Desempenho ruim do varejo afeta confiança de comerciante, diz CNC

Leia em 2min 40s

A queda na confiança dos empresários do comércio em 2014, apontada em indicador da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), reage ao mau desempenho da atividade. E o quadro pode piorar ainda mais caso não haja uma recuperação de vendas neste ano. Na visão de Fabio Bentes, economista da CNC, "pode ser que o fundo do poço não tenha chegado", pois a previsão é de um primeiro semestre difícil para o varejo.

Na manhã desta terça-feira (6), a CNC informou que o Índice de Confiança dos Empresários do Comércio (Icec) fechou 2014 com queda de 13,4% na comparação a dezembro de 2013, maior recuo anual do indicador em toda a série histórica da pesquisa, iniciada em março de 2011.

Na composição do Icec de dezembro, as condições atuais (com queda anual de 22,6%) pesaram mais do que as expectativas com o futuro (recuo de 9,9%). Embora o otimismo maior com o futuro seja uma característica típica das pesquisas de confiança no Brasil, Bentes destacou a queda como um aspecto negativo. "A confiança é contaminada pela percepção de uma perda de fôlego no varejo", disse o economista.

O economista lembrou que, embora o recuo no indicador já fosse esperado, no início de 2014, as projeções eram mais otimistas. Ao longo do ano passado, as perspectivas para a atividade econômica como um todo e, para o desempenho do comércio em particular, foram sendo revistas para baixo.

Agora, a expectativa é de que o varejo registre em 2014 o pior desempenho desde 2003, como já apontam os primeiros dados sobre vendas no Natal. Segundo Bentes, a CNC ainda projeta crescimento de 3,1% nas vendas do varejo em 2014, mas com viés de baixa. Para 2015, a projeção é de 3,6%, mas um desempenho inferior a 2014 não pode ser descartado, na avaliação do economista.

Riscos

Arrefecimento do mercado de trabalho, inflação elevada e juros em alta para combatê-la estão por trás do mau desempenho do varejo, segundo Bentes. O fator de maior peso foi o aperto na política monetária. O economista da CNC chama atenção para a elevação nas taxas de juros ao consumidor pessoa física no crédito livre, medidas pelo Banco Central (BC): saltaram de 38 5% ao ano, em novembro de 2013, para 44,2%, em novembro último.

Com isso, a persistência do comprometimento da renda dos consumidores com o pagamento de dívidas, que tira fôlego do consumo, segue como risco para o desempenho do varejo neste ano.

Outro grande risco, segundo Bentes, é a taxa de câmbio. A mudança de patamar na cotação do dólar pode encarecer a renovação dos estoques, sobretudo de bens duráveis, enquanto a baixa disposição dos consumidores para gastar pode dificultar o reajuste dos preços finais. O resultado pode ser achatamento das margens de lucro.

O mau desempenho deverá impactar no mercado de trabalho. Em 2013 o varejo gerou 261 mil postos de trabalho, segundo dados do Ministério do Trabalho e Emprego citados por Bentes. Ano passado a CNC prevê que a geração tenha ficado entre 140 mil e 150 mil vagas. As contratações de temporários, entre setembro e novembro cresceu apenas 0,3% ano passado. Em 2013, em igual período, foram geradas 3,2% mais vagas temporárias.




Veículo: Diário de Pernambuco


Veja também

Preço do material escolar sobe até 30%

Lápis grafite e de cor foram os vilões dos aumentos, segundo pesquisa do Dieese   O movimento de co...

Veja mais
Intenção de compra das famílias de SP caiu 0,4% em dezembro

O Índice de Intenção de Consumo das Famílias paulistanas (ICF) registrou 108,7 pontos em dez...

Veja mais
Açúcar pode ter déficit de 2,8 mi de toneladas

O ano de 2015 promete uma leve recuperação para os preços do açúcar no mercado intern...

Veja mais
Constrangimento entra no topo das queixas de consumidores

Racismo e discriminação sexual podem dar origem a processos civil e criminal   Constrangimento ao c...

Veja mais
Empresa de investimentos 3G Capital mira novos alvos, diz WSJ

A empresa de investimentos 3G Capital Partners LP está mirando novos alvos de aquisição após...

Veja mais
Empresas ligadas ao campo têm queda na bolsa

...

Veja mais
Venda de tablet vai desacelerar em 2015

    Veículo: Valor Econômico...

Veja mais
Maioria dos brasileiros com gastos extras deve pagar despesas de início do ano à vista

IPTU e IPVA, que oferecem desconto para pagamento antecipado, serão pagos em uma parcela por 58% e 68%, respectiv...

Veja mais
Freudenberg aposta no segmento de higiene

Mesmo com faturamento mais fraco em 2014, a fabricante de não tecidos investiu para ampliar sua capacidade indust...

Veja mais