Empresas superam crise com estratégias de gestão

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                                                                     Foco crítico nos negócios e cortes de gastos geram bons resultados.

Mesmo em um cenário de recessão econômica e crise política no País, há empresas que seguem em ritmo de crescimento de dois dígitos e com planos de investimentos milionários. Qual seria o segredo? Bem, uma fórmula secreta não existe. Mas empresários que conseguiram essa proeza são unânimes no discurso de que a crise não pode ser usada como desculpa para a redução do ritmo de trabalho. Um olhar crítico sobre os negócios, busca constante por eficiência com maior estímulo aos funcionários e corte de gastos são algumas das estratégias utilizadas por eles e que podem ser implementadas em qualquer empreendimento que almeje destaque no mercado.

Com 110 anos de atividades, a Drogaria Araujo S/A pode ser citada como um exemplo de sucesso. “A Araujo já passou por duas guerras mundiais, várias revoluções e crises. E posso te dizer que toda crise traz oportunidades. Basta trabalhar com competência, focado no seu negócio e com austeridade na receita e despesa. Com criatividade é possível sair fortalecido, como já fizemos nas outras crises. E seguimos o básico: não esperamos nada do governo”, afirma o presidente da empresa, Modesto Araujo.

Seguindo essa receita, a empresa conquistou o melhor resultado da história em 2015, um faturamento de R$ 1,6 bilhão, que equivale a um crescimento de 15% frente a 2014. O bom desempenho foi comemorado e dividido com os funcionários que recebem prêmio por desempenho. O valor repassado aos empregados que alcançaram as metas somou R$ 20 milhões.

Mas, para serem premiados, os funcionários da empresa tiveram que suar a camisa para ajudar a aumentar as vendas e reduzir os custos. A economia alcançada pela Drogaria Araujo com ações simples, como menor uso de elevadores, redução de viagens, fim do desperdício de luz e água, chegou aos R$ 22 milhões em 2015. Os ganhos permitem que a empresa mantenha o plano de investimentos. Neste ano, serão aportados cerca de R$ 50 milhões na abertura de 20 lojas no Estado e contratação de mil funcionários, além de outros R$ 120 milhões em um centro de distribuição de 62 mil metros quadrados, que deverá ficar pronto em junho. Com o CD, a empresa terá condições de quase quadruplicar o número de lojas, passando das atuais 170 para chegar a 600 em um prazo de cinco anos.

Experiências - A Suggar Eletrodomésticos, no mercado desde 1989, também tem “tirado de letra” as dificuldades do momento. “Não é a primeira, nem a última e muito menos a pior crise que passamos ou passaremos. Já enfrentamos confisco e inflação de 80% ao mês. O que estamos vivendo agora não é pior do que isso”, afirma o presidente da empresa, José Lúcio Costa. As experiências vividas em outras épocas difíceis serviram como base para a empresa formar um plano de negócios consistente.

Dessa vez, a principal estratégia utilizada é o foco nos nichos de mercado menos afetados pela crise. Os consumidores da classe A, por exemplo, têm mantido o nível de compra. Por isso, a empresa tem apostado nas vendas de produtos voltados para esse perfil, como adegas climatizadas e máquinas de gelo. Já nas camadas mais pobres da população é forte a venda de tanquinhos, vistos como bem essencial pelos brasileiros e atual carro-chefe da empresa. Como esses são os produtos mais vendidos, a produção deles ocorre em ritmo mais intenso.

Outra estratégia adotada foi a contratação de uma consultoria para adequar a empresa ao atual momento. Em linhas gerais, a consultoria mostrou onde era possível cortar gastos. O objetivo era abrir espaço para uma redução de preços e, com isso, aumento nas vendas. Uma equipe de promoção de vendas, com 60 pessoas, foi um dos cortes realizados, uma vez que foi detectado que ela não trazia os retornos esperados.

Os resultados do esforço já começam a aparecer. Somente no primeiro trimestre de 2016, o faturamento da empresa cresceu 8,4% frente ao mesmo período de 2015. A expectativa é fechar o ano com uma alta de 30%.

A Tecidos e Armarinhos Miguel Bartolomeu S/A (Tambasa Atacadista) também não tem sofrido com a crise. Tanto que a empresa projeta crescer neste ano, pelo menos, 10%. Segundo o diretor comercial da Tambasa, Alberto Portugal, a empresa tem buscado se tornar cada vez mais competitiva. Para isso, tem ampliado os prazos de pagamento e reduzido os preços, abrindo mão de margens. “Essa é uma fase de fazer sacrifício. Estamos fazendo o que sempre fizemos: esquecendo o governo e fazendo nosso trabalho”, afirma.

 



Veículo: Jornal Diário do Comércio - MG


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