Empresa inova com cosméticos e até cerveja da oliveira

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                                   Proposta de empresa é criar mais de 100 itens feitos com o fruto da oliveira; desafio agora é convencer o consumidor


Quando o empresário Cosmo Pacetta resolveu plantar oliveiras no Brasil, a intenção era só trazer para cá um símbolo da sua família, cuja origem é italiana. Mas a partir do momento em que ele passou a estudar a árvore, descobriu seu potencial comercial e resolveu investir na empresa Folhas de Oliva. Hoje, são feitos 122 produtos com azeite, folhas, extrato e essências de oliveiras. De cosméticos até cerveja.

"A primeira ideia, quando resolvi plantar as oliveiras, não foi comercial. Minha família cultiva na Itália e quando eles vieram para o Brasil trouxeram algumas mudinhas. Um dia, eu olhei para elas e pensei que tinha que fazer alguma coisa", lembra Cosmo. O ponto inicial da pesquisa foi descobrir o motivo pelo qual as primeiras mudas plantadas em Estiva Gerbi, no interior de São Paulo, não frutificavam.

"Foi aí que descobri que as oliveiras precisam de um disparo de frio. O frio causa um estresse na oliveira, que passa a aflorar e frutificar. No Brasil, existem alguns microclimas que a oliveira se adapta melhor", contou o empresário, que passou a plantar também em Bueno Brandão, no Sul de Minas Gerais.

O primeiro produto criado foi o chá, em 2007, depois a empresa lançou cosméticos, cachaça envelhecida em barris de oliveira, azeite e licor. O lançamento mais recente é a cerveja, hoje com cinco variações e mais um sabor previsto para até o fim do ano, o de frutas vermelhas.

"A folha de oliveira é amarga e o lúpulo também. Descobri que as duas moléculas são semelhantes e tive a ideia de juntar as duas coisas. O produto ficou bom e não potencializou o amargor do lúpulo", explica Cosmo, que tem como próximo desafio produzir uma cerveja sem glúten. Hoje a empresa trabalha com quatro linhas: bebidas, gourmet, bem-estar e cosméticos. "Tudo é muito artesanal. A empresa não é grande e não quer ser grande para preservar esse trabalho", diz Cosmo.

Barreiras. Um dos desafios do empreendimento é mostrar o potencial da oliveira, muito relacionada apenas ao azeite e azeitonas. Outro fator limitante é a complexidade para registrar os produtos. "Você tem o desafio de criar alguma coisa que não existe e enquadrar em uma coisa que não existe. O desafio maior é viabilizar o processo do ponto de vista fiscal e econômico", pontua o empresário.

Apesar da empresa ter sido aberta em 2007, o processo de regularização e regulamentação demorou muito. "Aguardamos um longo tempo para o registro de quase todos os produtos", conta. Só em 2013 a Folhas de Oliva tinha a maior parte dos produtos registrados e, também por conta disso, conseguiu faturar R$ 100 mil no ano passado. Para 2015, a projeção é uma incógnita devido a retração econômica. "Vendemos produtos mais personalizados, com um preço maior. E isso traz uma dificuldade. O preço é um outro desafio."

A empresa vende pequenas quantidades dos produtos em empórios e mantém uma loja virtual. Como o frete é um limitante para as vendas, Cosmo tem planos de abrir um espaço físico em São Paulo para mostrar todos os itens. "Dificilmente um empório vai comprar toda a nossa linha. E não temos como mostrar tudo isso. Por isso, penso nessa oportunidade de ter um parceiro para montar uma loja em São Paulo. Queremos crescer com cautela", diz Cosmo.

Análise. O professor de empreendedorismo do Insper, Marcelo Nakagawa, pontua que o movimento de pequenas empresas criarem negócios inovadores a partir de um mesmo produto é comum nos Estados Unidos. Mas aqui no Brasil, segundo a avaliação do especialista, o empreendimento precisará quebrar um paradigma e tentar convencer o cliente a consumir os produtos, até então desconhecidos.

Já o segundo desafio é estar presente nos pontos onde existe esse perfil de consumidor disposto a experimentar produtos inovadores. Segundo o professor, esse é um tipo de item que depende de degustação, experimentação e interação. "As pessoas precisam pegar, ler a embalagem, interagir", destaca Nakagawa.



Veículo: Jornal O Estado de S.Paulo


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