Janeiro começa fraco para varejo de moda

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Nos shopping, as varejistas deram início às liquidações em dezembro. Mas nem o Natal nem as liquidações ajudaram a atrair consumidores para dentro das lojas

 



As redes varejistas de moda, que fecharam dezembro de 2016 com queda de 10,9% em vendas em comparação ao mesmo mês de 2015, segundo a Serasa Experian, devem ter nova retração neste mês, ou empatar com janeiro do ano passado. O nível de desemprego ainda alto e os gastos no mês com compra de material escolar, IPTU e IPVA restringem o poder de compra dos consumidores, que seguem afastados das lojas de vestuário mesmo com as liquidações.


A avaliação é de Edmundo Lima, diretor-executivo da Associação Brasileira do Varejo Têxtil (Abvtex). A entidade reúne as principais redes de moda do país, como C&A, Forever 21, Hering, Marisa, Inbrands, Renner, Restoque, Riachuelo e Zara.


"As empresas associadas da Abvtex trabalham com expectativa de fechar janeiro com o mesmo nível de vendas de janeiro de 2016, ou com uma pequena queda", afirmou Lima. Ele estima que o primeiro semestre vai ser similar ao de 2016 e haverá melhora nas vendas apenas no segundo semestre. Lima acrescenta que, com a troca de prefeitos, houve uma série de demissões de funcionários comissionados e redução em salários, o que afeta o consumo, sobretudo em cidades de menor porte, mais dependentes da geração de empregos em serviços públicos.


Nos shopping centers, as varejistas deram início às liquidações em dezembro. Mas nem o Natal nem as liquidações ajudaram a atrair mais consumidores. O fluxo de visitantes caiu 1,52% em dezembro, de acordo com o Índice de Visitas a Shopping Centers, realizado pela Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), em parceria com a FX Retail Analytics. No ano, a queda foi de 3,48%.


"Houve um fluxo grande de consumidores para os centros populares de compras. Não há dados oficiais, mas qualitativamente o setor observa uma migração do fluxo dos shoppings para centros populares", diz Lima. Na avaliação do executivo, as redes varejistas mais orientadas para oferecer produtos de preços mais baixos podem se beneficiar neste momento."As redes mais voltadas à classe média ou de renda mais alta apresentam resultado ligeiramente inferior neste momento", diz Lima.


Entre as varejistas de moda com ações na BM&FBovespa, a Marisa foi a única a anunciar que adotaria uma estratégia centrada no atendimento às classes de renda mais baixa. Outras redes como Cia. Hering, Renner e Riachuelo ampliariam a oferta de peças básicas, que têm preço médio mais baixo em comparação a itens de moda mais sofisticados, como forma de estimular as vendas.

 

A consultoria Iemi Inteligência de Mercado projeta para este ano incremento de 1,2% no volume de vendas de vestuário no país, após queda de 5,9% em 2016. Em receita, a estimativa é de um crescimento nominal de 6,1%, para R$ 194,8 bilhões, após uma alta de 1,3% no ano passado, chegando a R$ 183,6 bilhões. Descontando a inflação, o setor terá expansão real de 1,03% em 2017. No ano passado houve queda real de 6%.

 

Como fatores que podem favorecer as varejistas neste momento, a Abvtex destaca os estoques reduzidos em relação janeiro de 2016 e o Carnaval tardio neste ano. As empresas têm menos necessidade de fazer liquidações intensas antes da chegada das coleções de outono. "Como as coleções de outono chegam às lojas depois do Carnaval, as varejistas terão mais tempo para se desfazer das coleções", disse Lima.

 


Por: Cibelle Bouças


Fonte: Valor Econômico

 


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