Vendas devem seguir ruins com baixo índice de confiança dos consumidores

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Enquanto o nível de confiança dos consumidores estiver baixo, os varejistas devem continuar vendo o ritmo desacelerar nas vendas. Apesar do crescimento de 1,2% registrado em fevereiro ante a janeiro, a tendência é de que a trajetória negativa do setor continue nos próximos meses e o cenário só mude a partir de 2017.

Economistas consultados pelo DCI estimam que o primeiro semestre deste ano apresentará resultados negativos e a retomada do crescimento venha só ano que vem. Para o economista da consultoria GO Associados, Luiz Fernando Castelli, a expectativa neste primeiro semestre é de retração de 5,8% no varejo, em relação ao primeiro semestre de 2015.

Estimativa similar tem o economista da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Emilio Alfieri. "A retração no primeiro semestre deste ano deve ser de 5% a 7%", avalia. Para Alfieri, uma série de questões circunstanciais interferiu para o resultado positivo do mês de fevereiro, na comparação com janeiro. "Por isso, ele não representa a realidade do setor. Não há melhora, até porque o fundamento do varejo é a confiança, e o índice de confiança dos consumidores continua muito baixo."

Para Castelli, da GO Associados, o que influenciou a leve alta de fevereiro foi a fraca base de comparação dos meses anteriores. "Como dezembro e janeiro tiveram resultados muito ruins, foi uma recuperação desses resultados. É natural que depois de quedas consecutivas as pessoas passem a consumir mais."

Recuperação

"O fundo do poço para o setor deve ocorrer no segundo trimestre deste ano", avalia Castelli. Para ele, deverá, sim, haver um sinal de retomada do varejo, mas apenas a partir do último trimestre deste ano e ainda muito pequeno. "Creio que uma recuperação mais forte só deve ocorrer no ultimo semestre de 2017", avalia.

Alfieri, da ACSP, concorda que a recuperação do setor só deva acontecer de fato a partir do ano que vem. Ambos os economistas dizem que é difícil fazer previsões diante do cenário político incerto. Alfieri, porém, fala que a mudança no governo poderá impactar na confiança do consumidor e também do empresário.

Resultado interanual


Na passagem de janeiro para fevereiro, a atividade de supermercados cresceu 0,8%, após três meses de quedas. O segmento de móveis e eletrodomésticos avançou 5%, depois de dois meses de altos recuos. Os combustíveis também tiveram alta, de 0,6%. Contudo, quando o resultado do mês de fevereiro é comparado ao mesmo mês do ano anterior, o cenário corrobora com a opinião dos economistas. Tanto que as vendas despencaram 4,2%. Esse é o pior resultado para o mês da série da Pesquisa Mensal de Comércio, do IBGE, iniciada em 2001.

A única atividade que registrou crescimento nessa comparação foi a de artigos farmacêuticos, que cresceu 6,2%. As demais apresentaram redução.

Os segmentos que mais vêm sofrendo com a crise são aqueles que possuem uma maior dependência do crédito, segundo o economista da Federação do Comércio de Bens e Serviços do Estado de São Paulo (FecomercioSP), Altamiro Carvalho. "Há uma falta de confiança do consumidor em comprometer sua renda com novos empréstimos, o que vem prejudicando o varejo de bens duráveis", diz ele.

Ainda na comparação interanual, os segmentos que tiveram retração foram: Móveis e eletrodomésticos (-10,9%); Outros artigos de uso pessoal e doméstico (-11,4%); Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-1,4%); Tecidos, vestuário e calçados (-10,8%); e Combustíveis e lubrificantes (-4,1%); Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-17,3%); e Livros, jornais, revistas e papelaria (-16,3%).

Varejo ampliado

No varejo ampliado - que inclui veículos e material de construção - a queda interanual foi ainda maior, com uma retração de 5,6% em fevereiro. Esse foi o 21º resultado negativo consecutivo da pesquisa, influenciado pela queda nos segmentos de Veículos, motos, partes e peças (-6,6%) e Material de construção (-11,1%).

Na comparação mensal, no entanto, a alta no varejo ampliado foi de 1,8%, com um aumento de 3,8% em Veículos e motos, partes e peças; e de 3,3% no segmento de material de construção. Até fevereiro, as vendas do comércio varejista ampliado acumulam queda de 10,1% no ano e de 9,1% em 12 meses.

 



Veículo: Jornal DCI


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