Setor de purificadores de água troca peças importadas por itens nacionais

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Cerca de 60% dos componentes foram comprados no País no primeiro semestre ante uma proporção de 30% um ano antes. Fornecedor teve alta de 10% na receita no mesmo período

 
São Paulo - Os fabricantes de purificadores de água começaram a investir em componentes e peças nacionais para escapar da variação cambial e tentar baratear a produção do equipamento, que deve ter demanda maior na temporada de calor.
 
A paulista Emicol, fornecedora nacional de componentes eletroeletrônicos do setor, teve aumento de 10% na receita no primeiro semestre, embalada pela mudança da demanda. De acordo com o diretor de novos negócios da empresa, Feres Macul, na primeira metade do ano, cerca de 60% das peças compradas pela indústria foram fabricadas localmente. No mesmo período do ano passado a proporção era de 30%.
 
"Para nós, acabou sendo um período bom. Desde o ano passado as empresas estão deixando de comprar insumos vindos de fora para comprar no mercado doméstico. Com isso, recuperamos as perdas do primeiro semestre de 2015 e ainda ganhamos um pouco", revela.
 
Ele acrescenta que empresas de diversos portes estão optando pelos insumos nacionais em busca de reduzir os custos e conquistar mais competitividade no mercado.
 
"Os meses de calor devem trazer um aumento nas vendas e acredito que será um período melhor do que aquele enfrentado em 2015", opina Macul.
 
A gigante Whirlpool Latin America, dona das marcas Consul e Brastemp, também se viu obrigada a trocar partes importadas por nacionais devido aos preços, afirma o diretor de negócios da companhia, Carlos Eduardo Sousa.
 
"Em alguns momentos é inevitável fazer isso, por mais que haja proteção [de derivativos cambiais] contra as oscilações do câmbio. Foram poucas trocas, mas desde o ano passado tivemos de substituir alguns elementos vindos do exterior", explica ele.
 
A percepção de que o mercado de purificadores está em expansão, mesmo em meio a retração da demanda interna, também foi registrada pelo presidente da Latina Eletrodomésticos, Valdemir Dantas. A empresa vem apostando em produtos mais rentáveis desde julho de 2015, quando teve aval para implantar um plano de recuperação judicial.
 
Segundo Dantas, a estratégia resultou em aumento de 18% no faturamento do primeiro semestre de 2016 sobre um no antes, apoiada em itens como os purificadores de água. A meta é elevar a receita bruta para R$ 100 milhões.
 
"Em tempos de crise as pessoas prestam mais atenção onde irão gastar, há uma percepção da vantagem dos purificadores frente os galões de água. Produziremos 130 mil purificadores até dezembro apostando nessa tendência", afirma Dantas.
 
Projeções
 
Sousa estima que a redução de custo, com a nacionalização dos componentes, e a melhora da confiança do brasileiro na economia vai contribuir para alta de 10% na receita da linha de purificadores este ano em relação a 2015. A empresa também produz geladeiras, fogões, micro-ondas e lavadoras. Apesar do aumento, a taxa ainda representa uma desaceleração na comparação com o ano passado, quando o segmento teve vendas 15% acima do exercício anterior.
 
"Quero acreditar que o pior da crise econômica já passou e que em 2017 será possível crescer com dois dígitos consistentes", calcula.
 
Já o gestor comercial da Libell, Pedro Xavier, é menos otimista. Ele prevê alta de 8% na receita em 2016, frente queda de 15% no ano passado.
 
"É um crescimento, mas ele não compensa as perdas do passado. A via para crescer neste negócio é ganhando fatia de mercado sobre a concorrência. Buscamos inovar para isso. O verão também sempre acelera nossas vendas e isso nos ajudará a conquistar esse número", acredita Xavier.
 
Na visão dele, esse será um ano de demanda um pouco maior e baixo estoque no varejo "pela falta de confiança de quem vende, causando um desequilíbrio no mercado". "Vai melhorar aos poucos", aposta.
 
A Libell nacionalizou 100% de seus componentes há dois anos, visando melhor preço e qualidade. "Tem o fator crise, mas independentemente de moeda observamos que não compensava importar pela baixa qualidade das peças. O aumento do custo não compensa a importação", avalia.
 
Fonte: DCI


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