Pesquisa aponta que 47% dos usuários de cartão de crédito não controlam gastos

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Para 76% dos consumidores, ferramenta é algo positivo e segurança e parcelar compras de alto valor são vantagens, avaliam usuários




Apesar da fama generalizada de vilão do orçamento, o cartão de crédito é visto como um instrumento de pagamento positivo para a maioria dos brasileiros. Um estudo realizado pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) nas capitais e no Interior dos 26 estados e no Distrito Federal revelou que sete em cada dez (76,2%) consumidores avaliam o cartão de crédito como algo positivo em suas vidas. No entanto, 47% dos usuários dessa forma de pagamento não realizam um controle efetivo das compras que são feitas no cartão, seja por apenas conferirem a fatura “sem analisá-la de fato” ou porque fazem o controle somente de cabeça, sem qualquer rigor ou controle sistemático.

Para este percentual que enxerga o cartão como uma boa ferramenta, as principais justificativas são o fato dele proporcionar a aquisição de bens de alto valor que são difíceis de serem pagos à vista (40% do total de entrevistados) e a segurança que ele garante (22,2%), uma vez que o consumidor não precisa carregar dinheiro ou cheque na carteira. Quando se leva em conta a parcela minoritária que avalia o cartão de crédito como algo negativo (20,6%), os principais problemas são o descontrole dos usuários, fazendo com que muitos fiquem endividados (8,5%) e o fato de o cartão incentivar gastos impulsivos e desnecessários (6,5%). No geral, dentre os entrevistados que utilizam o cartão de crédito como forma de pagamento (69,9%), 44,8% têm dois ou mais cartões.

Entre os entrevistados que afirmaram não possuir cartão (29,9%), os motivos mais citados são evitar gastos desnecessários pela facilidade do crédito (18,4%) e o fato de estarem com o nome nos cadastros de inadimplentes (18,3%), situação que acaba dificultando a aquisição de um cartão de crédito.

Juros cobrados
Segundo o levantamento, 16,1% dos usuários de cartão de crédito têm o hábito de recorrer ao crédito rotativo, situação em que o consumidor opta por pagar somente o mínimo da fatura. Questionados sobre o conhecimento do quanto de juros são cobrados quando há atraso no pagamento da fatura do cartão de crédito, 54,7% admitem não saber a respeito, sobretudo as pessoas da classe C (56,5%) e os mais jovens, com idade entre 18 e 34 anos (61,6%). Segundo o levantamento, 38,7% dos consumidores que possuem cartão de crédito reconhecem que já tiveram o nome sujo ao menos uma vez em decorrência do não pagamento da fatura.

A pesquisa apontou também que ao adquirirem um cartão de crédito, mais de um quarto (26,5%) desses consumidores não analisou as taxas e juros que são cobrados nas operações, principalmente as mulheres (31,6%). A economista do SPC Brasil, Marcela Kawauti, garante que este é um erro grave por parte do consumidor. “Quando alguém adquire o cartão de crédito, está aderindo a um poderoso mecanismo de consumo, que exige responsabilidade e domínio sobre as regras de uso. Ignorar as taxas e juros é desaconselhável, pois no caso do cartão, elas costumam estar entre as mais altas praticadas no mercado, em média de 450% ao ano”, alerta.

Para o educador financeiro do portal Meu Bolso Feliz, José Vignoli, a fama de vilão que muitos atribuem ao cartão de crédito é injusta. “O problema não está no cartão, mas sim no uso inadequado que as pessoas fazem dele. O crédito é um eficiente instrumento de acesso ao consumo. Por meio dele, milhões de pessoas concretizam objetivos de curto e médio prazo que, de outra forma, dificilmente poderiam se tornar realidade rapidamente. O cartão de crédito é uma ferramenta muito útil no dia a dia, já que permite ao consumidor entender seu poder de compra, programar datas convenientes de pagamento e contar com maior margem de manobra na gestão do orçamento”, destaca.

Marcela Kawauti completa o raciocínio dizendo que o consumidor precisa escolher um método de controle com o qual esteja à vontade e aplicá-lo com disciplina para obter resultados satisfatórios. “É fundamental acompanhar a fatura do cartão ao longo do mês e não apenas quando já estiver fechada, pois aí será tarde para avaliar se os gastos foram excessivos”, explica.

Prestações
As situações mais corriqueiras na utilização do cartão de crédito, de acordo com a pesquisa, são nos momentos em que o consumidor não tem dinheiro para comprar à vista (57,7%), quando o valor da compra é alto (43,2%) e quando o orçamento mensal acaba, tendo de recorrer ao crédito para complementar a renda (25,2%). Os produtos que os consumidores mais compram no cartão de crédito são as roupas (70,1%), calçados (65,9%), eletrônicos (60,3%), eletrodomésticos (53,6%) e alimentos em supermercados (37,8%).

De modo geral, o estudo revela que o parcelamento é um recurso bastante comum entre os consumidores que usam o cartão de crédito: 69,1% o fazem pelo menos uma vez ao mês. Em média, os entrevistados que têm prestações a pagar no cartão de crédito afirmam possuir quatro parcelas atualmente. Exemplo da difusão cada vez maior dos cartões é que 43,5% dos entrevistados que são usuários do cartão de crédito disseram evitar comprar em estabelecimentos que não aceitam o cartão como forma de pagamento.

Segundo o levantamento, 45,1% dos entrevistados que possuem cartão de crédito o adquiriram por iniciativa própria, ao passo que 43,7% receberam uma proposta e acabaram aceitando. Na avaliação dos entrevistados, a principal motivação para a aquisição do cartão foi poder realizar mais compras (31,8%), seguido da não necessidade de se andar com dinheiro na carteira (20,5%) e ter para onde recorrer em momentos de dificuldades ou imprevistos (19,6%).

Vignoli alerta que o controle dos gastos com o cartão de crédito é fundamental para não ultrapassar os limites do orçamento. “É muito fácil usar o cartão para realizar um desejo de consumo instantaneamente, sem ter de consultar a conta bancária ou sacar dinheiro. E é mais fácil ainda perder a noção, gastando além da conta. Para usufruir das vantagens de um cartão, é preciso controle para que a pessoa não gaste mais do que efetivamente possa pagar”, o educador.

Metodologia
A pesquisa foi encomendada para traçar os hábitos e os comportamentos mais comuns do brasileiro na hora de utilizar o cartão de crédito. Foram ouvidos 674 consumidores de ambos os gêneros, nas capitais e no interior das 27 unidades da federação. A margem de erro é de no máximo 3,8 pontos percentuais para um intervalo de confiança a 95%.




Veículo: Diário de Pernambuco


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