Dois anos após 'fundo do poço', Bombril volta ao azul e planeja investimentos

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Quase dois anos após atingir o fundo do poço, com falta de produtos nas gôndolas de supermercados e alto endividamento, a Bombril começa a dar os primeiros sinais de reação. Depois de fechar o ano passado no azul, após quatro anos seguidos de prejuízo, a expectativa é de que a companhia famosa pela esponja de aço comece também a gerar caixa a partir de novembro – até o momento, todo o dinheiro que entra na empresa é destinado apenas ao abatimento de sua pesada dívida.

 

À frente da companhia desde dezembro de 2015, o executivo Luiz Gustavo Silva disse ao Estado que teve de fazer um profundo processo de reestruturação, que incluiu cortes pesados de custos, redução e venda de marcas consideradas pouco estratégicas ao negócio, demissão de 400 pessoas (hoje tem 2.400 funcionários), além de revisão da distribuição de seus produtos, que passou a ser feita por meio de uma empresa própria.

 

Depois de três meses na Bombril como executivo da RK Partners, especializada em reestruturação de empresas em dificuldades financeiras, Silva foi contratado em março do ano passado pelos controladores da companhia e agora, passada a fase mais crítica da Bombril, que chegou a correr risco de entrar com pedido de recuperação judicial em 2015, volta a fazer planos para o grupo reaparecer na mídia em 2018.

 

Nos últimos meses, a empresa enxugou seu portfólio e vendeu marcas, como a linha Lysoform, por R$ 47,6 milhões, para engordar seu caixa. Silva contou que o grupo quer focar em categorias com potencial de crescimento, como a tradicional esponja de aço, marca líder, e outros rótulos de presença relevante, como o detergente Limpol, o desinfetante Pinho Bril e amaciante Mon Bijou.

 

No primeiro trimestre desde ano, a companhia registrou lucro de R$ 34,7 milhões, revertendo prejuízo de R$ 23,8 milhões do mesmo período de 2016. O endividamento encerrou em cerca de R$ 520 milhões.

 

Dívidas

No auge da crise, em 2015, as dívidas do grupo chegaram a quase R$ 900 milhões. Deste total, boa parte, de cerca de R$ 570 milhões, de débitos fiscais que já foi renegociada. As obrigações com fornecedores, de R$ 140 milhões, foram parceladas em 36 vezes. Houve também revisão de custos financeiros com os bancos.

 

A empresa, que por anos teve como garoto-propaganda o ator Carlos Moreno e investia milhões de reais por ano em mídia, adotou estratégias mais tímidas de marketing. Segundo Mark Krause, diretor de marketing da companhia, o foco este ano será em campanhas em pontos de venda. A agência Africa ganhou a concorrência para pensar em estratégias de marketing mais criativas em períodos de vacas magras, com foco em mídias digitais, segundo o executivo. Em 2018, se os planos de recuperação da companhia forem bem-sucedidos, a Bombril poderá voltar à televisão, mas em condições mais modestas.

 

Consumidor

Segundo Marcos Gouvêa de Souza, sócio da consultoria GS&MD, o consumidor não tem noção da crise pela qual a Bombril vem passando. A perda de participação da companhia em determinadas categorias não está associada às turbulências financeiras e societárias pelas quais passou, mas sim ao fator preço. “A fidelidade à marca é menor em períodos de recessão. O consumidor não está preocupado com uma briga societária ou dificuldade de uma empresa, mas com o bolso.”

 

Com três fábricas no País, a Bombril quer alcançar o equilíbrio financeiro. Silva disse que a chance de a companhia entrar em recuperação judicial é zero, passado o período mais turbulento, no fim de 2015. “Durante a crise mais aguda da empresa, o consumidor foi para o produto concorrente porque não encontrava os produtos da Bombril nas gôndolas”, destacou.

 

Essa fase, segundo o diretor de marketing da empresa, passou. Ele disse que a companhia tem conseguido aumentar sua participação de mercado nos últimos meses.

 

Empresa já trocou de dono

A companhia, fundada em 1948 e conhecida especialmente por sua esponja de aço, já passou por severos problemas financeiros no passado, trocou de dono, enfrentou brigas entre sócios e até um longo processo de recuperação judicial, que se estendeu de 2003 a 2006. A empresa foi vendida nos anos 1990 para o empresário italiano Sérgio Cragnotti. No início dos anos 2000, o filho do fundador da companhia, Ronaldo Sampaio Ferreira, voltou ao comando. Em nova dificuldade financeira, a empresa contratou a RK Partners em 2015 para reestruturar o grupo.

 

 

Fonte: O Estado de São Paulo

 

 


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