Atividade industrial deve seguir fraca em 2016, após cair 8,3% no último ano

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A produção industrial deve continuar fraca no início deste ano, depois de registrar um dos piores desempenhos da história em 2015, avaliam economistas. A atividade caiu 8,3% no ano passado ante 2014, informou ontem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O indicador geral do IBGE apresentou queda pelo 22º mês consecutivo, na comparação anual. "Esse foi o maior recuo desde o início da série histórica em 2003, inclusive suplantando a perda de 7,1% observada em 2009", afirmou o gerente de pesquisa do IBGE, André Macedo.

Além de confirmar a perspectiva negativa de economistas e industriais, a Pesquisa Industrial Mensal do IBGE, não indica estabilidade ou possível retomada da produção para os próximos meses.

"A atividade econômica dá sinais reiterados de piora como um todo. O processo de ajuste macroeconômico derivado do choque de preços administrados e da depreciação cambial, apesar de ter um efeito benéfico no médio prazo, ainda vai continuar a deteriorar a atividade ao longo de janeiro", destacaram analistas da Gradual Investimentos, em relatório.

Na visão dos analistas do Itaú, a baixa confiança dos empresários e o elevado nível de estoques podem limitar a atividade no curto prazo. "O resultado da produção industrial reforça um viés de baixa para o crescimento do PIB em 2016", observou a equipe do banco, em relatório.

Em janeiro, a indústria brasileira teve nova queda nas encomendas de acordo com o Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) divulgado na segunda-feira (1) pelo Markit e HSBC. O indicador atingiu 47,4 pontos em janeiro ante 45,6 pontos em dezembro, abaixo dos 50 pontos que separam alta de declínio.

"Com a demanda ainda fraca, especialmente no mercado doméstico, e o impasse político, as chances de uma retomada em breve são pequenas", destacou o economista sênior do Markit, Rob Donson.

Para a equipe da Gradual, a opção dos empresários é manter margens de retorno baixas, em função da demanda retraída no mercado doméstico. "Este é o feito desejado do aperto monetário em curso. Há que se considerar, contudo, que ao longo do ano o setor externo tende a melhorar a atividade pela ponta comercial, mas recentes informações da China impõem cautela."

O economista Nelson Marconi, da Fundação Getulio Vargas (FGV), também vê no setor externo uma oportunidade para este ano, embora a expectativa para o mercado interno ainda seja negativa. "O volume de exportações de produtos industrializados já mostra sinais de melhoria e [há] um indício do processo de substituição de importados. Ambos os fatores podem arrefecer a queda da produção industrial esperada para 2016", disse Marconi.

O indicador antecedente do HSBC apontou que, em janeiro os novos pedidos para exportação cresceram pelo segundo mês seguido, na melhor taxa dos últimos seis anos favorecidos pelo fortalecimento do dólar em relação ao real.

Categorias

No ano passado fabricação de bens de capital (-25,5%) teve a queda mais intensa sobre 2014, seguida por bens duráveis (-18,7%), semiduráveis e não duráveis (-6,7%) e bens intermediários (-5,2%).

De novembro para dezembro de 2015, enquanto as demais categorias registraram ligeiro avanço, a produção de bens de capital continuou em baixa (-8,2%). "O setor de bens de capital continua encolhendo. Isso é grave não só por ter sido o maior recuo do ano todo, mas principalmente porque pode indicar uma nova rodada de queda do investimento", ressaltou o Instituto de Estudo para o Desenvolvimento Industrial (Iedi).

Para os economistas do Iedi, a baixa demanda por bens de capital pode refletir uma "piora adicional das decisões de investir na economia que, bem ou mal, deve se alastrar para os demais segmentos industriais".

O levantamento do IBGE mostra que houve recuo em 25 dos 26 ramos e 78,3% dos 805 produtos analisados no último ano. O ramo extrativo (mineração e petróleo) foi o único a registrar desempenho positivo em 2015, com alta de 3,9%.

"Chama a atenção para o resultado de 2015 não só a magnitude da queda, mas o espalhamento entre as categorias", disse André Macedo, do IBGE. Os indicadores, segundo ele, mantiveram na passagem de novembro para dezembro o comportamento de queda registrado desde o segundo semestre de 2014.

 



Veículo: Jornal DCI


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