Comércio espera faturar R$ 3,6 bilhões com a Black Friday

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Uma enxurrada de promoções está assediando, durante todo novembro, o consumidor que deve receber o 13° salário no fim do mês ou sacar os R$ 500 das contas ativas ou inativas do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) antes mesmo do dia tradicional, na última sexta-feira do mês. As ofertas vão de vinho a automóveis, mas é preciso ficar atento se os descontos são mesmo verdadeiros.

 

Segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), a Black Friday deve movimentar R$ 3,67 bilhões no país e alcançar o maior faturamento em uma década. Se confirmada a previsão de faturamento, representará um aumento de 10,5% em relação a 2018, com crescimento real das vendas em comparação com o mesmo período do ano passado de 6,8%. Segundo o economista da CNC Fabio Bentes, um dos motivos para a expansão do faturamento é a elevação das vendas no comércio eletrônico.

 

Outros fatores que fazem as projeções serem tão otimistas são a inflação baixa, com a menor variação no acumulado em 12 meses até outubro, e a expansão na demanda por crédito. “O volume de concessão de crédito tomado pelas famílias teve, de janeiro a setembro deste ano, a maior alta em termos reais desde 2012”, destacou Bentes, da CNC.

 

O site Busca Descontos, que iniciou o Black Friday no Brasil, registrou que as promoções, ofertas e descontos devem chegar a quase 90% dos setores. O idealizador da página na internet, Ricardo Bove, explicou que o faturamento da Black Friday vem crescendo ano a ano, desde quando o evento foi lançado no Brasil. “Depois de um crescimento mais moderado durante a crise, hoje, ainda que a economia não esteja totalmente recuperada e com turbulências políticas, há uma maior confiança para gastar, inclusive por conta de compras represadas nos períodos de recessão”, ressaltou.

 

Os produtos de maior valor agregado são os que têm mais descontos e são mais visados pelos consumidores. Em 2019, o segmento de eletroeletrônicos e utilidades domésticas deverá ser o principal destaque, com previsão de movimentação financeira de R$ 929,4 milhões, de acordo com a CNC. Eletrônicos representa 37% da procura, seguido de eletrodomésticos, com 36%, e televisores, com 29%. Itens de informática são alvo de 24% da procura e móveis e decoração, 22%.

 

Para não perder a oportunidade de economizar, muitos consumidores pretendem utilizar as parcelas recebidas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e do 13º salário para as compras. Segundo o resultado da pesquisa Black Friday 2019, realizada pelo Méliuz, uma startup brasileira, 79% das pessoas garantem que vão comprar ao menos um item na data. A pesquisa também prevê que a maioria dos consumidores devem gastar até R$ 3 mil.

 

A professora Ingrid dos Anjos, de 32 anos, está animada e aproveitando a todo vapor as promoções oferecidas na Black Friday com os recursos do FGTS e do 13º. Comprou uma televisão e, ainda pretende adquirir uma geladeira e uma máquina de lavar roupas. “Nos eletroeletrônicos, há descontos que são oferecidos em outras épocas”, comentou. Ao usar os recursos extras, Ingrid garante que evita o endividamento. “Meus gastos ficariam comprometidos se eu não fosse organizada. Faço poucas prestações e fico com as contas em dia, sem me endividar.”

 

A fisioterapeuta Fátima Cristina, 65, no entanto, foge das promoções de fim de ano e, especialmente, da Black Friday. “Eu acho que o desconto não é real. Acredito que eles sempre aumentem antecipadamente os preços para poder tirar proveito do cliente”, justificou.

 

O  coordenador do MBA de Gestão Financeira da Fundação Getulio Vargas (FGV), Ricardo Teixeira, alertou que o consumidor precisa ter cuidado para não se endividar. Para ele, a prioridade do FGTS e do 13º salário deve ser pagar as dívidas. Teixeira recomentou que é necessário estabelecer um limite de gastos para que a compra não comprometa o orçamento. “As promoções são desenvolvidas para nos atrair, as pessoas costumam ser facilmente seduzidas por parcelas aparentemente baratas, sem levar em consideração o custo adicional embutido nos pagamentos mensais que elevam o preço final”, explicou.

 

Apesar de muitas empresas oferecerem descontos significativos, há quem tente enganar os consumidores com falsas promoções, como suspeita Fátima Cristina. Na edição do ano passado, mais de 5 mil reclamações chegaram ao Procon. Grande parte das queixas estava relacionada com propagandas enganosas (34,23%). De todas as ofertas e promoções feitas na data em 2018, apenas 59% eram confiáveis, de acordo com levantamento da Promobit, plataforma especializada em descontos.

 

* Estagiários sob a supervisão de Simone Kafruni

 

Como surgiu

 

Em sua origem nos Estados Unidos, a Black Friday ocorre sempre na última sexta-feira do mês de novembro, no dia seguinte ao feriado do Dia de Ação de Graças, marcando o início da temporada de compras do Natal. Por lá, existe somente um único dia de descontos expressivos, os clientes fazem fila do lado de fora dos estabelecimentos antes dos mesmo abrirem as portas. No Brasil, a data surgiu em 2010. Desde então, se consolidou como a quinta data mais importante para o setor, atrás do Natal, Dia das Mães, Dia das Crianças e Dia dos Pais. No país, no entanto, as promoções não se concentram num único dia. Alguns estabelecimentos antecipam e estendem os descontos.

 

Dicas

 

Saiba como aproveitr muito mais a época e as promoções da Black Friday

 

» Realize um planejamento do que se pretende comprar,

isso evita o gasto excessivo.

» Pesquise os preços dos produtos, compare os valores e os aumentos ocorridos.

» Assine as newsletters das lojas escolhidas para aproveitar

um desconto adiantado.

» Se atente para as políticas de troca e devolução,

especificadas no ato da compra.

» Verifique a confiabilidade da marca do produto e da loja que o vende.

» Ao receber um e-mail com uma oferta, cheque se ele é real.

» Fique atento à segurança de seus dados pessoais

no momento de comprar.

» Fique de olho no relógio e se adiante para produtos

que foram anunciados com desconto expressivo.

» Evite fazer compras online através de redes Wi-Fi públicas,

e sempre que possível, utilize um cartão virtual.

» Mantenha uma senha segura, além de sistema operacional, antivírus e navegadores atualizados em todos os seus dispositivos.

 

Fonte: Correio Braziliense

 


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