A inflação de novembro, divulgada nesta sexta-feira (6) pelo IBGE, aciona o sinal de alerta sobre qual deve ser a decisão do Banco Central na semana que vem sobre a taxa de juros.
Isoladamente, o IPCA de 0,51% não deveria ter tanto peso na análise do processo inflacionário pelo Comitê de Política Monetária, o Copom. Mas há outros fatores em jogo.
Na reunião do dia 30 de outubro, o Copom informou que "o cenário benigno para a inflação prospectiva" deveria permitir um corte adicional de 0,5 ponto percentual na taxa básica de juros.
Mas, ao mesmo tempo, o comitê ressaltou: "a comunicação dessa avaliação não restringe suas próximas decisões e enfatiza que os próximos passos da política monetária continuarão dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação".
Ou seja, claramente o Banco Central não se comprometeu a sacramentar a redução da taxa de juros para 4,5% na reunião da quarta-feira (11) da semana que vem. Tudo dependeria da evolução, desde a reunião de outubro, de vários fatores, inclusive de expectativas de inflação.
Outras questões, no entanto, serão ponderadas. O dólar continua pressionado, mas o que mais pode pesar é o ritmo da atividade econômica, que vai se mostrando mais forte a cada dado divulgado sobre a economia real.
O maior efeito da redução da taxa de juros dos últimos três anos, que saiu de 14,25% ao ano para os 5% atuais, ainda está por vir.
É verdade que o salto do IPCA de novembro não significa a retomada de um processo inflacionário, uma contaminação perigosa do sistema de preços. Apenas um item, a carne, que subiu em média 8,09% ,teve peso de 0,22 ponto percentual. Ou seja, quase metade da inflação do mês.
Seja qual for a decisão do Copom na semana que vem (reduzir ou manter a taxa de juros), certamente ela exigirá de seus integrantes uma discussão muito mais complexa do que aparentava ser até dias atrás, quando a percepção geral era que o corte da Selic para 4,5% seria confirmado sem causar polêmicas.
Fonte: G1