre R$69,90 e R$ 139,90, diferença de 100%. Em consult...

Veja mais
’Prévia’ do PIB do Banco Central indica que economia brasileira cresceu 0,89% em 2019

O Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) do Banco Central, considerado uma "prévia" do resultado do ...

Veja mais
IBGE: abate de bovinos cai e de suínos e frangos sobe no trimestre

O abate de bovinos no último trimestre do ano passado caiu 1,8%, com um total de 8,04 milhões de cabe&cced...

Veja mais