Pesquisar preço em diferentes supermercados rende R$ 1.706 por ano

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Pesquisa da ProTeste mostra que os preços dos mesmos produtos variam até 13% em duas lojas na mesma rua



Atravessar a rua e pesquisar os preços no supermercado ao lado de onde costuma comprar pode significar, por ano, uma economia de até R$ 1.706,20 no bolso.

Isso acontece em São Paulo, capital em que o custo de uma cesta com 104 produtos (de hortifrúti a higiene e limpeza) tem o maior valor do país: R$ 405,89.

Na capital paulista, as mesmas mercadorias são encontradas por R$ 263,70 em outra loja. Na média, o preço da cesta chega a R$ 324,66.

É o que mostra a oitava pesquisa anual realizada pela ProTeste (associação dos consumidores) em 20 cidades de 14 Estados, onde foram analisados 230 mil preços em 1.196 pontos de venda.

As regiões representam 90% do faturamento dos supermercados do país, segundo a Abras (Associação Brasileira dos Supermercados).

Os pesquisadores agiram como consumidores e coletaram preços de produtos de marcas líderes de mercado. Para evitar distorções, descartaram produtos em promoção temporária.

Compararam o preço da cesta e encontraram o supermercado "mais caro" e o "mais barato" de cada cidade. Para calcular a economia anual, estimaram a compra de uma cesta por mês.

"Os supermercados fixam preços de acordo com suas condições de negociação com fornecedores. E consideram o fato de o consumidor poder recorrer ao estabelecimento do lado. Isso explica por que em uma mesma rua pode se encontrar variação de preço de um mercado para outro", diz Maria Inês Dolci, coordenadora da ProTeste. "Por isso, é o velho e bom lema: pesquise e compare."

Na rua Frei Caneca (região central de SP), a cesta pesquisada no supermercado Econ custava 13% mais do que a do Compre Bem, concorrente localizado a 600 metros.

O mesmo ocorre em Goiânia. Vizinhos lado a lado, as redes Walmart e Carrefour, ambas na avenida Deputado Jamel Cecílio, no Parque das Laranjeiras, têm cestas com diferença de 4%.

Entre os atacadistas, a situação se repete. Na zona leste da capital paulista, o preço da cesta no Atacadão e no Roldão, ambos na avenida Marechal Tito, a cerca de três quilômetros de distância um do outro, variou 11%.

VILÃ

A cidade de Florianópolis foi considerada a "vilã" do estudo se considerado o preço médio da cesta. Custava R$ 340,57 -ou 17% a mais que a média da mais barata encontrada, R$ 291,17.

A pesquisa aponta ainda que o Rio Grande do Norte foi o Estado em que a cesta composta por produtos de marca ficou 3% mais barata que o ano passado. Por outro lado, encareceu 8% em Minas Gerais e em Pernambuco em relação ao ano anterior.

Informações sobre cada cidade estarão no site da Proteste ( www.proteste.org.br) a partir de amanhã.



Consumidor diminui saídas para compra


Para equilibrar o orçamento, as famílias diminuíram as idas aos supermercados e passaram a dar mais atenção ao planejamento antes de ir às compras.

Há dois anos, as famílias com renda média de cerca de R$ 2.030, que representam 24% da população, faziam em média 13 visitas por mês ao varejo tradicional (inclui supermercados, lojas e farmácias, por exemplo).

Neste ano, os brasileiros da chamada nova classe média (classe C) saíram de casa em média 11 vezes ao mês para ir às compras.

Entre as famílias de renda mais alta, o comportamento foi o mesmo. Na classe AB, com renda média de R$ 4.372, as idas passaram de 11 para 10 neste ano.

MENOS VEZES

Na faixa de renda de R$ 1.400, os consumidores também diminuíram a ida aos pontos de venda de 13 para 12 neste ano.

"Mesmo com mais acesso ao crédito, o que se nota é uma cautela com o consumo", diz Christine Pereira, diretora da Kantar, consultoria especializada em consumo que estuda o comportamento dos consumidores no estudo "Consumer Watch".

A consultoria utiliza a definição usada pela Abep (Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa) para classificar as classes sociais por faixas de renda. Por essa classificação, são considerados como critérios a posse de bens, o grau de escolaridade e as condições de vida nos domicílios das famílias.



Estabelecimentos apostam em produto menor


A mudança no perfil das residências no país, com mais pessoas morando sozinhas e aumento da participação de mulheres como chefes de família, afeta a oferta de produtos e serviços nos supermercados.

Para atender esse consumidor, os varejistas terão de expandir serviços de comida pronta, as vendas pela internet e ampliar a oferta de produtos embalados em menor tamanho.

Dados do IBGE mostram que em 2010 eram 57 milhões de domicílios brasileiros, dos quais 6,9 milhões eram habitados por apenas uma pessoa (12,1% do total) -houve crescimento de três pontos percentuais em relação ao ano 2000 (9,1%).

O percentual de famílias com mulheres como a pessoa responsável pelo domicílio passou de 19,5% para 46,4%, entre os Censos dos anos 2000 e 2010.

Para o presidente da Apas (Associação Paulista de Supermercados), João Galassi, os supermercados tiveram que mudar a linha de atendimento para oferecer produtos mais convenientes para esses consumidores.

"Hoje os supermercados oferecem pratos prontos, minipizzas, carnes, verduras e frutas 'in natura', embaladas em porções menores", diz Galassi.


Veículo: Folha de S.Paulo


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