Maior consumo de etanol não traz incremento na receita

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São Paulo - O aumento médio de 40% na demanda por etanol hidratado, como alternativa de abastecimento diante da gasolina mais cara, não tem se refletido em preços melhores para o produtor de cana. O fato de o setor não utilizar o mercado futuro impossibilita o aproveitamento de valores mais altos.

"Existe uma falha de mercado. Todos os usineiros ofertam seus produtos no mesmo momento, o preço cai e 100% das comercializações são feitas por spot [à vista], o que inviabiliza negociações ou travamento de preços durante movimentos de alta. Isso é um problema", avalia o presidente da consultoria Datagro, Plínio Nastari, que lançou ontem (2) a terceira edição Global Agribusiness Forum, evento organizado pela consultoria que será realizado entre os dias 4 e 5 de julho de 2016.

Em entrevista ao DCI, o especialista diz que, até o mês de julho, houve um incremento no consumo por conta da substituição da gasolina por etanol em 42% da frota flex, em relação aos sete primeiro meses do ano passado. Essa é uma marca que nenhum outro país atingiu, nem mesmo os maiores produtores globais da commodity, os Estados Unidos, cujo percentual chegou a 9,6%.

"É a necessidade de regras mais claras que pode trazer alguma mudança para este cenário. A Petrobras pode vender gasolina a preço subsidiado e não acontece nada porque não existe uma regra", enfatiza.

Negociações por meio do mercado futuro, como acontece em diversas outras commodities, regulamentações que estabeleçam critérios para o livre mercado entre etanol e gasolina, além de regras definitivas sobre as tributações que incidirão aos combustíveis são outros fatores citados pelo presidente da Datagro como necessários para minimizar os problemas do setor.

Quanto à oferta, a expectativa é de mais um recorde do biocombustível, com produção estimada em 30,3 bilhões de litros para a safra 2015/ 2016, contra os 27,8 bilhões obtidos na última temporada.

Questionado sobre as condições dos canaviais, Nastari destaca que os grandes grupos estão fazendo a renovação dentro dos patamares recomendados para o ano. Os pequenos e mais fragilizados, não estão. "Ano que vem teremos uma ampliação da heterogeneidade dos canaviais e uma disparidade entre produção dos grandes e dos pequenos [grupos empresariais]."

Outros produtos

Mesmo com claros problemas no segmento de etanol, o biocombustível deve continuar sendo a aposta dos usineiros, pois os estoques internacionais de açúcar seguem altos e com baixa remuneração para o produto. Desta forma, deve levar algum tempo para que a relação entre estoque e consumo caia, visto que ela está em 47,9%, "muito acima dos 41% capazes de dar maior estabilidade para o setor", comenta.

Na cogeração de energia por meio de biomassa - que seria uma alternativa para incremento de receita - falta infraestrutura para distribuição na rede e preços que viabilizem o investimento nas usinas. "Pagam até R$ 1,1 mil por MW/h nas térmicas e não querem pagar R$ 300 por MW/h na biomassa", completa.



Veículo: Jornal DCI


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