Entre dez setores pesquisados, apenas a indústria de embalagens registrou aumento na demanda em abril
O consumo de energia elétrica no mercado livre apresentou retração de 4,46% em abril na comparação com o mesmo mês de 2014. A queda, apurada pelo Índice Setorial Comerc, reflete o mau desempenho do setor industrial do País e deverá ser intensificada, na visão de especialistas. Para o levantamento de dados, a Comerc (empresa de comercialização de energia) leva em conta uma carteira com mais de 500 clientes de diferentes setores e localidades. Na comparação de abril com o mês anterior, a redução foi de 3,99%.
Quando se leva em conta o recuo de 4,46% em abril perante idêntico mês do exercício anterior, apenas a indústria de embalagens registrou elevação no consumo de energia (5,11%). Os nove demais segmentos analisados tiveram retrações, sendo a maior delas a da indústria de material de construção (-10,85%).
Queda geral - Na siderurgia e metalurgia a queda no consumo foi de 10,05%; no grupo formado por têxtil, couro e vestuário, de 9,16%; e veículos automotores e autopeças, de 6,24%.
A indústria de alimentos demandou 5,88% menos de energia; eletromecânica, -5,32%; higiene e limpeza, -4,41%. Até o comércio e varejo utilizou menos energia elétrica em abril, com baixa de 0,88%. A produção de papel e celulose apresentou redução de 0,88% no consumo no período.
Levando em conta a comparação entre abril e o mesmo mês de 2014, essa é a quarta queda consecutiva apresentada neste ano. Ou seja, todas as pesquisas deste exercício mostraram menor consumo. Em janeiro, a retração foi de 4,03%; em fevereiro, de 5,80%; e em março, de 1,45%.
Tendência - Segundo o consultor da LPS Consultoria Energética, Fernando Umbria, a tendência é que os próximos meses sigam o mesmo viés de queda no consumo. E uma série de fatores justifica a retração. As primeiras explicações estão no cenário econômico. Com a economia em baixa, o setor industrial tem produzido menos e, conseqüentemente, consumido menos energia.
Outro fator que tem pesado bastante na utilização de energia no país é o preço do insumo. Com a crise hídrica, os brasileiros estão pagando cada vez mais caro pela utilização da energia. "Para alguns setores eletrointensivos, sai mais em conta vender a energia adquirida em contratos de longo prazo do que produzir normalmente e ter que comprar o insumo a preços altos", afirma.
E a tendência é que o quadro se agrave. De um lado, os reservatórios tendem a um esvaziamento maior, uma vez que o período seco já começou no país e os reservatórios estão em baixa. Segundo dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), os reservatórios do sistema Sudeste/Centro-Oeste - o mais importante do país - estão com 36,52% da série histórica.
Por outro lado, a economia deverá fechar o ano encolhida. De modo que a demanda de energia deverá seguir a mesma lógica. "Com certeza, em todos os meses vamos assistir à redução da demanda. E não só no mercado livre. Os consumidores cativos residenciais também estão em busca de economizar energia para poupar", afirma.
Veículo: Diário do Comércio - MG