Brasil e China assinam acordos de US$ 53 bilhões

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No total, são 35 contratos bilaterais em áreas como planejamento, infraestrutura, comércio, energia, mineração e aviação

 




A presidente Dilma Rousseff recebeu, nesta terça-feira, no Palácio do Planalto, o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, e assinou 35 acordos bilaterais nas áreas de planejamento, infraestrutura, comércio, energia, mineração, entre outras, no valor de mais de US$ 53 bilhões, de acordo com o governo brasileiro. Dilma viajará à China em 2016 para estreitar ainda mais o relacionamento entre os países.

O Palácio do Planalto aposta nos negócios com a China para evitar uma "paralisia do governo" com o corte do Orçamento de 2015, que deve ficar entre R$ 70 bilhões e R$ 80 bilhões.

Uma das principais apostas do acordo é a Ferrovia Transoceânica, que ligará Brasil e Peru. Em seu discurso durante a assinatura dos atos, Dilma se mostrou animada com a megaferrovia. "Um novo caminho para a Ásia se abrirá pelo Brasil", afirmou. No entanto, o projeto está longe de sair do papel e o preço final ainda não está definido - projeções variam de US$ 5 bilhões a US$ 12 bilhões.

Entre os acordos em diversas áreas, está a assinatura de um memorando para a compra de 40 aeronaves da Embraer e outro para a compra de 24 navios de minério de ferro. Em nota, a Embraer confirmou a venda de um primeiro lote de 22 aeronaves aos chineses. A operação, acertada com a Tianjin Airlines, tem valor estimado em US$ 1,1 bilhão.

A entrega da primeira aeronave está programada para este ano - uma segunda será entregue em 2018. As aeronaves fazem parte de pacote prometido pelo presidente chinês Xi Jinping em visita ao Brasil, no ano passado. "Os 18 restantes (são 40 no total) farão parte de uma segunda aprovação das autoridades chinesas em fase posterior", afirma a assessoria de imprensa da Embraer.

A exportação será financiada pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (Bndes). O valor do negócio é de até US$ 1,3 bilhão. "Trata-se do primeiro acordo de financiamento do Bndes para exportações de aeronaves brasileiras para a China e envolverá, na etapa inicial, até 10 aeronaves entre 2016 e 2017", detalhou o banco de fomento, em nota.

Além da cooperação para o financiamento de projetos da Petrobras, foram assinados acordos para desenvolvimento de um satélite de sensoriamento remoto e instalação de um complexo siderúrgico no Maranhão, entre outros.
Dilma afirma que parceria entre o País e a potência oriental é estratégica

A presidente Dilma Rousseff afirmou que a parceria entre Brasil e China é "estratégica" para os dois países e que é construída por "princípios de igualdade". A presidente disse ainda que aceitou um convite do presidente chinês Xi Jinping e que programa uma nova visita ao país asiático em 2016.

Segundo Dilma, a reunião com a comitiva chinesa pela manhã foi marcada por diálogo franco e disposição de avançar, para fortalecer e efetivar a parceria. "Tivemos nesta manhã uma reunião produtiva", disse, destacando um plano conjunto que prevê ações entre 2015 e 2021. "Esse plano inaugura uma etapa superior do nosso relacionamento", disse.

Entre os diversos acordos firmados, Dilma destacou "em especial" os das áreas de infraestrutura e comércio. "Teremos a oportunidade de dialogar com o empresariado dos dois países sobre o importante papel que exercem nesse processo", afirmou.

A presidente destacou ainda o projeto de infraestrutura que pretende ligar áreas brasileiras, via Peru, mais rapidamente a portos chineses. "Brasil, Peru e China iniciam juntos estudos de viabilidade para conexão ferroviária transcontinental, que vai cruzar o nosso País no sentido leste-oeste", disse. "A ferrovia vai cortar o continente sul-americano, ligando os oceanos Atlântico e Pacífico. E convidamos empresas chinesas a participar dessa grande obra", completou, destacando que a ferrovia atravessará os Andes até chegar ao Peru. "É um novo caminho para a Ásia, que vai reduzir a distância e os custos", acrescentou. Após a cerimônia, Dilma participou de almoço com a comitiva chinesa.

O ministro da Defesa, Jaques Wagner, e o diretor da Administração Nacional de Ciência, Tecnologia e Indústria para Defesa Nacional da China, Xu Dazhe, assinaram um "memorando de entendimento sobre sensoriamento remoto, telecomunicações e tecnologia da informação".

