Parente substituirá Abilio em conselho e briga de sócios deve ter trégua na BRF

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O presidente da Petrobras, Pedro Parente, substituirá Abilio Diniz no comando do conselho de administração da BRF, dona de Sadia e Perdigão. O executivo confirmou nessa quarta-feira, 18, que aceitou o convite, feito pelos principais sócios. Com isso, abriu-se caminho para um acordo entre os maiores acionistas da BRF, que estavam em disputa aberta pelo comando da empresa de alimentos há dois meses. Parente vai continuar na presidência da estatal após a eleição para comandar o colegiado da BRF.

 

Em jogo está a condução da estratégia de negócios da maior exportadora de frango do mundo, que vive uma profunda crise. Desde 2016, a empresa apresenta prejuízo, foi alvo de escândalos, como a Operação Carne Fraca, vem sofrendo restrições à venda no exterior e perdendo espaço no País. A companhia, avaliada em R$ 18,7 bilhões, já perdeu R$ 13,7 bilhões em valor de mercado nos últimos 12 meses. Nessa quarta-feira, as ações fecharam a R$ 23,04, com alta de 9,51%.

 

O acerto ocorre a uma semana da assembleia de acionistas, marcada para o dia 26, que escolherá um novo conselho para mandato de dois anos. É nessa reunião que o nome de Parente deverá ser aprovado.

 

Ele foi convidado por Abilio, mas sua indicação teve apoio dos fundos de pensão da Petrobras (Petros) e do Banco do Brasil (Previ), responsáveis pelo pedido de destituição do atual colegiado. As conversas em torno desse novo acordo tiveram início na terça e foram finalizadas na manhã de ontem, segundo fontes. Até então, os fundos defendiam o nome de Augusto Cruz, ex-Pão de Açúcar, para presidir o colegiado, enquanto Abilio apoiou Luiz Fernando Furlan.

 

O plano em curso é que os principais sócios apoiem enfim uma única lista para o colegiado, encabeçada por Parente. Fundos e emissários de Abilio já haviam tentando um acerto nesses moldes, mas o plano naufragou diante do impasse sobre alguns nomes. Agora, isso teria sido superado, segundo fontes.

 

Assim, a nova lista para o conselho já nasceria com o apoio de sócios que detém 35% do capital da BRF. São eles: Petros (11%), Previ (11%), a gestora Tarpon (8,5%) e a Península, de Abilio(3,9%). Ainda é incerta a posição da britânica Aberdeen, que tem 5% da BRF. A gestora, porém, vinha apoiando os fundos desde o início da disputa.

 

A Aberdeen é peça central no desenlace do conflito. Foi ela quem solicitou que a votação do novo colegiado seja feita por “voto múltiplo”. Caso mantenha a solicitação, os maiores sócios até poderão atuar em sintonia, votando nos mesmos candidatos, mas não será possível votar em uma chapa única.

 

Petros e Previ ingressaram com pedido de destituição do conselho no início de março após a BRF anunciar prejuízo de R$ 1,1 bilhão em 2017. Os resultados negativos foram atribuídos pelos fundos ao comando de Abilio Diniz, desde 2013 presidente do colegiado.

 

Os fundos pleitearam a mudança, mas o pedido mostrou-se de difícil costura. Dono de menos de 4% das ações, Abilio, que nos últimos meses se afastou da Tarpon, antiga aliada, manteve a habitual linha dura nas negociações. Além de manter influência no futuro conselho, por meio de executivos por ele indicados, o empresário buscava garantir a permanência da diretoria da BRF. O atual presidente, José Aurélio Drummond, chegou ao comando com apoio e voto decisivo de Abílio.

 

Governança em xeque

 

O acordo pode, enfim, pacificar os ânimos, mas a destruição de valor de mercado já é fato. Para Herbert Steinberg, sócio da Mesa Corporate, consultoria especializada em governança corporativa, o mercado espera que os acionistas da BRF possam deixar a disputa de poder de lado e olhar para a companhia. "Não é prática em outros países que fundos de pensão invistam em uma mesma empresa. Petros e Previ estão, juntos, como sócios da BRF, e também em outras empresas, como a Vale, por exemplo. Em termos de governança não é positivo. O ideal seria que cada fundo escolhesse empresas distintas para investir, não como consórcio em empresas". Os desentendimentos entre Tarpon e Abilio, ao longo de 2017, também prejudicaram a companhia. "Não dá para culpar um ou outro. A empresa é uma só e os acionistas devem se unir para melhorar a gestão." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

 

Fonte: Estadão Conteúdo


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