Vendas para vizinhos fora do Mercosul sobem

Leia em 3min

Puxadas por embarques de petróleo e manufaturados, receitas de exportações para Chile, Peru e Colômbia cresceram no primeiro semestre; para entrevistados, trocas devem aumentar mais


 
São Paulo - As exportações para Colômbia, Chile e Peru renderam US$ 3,890 bilhões ao Brasil no primeiro semestre, alta de 3%, segundo dados oficiais. Para especialistas, embarques para vizinhos continentais que não fazem parte do Mercosul devem crescer ainda mais.
 
"Só tende a melhorar", diz Carlos Pio, professor de relações internacionais da Universidade de Brasília (UNB). Segundo ele, a "maior identidade" entre Michel Temer e os governos de Chile, Colômbia e Peru deve favorecer o comércio com os países.
 
Já Gabriel Cepaluni, professor de relações internacionais da Universidade Estadual Paulista (Unesp), afirma que o crescimento econômico dos sul-americanos também deve fomentar as trocas com o Brasil. "Eles vivem fases melhores que a Venezuela e a Argentina, por exemplo."
 
Para Cepaluni, a exportação de manufaturados deve ser beneficiada por esse incremento comercial. "A proximidade geográfica, cultural e até o idioma semelhante podem ajudar", explica ele. "A indústria de automóveis, por exemplo, pode ser beneficiada", complementa.
 
Entretanto, Pio destaca que Chile, Colômbia e Peru têm forte relação comercial com os Estados Unidos e outros países desenvolvidos. Essa concorrência dificultaria a ascensão dos manufaturados brasileiros.
 
"Podemos melhorar nossas vendas de produtos básicos, que têm maior competitividade. Para exportar industrializados, precisamos resolver problemas internos, como a infraestrutura, para tornar nossos produtos melhores e mais baratos", explica Pio.
 
O professor diz também que o avanço das vendas neste ano acontece por causa da desvalorização do real frente aos primeiros meses de 2015. Para os próximos anos, ele defende que as normas do Mercosul sejam flexibilizadas para que o Brasil possa ampliar suas relações com países que não pertencem ao bloco.
 
Principais produtos

 
Os dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços mostram também que o aumento dos embarques de petróleo, especialmente para Peru e Colômbia, puxou o avanço das receitas no primeiro semestre de 2016.
 
Em seis meses deste ano, os peruanos compraram 186 milhões de quilos do produto. Já no primeiro semestre de 2015, menos da metade deste volume foi importado (68 milhões de quilos) do Brasil.
 
O Peru ampliou também suas importações de tratores, chassis, papel e barras de ferro. Enquanto que os colombianos compraram mais automóveis e polipropileno. Já para o Chile cresceram as vendas de carne, automóveis e papel.
 
O volume de produtos exportados pelo Brasil avançou ainda mais que a receita proveniente das negociações. No primeiro semestre, foram exportadas 5,250 bilhões de toneladas para os vizinhos sul-americanos, aumento de 68% na comparação com a primeira metade do ano passado.
 
A separação por país mostra um avanço maior dos ganhos com vendas para o Peru (+12%, para US$ 901 milhões). Também cresceram os embarques para a Colômbia (+4%, para US$ 1,106 bilhão), enquanto que os negócios com o Chile tiveram leve retração (-2%, para US$ 1,878 bilhão).
 
Mercosul
 
Na direção oposta, a receita proveniente de exportações para os membros do Mercosul caiu 5% no primeiro semestre, para US$ 8,607 bilhões. O rendimento das vendas para os países do bloco está em queda há três anos.
 
Em 2016, o principal motivo do recuo é o arrefecimento dos negócios com os venezuelanos. Os embarques para o país, que vive forte crise econômica, caíram 63% em seis meses deste ano, para US$ 528 milhões.
 
Por outro lado, as vendas para a Argentina cresceram 1%, para US$ 6,530 bilhões, no primeiro semestre. O avanço foi causado por um incremento nas compras de automóveis e chassis do Brasil.
 
Veículo: DCI


Veja também

Estoque limitado encurta liquidação de inverno

A meta dos lojistas da Capital é torrar os estoques de confecções e calçados para o frio, at...

Veja mais
Exportações de mercadorias recuam 7,4% em junho

Tóquio - As exportações japonesas caíram pelo nono mês consecutivo em junho, em uma mo...

Veja mais
Pesquisar preço é a estratégia para economizar

Consumidores esperam dias da semana com promoções específicas para comprar produtos mais baratos no...

Veja mais
ABRAS divulga hoje resultado das vendas do 1º semestre

A Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS) realiza coletiva de imprensa hoje, 26 de julho, às...

Veja mais
Alimentos devem reduzir pressão na inflação

Levantamento do Ipea indica que uma desaceleração da cadeia contribuirá para o retorno do IPCA a n&...

Veja mais
Decreto formaliza antecipação de metade do 13º dos aposentados em agosto

Abono anual será efetuado em duas parcelas e a primeira corresponderá a até 50% do valor do benef&i...

Veja mais
G-20 usará todas as ferramentas para recuperar economia global

Para o grupo, Brexit aumenta a incerteza e afeta crescimento mundial  Philip Hammond, titular britânico das ...

Veja mais
Tradição de Ribeirão Preto, Dadinho inova e expande no mercado de doces

A fábrica do doce com sabor de infância amplia seu quadro de funcionários e lança novos produ...

Veja mais
Preço do milho dispara em meio à colheita no Brasil, aponta Cepea

SÃO PAULO (Reuters) - O preço do milho no mercado físico brasileiro fechou a semana com uma alta ac...

Veja mais