Licenciamento deve crescer 5%, em meio a debate sobre a publicidade

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Categoria deve faturar somente este ano mais de R$ 13 bilhões. Atualmente, cerca de 80% das licenças são estrangeiras. Brasil figura como o quarto país com maior movimentação no setor



Nem debates sobre a regulamentação da publicidade infantil no País ou o fraco desempenho da economia deverão afetar o mercado de produtos licenciados em 2014. A expectativa é que o setor cresça 5% e fature mais de R$ 13 bilhões até o fim do ano.

O Brasil é um dos quatro países com maior faturamento no segmento de licenciamento, atrás apenas dos Estados Unidos, Japão e México. No País, o crescimento do setor está atrelado à chegada de novas marcas estrangeiras, que hoje correspondem a praticamente 80% do mercado, como informou a Associação Brasileira de Licenciamento (Abral).

Para a entidade, apesar do crescimento no mercado, há alguns entraves como projetos de leis a respeito da regulamentação da publicidade infantil no País. Contudo, isso não deve afetar o mercado. "Essa discussão deixa as empresas temerosas, já que estamos pensando no melhor para as crianças. Mas não tenho dúvidas que os produtos com marca forte continuarão vendendo", disse a presidente da Abral, Marici Ferreira.

Concorrência

De acordo com ela, itens com personagem licenciados têm de 20% a 30% mais chances de serem vendidos, comparado aos artigos sem marcas. E quanto mais rápido são fechados os contratos de licenciamento, melhor para a concorrência. Tanto que as licenças para o período de volta às aulas do próximo ano já estão assinadas. Assim como os contratos de personagens para a Páscoa até 2017.

"Os empresários precisam correr o risco, já que ninguém sabe qual será o produto da vez", contou Marici. Para ela, o segmento de brinquedo é o mais seguro da categoria, uma vez que as mães "nunca deixarão de comprar um brinquedo para os filhos".

Questionada se o atual momento econômico do País pode afetar os licenciados em 2015, ela diz não ver retração no setor. E ainda estima crescimento de 4% a 5%. "Sou otimista e acho que o Brasil vai melhorar seja qual for o governo que vier a ser eleito".

Turma da Mônica


Também otimista está a companhia Maurício de Sousa Produções, que detém o direto de imagem dos personagens da Turma da Mônica. Com cerca de 150 empresas parceiras e mais de três mil itens no mercado, a empresa se diz segura, já que o licenciamento é um instrumento de marketing que cabe bem em períodos de recessão, assim como de ascensão econômica, como disse ao DCI o diretor comercial da empresa, Rodrigo Paiva.

"Em épocas de crise, você precisa de um estímulo para segurar o produto no ponto de venda. Os artigos licenciados têm um apelo que costumam estimular o consumo", contou.

Questionado se os debates sobre a proibição da publicidade infantil têm impactado os negócios, Paiva afirma que não: "uma vez que a empresa segue todas as regras estabelecidas pelo Código de Defesa do Consumidor". O diretor ressaltou que a empresa tem preocupação com isso há anos, tanto que nunca faz comunicação diretamente com as crianças. "Procuramos nos dirigir aos pais, esclarecendo que o produto pode ser benéfico aos dois", declarou.

No caso de proibição de publicidade infantil no futuro, a Maurício de Sousa Produções acredita que várias empresas teriam problemas. "Isso impactaria não só o nosso negócio, assim como o de várias outras empresas, entre elas a Disney e a Warner", citou.

Sem abrir valores, o executivo afirma que 2013 foi o melhor ano em termos de faturamento para a companhia. O segmento de frutas e hortaliças surpreendeu e já representa 28% dos negócios. "Trabalhamos com o maior produtor de maçã, banana e melão do Brasil, o que tem demandado muito investimento."

Canal infantil


Novata no setor, a Globosat é outra companhia que aposta em licenciados. A partir desse mês, a empresa passará a licenciar personagens de quatro produções do canal Gloob, voltado às crianças. "Será uma forma de aproximar os personagens e trará uma receita para a empresa", afirmou a gerente de novos negócios da Globosat, Sabrina Freitas.

Segundo ela, a ideia surgiu a partir da demanda de pedidos dos telespectadores, que através do "Fale Conosco" passaram a perguntar sobre os produtos dos programas. Ao todo, quatro marcas serão licenciadas: Detetives do Prédio Azul; Osmar - A primeira Fatia do Pão de Forma; Tem Criança na Cozinha e Gabi Estrella. "Escolhemos os quatro campeões de audiência, pois os personagens têm bastante apelo para muita exposição", brincou.

Futuro

Com sete fábricas parceiras e a meta de 200 produtos até o final de 2015, a companhia se prepara para a volta às aulas. Alguns produtos já estão com espaço reservado nas gôndolas de várias redes varejistas.

Além dos materiais escolares, a companhia prevê a produção de almofadas, utensílios domésticos e potes plásticos. "O segmento escolar terá um peso grande no início, tanto que já estamos fechando uma parceria para atuar também no mercado editorial".

Ao registrar aumento de 80% na audiência do canal que está no mercado há dois anos, Sabrina diz que uma linha de brinquedos e roupas está nos planos para os próximos anos.



Veículo: DCI


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