Preço do boi recua 5% nos primeiros dias de dezembro com pressão de consumidores

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O preço da arroba do boi gordo recuou 5,14% nos primeiros dias de dezembro, com duas baixas seguidas após máximas históricas no Brasil, com as cotações sendo pressionadas por consumidores que estão buscando opções de carne mais barata, informou nesta terça-feira (3) o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da USP (Cepea).

 

A cotação no mercado físico paulista apresentou recuo de 3,67%, a R$ 219,45 por arroba (equivalente a 15 kg), segundo indicador Esalq/B3, apurado pelo Cepea.

 

Na segunda-feira (2), o preço da arroba caiu 1,53%, após máxima histórica de 231,35 reais no último dia útil de novembro, acumulando alta de 35,5% no mês passado.

 

"Quando tem alta muito brusca do preço, no boi gordo e na carne, tem que olhar a outra ponta, principalmente o mercado consumidor interno. Ele se assustou, é natural, e tem proteínas mais baratas, então realmente tem um efeito da demanda e da renda também", explicou o analista do Cepea Thiago de Carvalho.

 

Ele citou que os consumidores receberam a primeira parcela do décimo terceiro, que a economia está melhorando, mas como o preço subiu muito, isso segurou o consumo.

 

"O preço alto do boi reduz margem para o frigorífico e para o varejo. A carne da classe A e B continua com margem, mas a classe C e D quer preço, e essa alta assusta. Tem dono de lanchonete que cogita tirar o coxão mole do cardápio", completou.

 

Para a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, o mercado de boi gordo já apresenta sinais de redução após máximas históricas recentes e deve se normalizar em breve para o consumidor.

 

"Quero tranquilizar todos vocês. Tivemos uma conjuntura momentânea de seca, falta de pasto e abertura de mercados, mas agora o preço da carne deve se estabilizar", disse Tereza, em reunião da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva de Carne Bovina, segundo nota do ministério.

 

Para a ministra, o setor passa por um momento de transição, mas não há risco de falta de proteína animal no país.

 

No acumulado de 2019 até novembro, o Brasil teve exportações de quase 1,7 milhão de toneladas, alta de 13% ante mesmo período do ano passado, de acordo com dados do governo citados pela Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo).

 

"Posso garantir a vocês não haverá falta de proteína... Vamos aguardar esse momento. Podem ter certeza que vamos continuar a ter o melhor produto nas nossas mesas... e ainda podemos mandar para o resto do mundo", disse Tereza, adicionando que o setor possui oportunidades para ampliar seus negócios.

 

Exportações devem ficar aceleradas

Segundo estimativas do Rabobank, em 2020 a produção de carne bovina do Brasil deve avançar para 10,45 milhões de toneladas em 2020, ante 10,1 milhões de toneladas em 2019, enquanto as exportações da proteína tendem a crescer em 10,6%, para 2,39 milhões de toneladas.

 

De acordo com a Abrafrigo, haverá continuidade na forte demanda da China e perspectivas positivas com Rússia, Estados Unidos e Indonésia.

 

Para a associação, as vendas para o mercado externo são o principal fator positivo para o segmento em 2020, uma vez que o mercado interno tende a permanecer em patamares semelhantes aos vistos em 2019.

 

Em nota, a Abrafrigo afirmou prever para o próximo ano um crescimento de cerca de 10% nos embarques do produto em relação a 2019, ano no qual o acumulado indica 1,7 milhão de toneladas exportadas até novembro --alta de 13% versus 2018.

 

"(Esperamos que) volte os EUA, que a Rússia habilite mais plantas, que comecem a aparecer bons números da Indonésia... Estamos otimistas, as exportações estão crescendo", disse o presidente da Abrafrigo, Péricles Salazar, ponderando que a concretização do avanço "depende do cenário internacional".

 

O Brasil se vê em um impasse para exportar o produto aos EUA, que no início de novembro pediram mais informações e mantiveram um veto ao produto in natura, enquanto a Rússia tem habilitado plantas gradualmente e a Indonésia autorizou compras da carne brasileira em agosto.

 

Ainda assim, o grande impulso continua vindo da China, cujas aquisições de proteínas dispararam em 2019, quando surtos de peste suína africana dizimaram a enorme criação de porcos do país.

 

No acumulado do ano, segundo dados da Abrafrigo, o mercado chinês, incluindo Hong Kong, absorveu 42,2% de toda a carne bovina vendida ao exterior pelo Brasil, ou cerca de 727 mil toneladas.

Perguntado se os expressivos crescimentos podem ser colocados apenas na conta do país asiático, Salazar foi enfático: "principalmente China".

 

 

Fonte: G1

 

 

 

 


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