Cadeia do leite se adapta para garantir produto nas prateleiras

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A cadeia produtiva do leite está trabalhando para manter o mercado abastecido. Até o momento, foram poucas as interferências que prejudicaram a captação do leite no campo em Minas Gerais. De acordo com representantes das indústrias e dos pecuaristas, hoje, os trabalhos estão sendo desempenhados normalmente e algumas medidas vêm sendo adotadas para que não falte o produto.

Em relação aos preços a serem praticados, os setores divergem. Enquanto a indústria espera um recuo, em função da tendência de queda de consumo, o setor primário acredita na valorização do leite, uma vez que os custos de produção no campo estão altos, a oferta é limitada e haverá incentivos do governo para a manutenção da renda, o que pode sustentar consumo.

De acordo com o presidente do Sindicato das Indústrias de Laticínios do Estado de Minas Gerais (Silemg), José Antônio Bernardes, devido ao isolamento social para conter o avanço do novo coronavírus, nas primeiras duas semanas de isolamento, houve grande demanda por leite UHT, o que elevou os preços do mesmo na hora dos supermercados reabastecerem os estoques.

Não foi possível medir a alta nos valores praticados no Estado, mas, diante das condições atuais, Bernardes acredita que a tendência para frente é de que os preços retomem os patamares praticados antes da crise provocada pelo coronavírus. Isso porque, segundo a indústria, a estimativa é de queda no consumo, provocada pelo fechamento de diversos estabelecimentos de alimentação e também pela queda da renda da população.

No mesmo período, produtos de maior valor agregado, como os queijos, tiveram redução da demanda e as indústrias passaram a destinar o leite para outros segmentos que têm maior consumo, evitando a perda da matéria-prima e garantindo o abastecimento.

“Sabemos da importância da indústria láctea no atual momento e estamos trabalhando para manter o abastecimento do mercado com leite e derivados. Tivemos alguns problemas, com algumas pequenas empresas suspendendo a produção, mas redirecionamos este produto para outros laticínios. As indústrias estão operando dentro da normalidade tanto na logística de captação como de distribuição. Também tomamos medidas para proteger os funcionários. A demanda pelos queijos, principalmente os finos, está menor e o volume que antes era destinado à fabricação desses produtos foi remanejado”, explica.

Em relação aos preços, avaliando o cenário atual, Bernardes acredita que haverá uma queda de consumo e de preços devido à parada de várias empresas, indústrias e de profissionais liberais, fatores que devem promover a descapitalização das famílias.

“A retração de consumo leva consequências para todos os setores da economia, estamos tentando mitigar essa situação, pois sabemos que o leite é essencial e básico na alimentação. Apesar de estarmos no início da entressafra de leite, que no Estado reduz em cerca de 15% a produção quando comparado com o pico e tende a elevar os preços, se tiver uma queda de consumo, evidente que haverá uma redução dos valores do leite”, explicou Bernardes.

Entressafra – A produção no campo também está seguindo dentro da normalidade para o período. De acordo com o analista de agronegócio da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), Wallisson Lara, a tendência é de que a produção, devido ao início da entressafra, fique menor. Devido à margem achatada e ao aumento dos custos, desde o início do ano, a captação de leite segue caindo no Estado, o que limita a oferta e amplia a concorrência entre os laticínios, sustentando a alta dos preços.

Ainda conforme Lara, a previsão de pagamento de abono do governo federal para os autônomos vai contribuir para a manutenção do consumo.

“Nós estamos vivenciando um momento muito atípico, com os custos de produção elevados em função da desvalorização do real frente ao dólar, o que favorece a exportação de milho e soja, que são usados na alimentação do rebanho. Também temos uma previsão de estoques de milho baixos. Por isso, o produtor está trabalhando com patamar elevado de custo e margem achatada. Isso já vem refletindo na captação, que está em queda. Estamos na entrada do período de entressafra, quando ocorre a diminuição da produção primária e pode haver maior desequilíbrio entre a demanda e a oferta e manter os preços elevados”, diz.

Ainda segundo Lara, nas últimas semanas, também foi verificada alta nos preços do leite para os supermercados. O valor do leite em pó foi reajustado em cerca de 15%. O produto responde por 46% do mix estadual. Essa valorização também contribui para a sustentação dos preços pagos aos produtores em níveis mais elevados.

Queijos – Entre as dificuldades enfrentadas por produtores existem complicações que estão impactando de forma negativa na comercialização de queijos, como o fechamento de bares, restaurantes e interdição de algumas rodovias.

Para evitar prejuízos maiores para os produtores, a Faemg e a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) estão trabalhando em um canal de venda direto para os supermercados. Com a iniciativa, é esperado minimizar os impactos na venda do queijo. Além disso, produtores também estão pensando em reduzir a produção para evitar prejuízos. 

 

Fonte: Diário do Comércio 


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