Clima favorece a safra da maçã no Estado

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Após uma produção frustrada no ano passado, o clima voltou a colaborar com a evolução das plantações de maçã no Rio Grande do Sul. A qualidade observada até aqui indica uma safra com frutas maiores e coloridas, o que deve garantir melhor classificação na hora da venda e, consequentemente, mais rentabilidade para o produtor. A falta de mão de obra para a colheita, que já avança em determinadas regiões, é considerada, por outro lado, como a principal dificuldade para a atividade.

De acordo com a Emater, na Serra Gaúcha, onde se concentra a maior parte da produção, os pomares apresentam ótima qualidade, com frutos grandes e de boa coloração. Os dias quentes e as noites amenas, com chuvas bem distribuídas, contribuíram para o desenvolvimento dos pomares. Além disso, segundo o presidente da Associação Gaúcha dos Produtores de Maçã (Agapomi), José Maria Reckziegel, a primavera teve temperaturas amenas e não houve ocorrência de geadas tardias ou frio fora de época. “Sem dúvida, neste ano, chama atenção a qualidade bastante superior na comparação com a última safra e com a média histórica”, comemora.

A colheita da variedade Gala, que representa mais da metade do cultivo, iniciou nas últimas semanas e se estende até início de março, dependendo da região. De meados de março até final de abril, os produtores colhem a Fuji, hoje ocupando 35% da área plantada. Em maio, inicia a coleta da Pink Laid. De acordo com Reckziegel, as primeiras amostras de produtividade indicam uma safra brasileira acima de 1,1 milhão de toneladas. O Rio Grande do Sul é o segundo produtor, com cerca de 550 mil toneladas, atrás apenas de Santa Catarina. A cidade de Vacaria é responsável por aproximadamente 300 mil toneladas, considerada a principal fornecedora da fruta no País.

Atualmente, os números são suficientes para abastecer o mercado interno nacional e, inclusive, gerar excedente para exportação. Entretanto, segundo a Agapomi, apenas 44 mil toneladas, mesma quantidade do ano passado, devem ir para outros países, principalmente para o Reino Unido, a França e a Holanda. “As vendas para o exterior estão um pouco travadas porque esses mercados que costumavam comprar nossa fruta obtiveram uma produção própria acima da média e estão com estoques altos”, diz Reckziegel. No Brasil, a produção do Rio Grande do Sul chega a todos os estados, mas a região Sudeste é a principal compradora.

O produtor José Sozo, de Monte Alegre dos Campos, reduziu a área plantada de 45 para 30 hectares. A sua plantação é dividida entre a Fuji (55%) e Gala (45%). Erradicando pomares antigos, o objetivo é melhorar a qualidade e a produtividade e, dessa forma, aumentar a rentabilidade mesmo em um espaço menor. Afinal, segundo Sozo, enquanto safras com predominância de frutas classificadas como tipo 2 ou 3 (com mais defeitos) devem render cerca de R$ 0,60 por quilo, aquelas com equilíbrio entre 1 e 2 (menos defeitos) garantem até R$ 1,00 por quilo. “Para cobrir os custos, batalhamos para receber pelo menos entre R$ 0,80 e R$ 0,90”, afirma o produtor. A sua expectativa é obter entre 55 e 60 toneladas por hectare de maçã com qualidade de mesa, além de 5 a 8 toneladas por hectare de fruta para a indústria de sucos.

Condições contribuem para desenvolvimento da soja

Devido às condições climáticas registradas no Rio Grande do Sul, a cultura da soja vem apresentando ótimo desenvolvimento, conforme informações divulgadas pela Emater. Com a maioria das lavouras em fase de florescimento e formação de grãos, a umidade presente no solo tem propiciado uma boa fixação das vagens, assim como um elevado número delas por planta, fator importante na determinação da produtividade final das lavouras.

O regime de chuvas das próximas semanas será decisivo para a garantia de uma boa produção para o Estado. Quanto à sanidade das plantas, apesar de confirmada a presença de focos de ferrugem asiática, a situação pode ser considerada sob controle, com os produtores realizando tratamentos preventivos, tanto com fungicidas químicos quanto fisiológicos. Com relação à presença de lagartas, a incidência é considerada baixa até o momento.

As chuvas regulares e temperaturas elevadas também têm beneficiado a cultura do milho. Com 31% do total da área semeada já colhidos, os rendimentos têm surpreendido positivamente os produtores, que chegam a obter, em alguns casos, até 10 mil quilos por hectare. As lavouras de milho da safrinha também apresentam bom desenvolvimento, porém, mais infestadas por lagartas, obrigando a realização de um maior número de aplicações de inseticidas.

Em relação ao milho destinado para a produção de silagem, o cenário é similar, com as produções girando ao redor de 36 toneladas de massa verde por hectare. Dos 350 mil hectares plantados para essa finalidade no Rio Grande do Sul, cerca de 55% já estão colhidos.

Colheita emprega 15 mil funcionários

Entre os meses de janeiro e maio, a colheita da fruta irá empregar cerca de 15 mil funcionários, de acordo com o presidente da Associação Gaúcha dos Produtores de Maça (Agapomi), José Maria Reckziegel. Todo o processo é realizado manualmente e exige, em média, quase duas pessoas por hectare. Entretanto, a cadeia produtiva encontra dificuldades para contratar. “A maçã tem um cunho social importante, pois é geradora de empregos. Mas falta mão de obra, e estamos contratando, inclusive, de outros estados, como do Nordeste e do Centro-Oeste”, destaca Reckziegel.

O produtor Eliseu Bueno, de Vacaria, plantou 48 hectares nesta safra, sendo 36 da variedade Gala, que está sendo colhida agora. Otimista com a qualidade dos pomares devido ao clima, pretende obter mais de 45 toneladas por hectare. “As frutas estão grandes e coloridas, o que gera boa aceitação no mercado, mas a questão da mão de obra é sempre uma dificuldade”, destaca Bueno, que está contratando pessoas na Fronteira Oeste e nas Missões para completar o processo de coleta. Os custos trabalhistas, além do valor dos seguros e dos insumos, também aumentaram.

José Sozo possui propriedade em Monte Alegre dos Campos, nas proximidades de Vacaria, e afirma que deve contratar, durante a colheita, 23 trabalhadores temporários para agregar aos 22 fixos. Sozo destaca que variedades como a Gala possuem um calendário de colheita pouco extenso, de cerca de 25 dias, o que torna a disponibilidade de mão de obra uma questão primordial. “Hoje, o que determina o tamanho do setor é a capacidade de colheita. Não adianta ter boas condições para produzir, mas não ter como colher”, opina.



Veículo: Jornal do Comércio - RS


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