Por um setor mais forte

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Por: Fábio de Lima


João Sanzovo estará à frente da Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS) no biênio 2017/2018. O acionista da rede Jaú Serve, da cidade de Jaú (SP) – graduado em administração de empresas pela Fundação Getulio Vargas (FGV) e pós-graduado em marketing – terá a tarefa de defender os interesses do setor supermercadista brasileiro em um momento em que o país ainda tenta se recuperar da crise político-econômica. Sanzovo traz em sua bagagem a experiência de ter sido presidente da Associação Paulista de Supermercados (APAS) entre os anos de 2006 e 2010.


Em entrevista exclusiva à SuperVarejo, o empresário analisa os principais desafios que enfrentará em sua gestão e a importância da união do setor supermercadista em âmbito nacional, além da urgência de reformas trabalhista, tributária e previdenciária.


O que o senhor analisa como principais desafios que enfrentará em sua gestão?


O Brasil ainda vive um momento político-econômico difícil. Isso está refletindo em todos os setores da economia, inclusive no supermercadista. O nosso maior desafio é continuar aumentando nossas vendas, investindo e gerando empregos, mesmo com esse cenário.


O ano de 2017 será de muita esperança para o país e todos almejam a retomada do crescimento. Mas ainda existem muitos desafios e os empresários supermercadistas sabem das dificuldades que temos para mantermos nossas lojas funcionando, diariamente, com competitividade e evitando perdas.


É possível já listar as prioridades?


Sim. Dentre as demandas principais da nossa pauta, para o ano que vem, estão: a aprovação da Lei do Trabalho Intermitente, que tem potencial para criar mais de 3,1 milhões de empregos; a simplificação tributária; a modernização das leis trabalhistas e o reconhecimento dos supermercados como atividade essencial. E, para isso, trabalharemos junto ao governo federal, por meio da Frente Parlamentar Mista em Defesa do Comércio, Serviços e Empreendedorismo [Frente CSE], em parceria com a União Nacional de Entidades de Comércio e Serviços [Unecs].


De que forma o setor supermercadista paulista pode ajudá-lo nesses desafios?


O setor supermercadista do estado de São Paulo tem grande força e representatividade no país. Isso se deve muito ao trabalho da da APAS. Para alcançarmos os objetivos listados, precisamos nos alinhar com todos os setores (municipal, estadual e federal), e, por isso, o apoio das nossas associações de supermercados de todo o Brasil é fundamental. A APAS é uma importante ponte entre a ABRAS e os empresários e governantes de São Paulo. Nossa gestão será pautada também no fortalecimento da união das 27 associações filiadas à ABRAS e, por meio dessas entidades, como a APAS, estaremos mobilizados para defender nosso setor junto ao governo federal de mais impostos e taxas, e seremos fortes aliados na busca de novas soluções para gerar mais empregos.


O que o senhor pensa sobre a reforma trabalhista?


A reforma trabalhista é necessária por que a CLT, dos anos 1940, não está mais conectada com a necessidade, tanto dos trabalhadores quanto dos empregadores. A população mudou, as relações de trabalho mudaram e a legislação atual não atende mais a todos os setores da economia, como o de supermercados, por exemplo, que passa por constantes transformações de perfil do consumidor e de consumo. Dentre essas demandas, propomos medidas urgentes que ampliem e flexibilizem o emprego, facilitando a contratação. Medidas como a regulamentação do trabalho intermitente, no qual o trabalhador é remunerado por horas trabalhadas ou por produtividade, e da terceirização também. Essas mudanças seriam muito favoráveis aos varejistas que, por causa de datas sazonais, por exemplo, têm necessidades diferenciadas de mão de obra durante o ano.


E as reformas tributária e previdenciária?


Sobre a reforma tributária é imprescindível realizá-la. A carga tributária extremamente elevada e a legislação tributária que nos deparamos atualmente atrapalham o setor, dificultam nossos investimentos e expansão, refletindo, inclusive, na geração de empregos. É necessária a adoção de medidas eficazes e rigorosas que levem ao equilíbrio fiscal sem aumento de impostos. Já a reforma da previdência é necessária para reestabelecer o crescimento sustentável do país, tornar o sistema mais justo, eliminando diferenças entre funcionários da iniciativa privada e pública. Registramos no ano passado um déficit de R$ 86 bilhões, de acordo com pesquisa divulgada nem novembro pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas [CNDL]. Além disso, projeções do IBGE mostram que as pessoas acima dos 60 anos, que hoje representam 12% da população, poderão representar até 30%, em 2030. E essa reforma poderia evitar o aumento da carga tributária, por exemplo, que provavelmente seria uma alternativa utilizada para financiar a previdência.


A pior fase da crise político-conômica já passou?


Parece que sim. Do ponto de vista político-econômico, o Brasil está voltando aos trilhos. E, com a nova equipe de economia do governo federal, acreditamos que estamos no caminho certo.


Acreditamos, ainda, que o Brasil vai voltar a crescer e a crise vai passar, definitivamente. O país já começou a trilhar um caminho melhor e podemos dizer que estamos na rota do crescimento, mas sabemos que o ano que vem ainda não será muito fácil para todo o setor, porque essa recuperação leva um tempo. Mas, se continuarmos nesse ritmo, a nossa previsão é 1,5% de crescimento nas vendas em 2017, na comparação com 2016. A crise gera oportunidades. Neste momento, é preciso ficar atento às novas tendências do próximo ano, buscando entender cada vez mais os clientes para oferecer melhores ofertas e, assim, alavancar as vendas.



Empoderamento: Da economia ao consumidor


Entre os dias 2 e 5 de maio, o Expo Center Norte, em São Paulo, sediará a 33ª edição da APAS Show, o maior e mais importante evento do setor supermercadista do país e do mundo, que discutirá as novas tendências do mercado. Com a aproximação do evento, a temática Empoderamento – Todos Podem, que irá direcionar tanto a Feira como o Congresso de Gestão da APAS Show no próximo ano, está cada vez mais presente nas discussões do setor.


“Em um momento de crise, como o que estamos vivendo, debater o tema empoderamento é uma grande oportunidade, e não podia vir em melhor hora”, afirma o diretor do Supermercado GNovellini, de São Paulo, José Carlos Novellini, dizendo que a expectativa para a próxima edição do evento é bastante otimista.


Novellini acrescenta que já é possível enxergar no horizonte perspectivas positivas para a economia do país, mas é preciso unir forças para reverter a atual situação, o que é traduzido no tema da APAS Show 2017. “Precisamos aprender mais, preparar mais, arregaçar as mangas e empoderarmos consumidor e varejo para superar esta fase”, finaliza o supermercadista.


E não é apenas pelo lado do setor supermercadista que o tema tem sido bastante elogiado. O diretor-presidente do programa de fidelidade Netpoints, Andre Luiz Fernandes, mostra outro ângulo a respeito do assunto.


“O empoderamento está na mesa de todos os executivos que trabalham com varejo. O consumidor, hoje, está muito antenado às novas tendências de mercado, então, temos que trabalhar para ter vários canais e atendê-los de todas as formas. E o empoderamento está no centro de tudo”, avalia o executivo.

 


Fonte: Revista Super Varejo

 

 

 


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