O Brasil deve ainda construir em parceria com a China uma fábrica de painéis solares fotovoltaicos. O acordo será fechado entre a Apex e a BYD Energy do Brasil.
Petrobras anuncia financiamentos de US$ 7 bilhões

A Petrobras assinou dois acordos para financiamento com a China, num total de US$ 7 bilhões, durante cerimônia com autoridades brasileiras e chinesas em Brasília. Um deles, de US$ 5 bilhões, foi fechado com o Banco de Desenvolvimento da China (CDB), o mesmo que em abril já havia emprestado US$ 3,5 bilhões.

Outro acordo prevê financiamento no valor de US$ 2 bilhões do China EximBank para projetos da Petrobras. Também foi feito um acordo de cooperação para a criação de relacionamento de longo prazo entre Petrobras e Banco Industrial e Comercial da China (ICBC). No empréstimo fechado em abril, fontes do governo e especialistas em geral afirmaram que a ajuda financeira pode ter como contrapartida exigida a compra de equipamentos chineses e fornecimento de petróleo.

Além das trocas comerciais, foi fechado um fundo para negócios entre os dois países, por meio da Caixa Econômica Federal e o Banco Industrial e de Comércio da China (ICBC), com recursos de US$ 50 bilhões. E um outro fundo bilateral, no qual a China colocará US$ 30 bilhões - o Brasil ainda não definiu sua contrapartida. O governo brasileiro está otimista de que essas parcerias, grande parte delas na área de logística e infraestrutura, reaqueçam a economia.

Os acordos são importante porque têm um potencial de alavancar investimentos. Os chineses? têm interesse em investir na área de estaleiro, de refinarias e de telefonia.
Fabricantes de trens locais temem ameaçacom a chegada dos investidores chineses

A entrada dos chineses em projetos de infraestrutura logística ainda é uma promessa, mas começa a tirar o sono da indústria nacional de ferrovias. O setor, que faturou R$ 5,6 bilhões no ano passado e gera 20 mil empregos diretos, teme que a investida dos asiáticos comprometa a produção nacional.

Os chineses estão de olho na Ferrovia de Integração do Centro-Oeste (Fico), uma malha de 883 quilômetros prevista para ligar o maior polo de produção de grãos no País, na região de Lucas do Rio Verde, no Mato Grosso, até sua ligação com a Ferrovia Norte-Sul, em Campinorte (GO).

O temor da indústria não é a construção da ferrovia, uma iniciativa que é muito aguardada pelo setor. A apreensão é com os acordos atrelados ao projeto, como importação de trens de passageiros, vagões, locomotivas e tudo o mais que envolva a estrada de ferro.

"Não somos contrários a investimentos estrangeiros, muito pelo contrário. Mas é importante assegurar que todos atuem de acordo com as mesmas regras e que enfrentem a mesma realidade", diz o presidente da Associação Brasileira da Indústria Ferroviária (Abifer), Vicente Abate. "Não queremos passar pelo que está acontecendo hoje com a Argentina, que viu a sua indústria ferroviária praticamente desaparecer."
China autoriza frigoríficos brasileiros a vender carne

A negociação entre Brasil e China para o fim do embargo à carne bovina brasileira chegou ao fim na manhã desta terça-feira, quando a ministra Kátia Abreu recebeu o ministro da Administração de Inspeção de Qualidade e Quarentena da China, Vhi Shiping, e obteve a habilitação de plantas. A ministra fechou um acordo para que, além do fim do embargo à carne bovina, sejam abertos também os negócios, com a autorização de plantas frigoríficas que possam vender carne para o país.

O acordo prevê que oito plantas de carne bovina sejam reabertas imediatamente e que outras 17 sejam habilitadas no futuro. O acordo desta terça prevê também a reabilitação imediata de uma planta de aves que havia sido suspensa em 2012 em função de divergências sobre o corte do produto. Cada uma das 26 plantas, contando a de aves, tem potencial para gerar US$ 20 milhões em negócios por ano, o equivalente a US$? 520 milhões no total.

Parte das tratativas ocorreram no país asiático, na semana passada, quando uma série de documentos foram preparados em conjunto entre o Ministério da Agricultura brasileiro e o governo chinês.

A ministra anunciou a medida na manhã de ontem, durante uma coletiva de imprensa no Ministério da Agricultura, em Brasília, antes de ir para a cerimônia no Palácio do Planalto. "Acabamos de entregar uma pasta com toda a documentação em inglês. Ele saiu daqui com toda a promessa de uma cooperação rápida, de que tem toda disposição de ajudar", disse a ministra. Kátia Abreu afirmou que combinou com o ministro chinês de ir à China em junho para buscar a autorização das demais plantas que não foram habilitadas ontem. "Também estamos negociando transgênicos. Eles querem regras próprias para produção de transgênicos", disse a ministra. Segundo ela, está sendo negociado um acordo de cooperação entre a Embrapa e os chineses para isso.




Veículo: Jornal do Comércio - MG


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