Por Stella Fontes
Dados preliminares da Associação Brasileira do Papelão Ondulado (ABPO) relativos a julho e relatos de produtores, dentre os quais a Klabin, maior fabricante nacional de papéis para embalagens, indicam que o mês passado pode ter marcado o início da retomada da demanda por papelão no país, ao menos no que diz respeito ao terceiro trimestre.
A cautela em relação aos últimos meses do ano deve-se à falta de visibilidade, das próprias empresas, quanto aos rumos da economia brasileira no período pós-eleições. Antes disso, porém, a perspectiva é de recuperação dos volumes, sobretudo frente ao verificado no segundo trimestre.
Recentemente, em evento da indústria de celulose e papel em São Paulo, o diretor-geral da Klabin, Fabio Schvartsman, afirmou que o mercado brasileiro de papéis para embalagens mostrou desempenho em agosto "igual ou até melhor do que o do mês de julho", quando houve recuperação das vendas, após a fraca performance do mês imediatamente anterior.
Em junho, com a realização da Copa do Mundo no país e o elevado número de dias não trabalhados, praticamente todos os setores da indústria sentiram efeitos negativos sobre seus negócios. No caso do papelão ondulado, as vendas domésticas mantiveram a trajetória de queda iniciada em abril e recuaram 3,36%, na comparação com junho de 2013, para 261,572 mil toneladas. Esse volume é o mais baixo para o mês desde 2010, quando tem início a série histórica exibida no boletim da ABPO.
Frente a maio, a queda foi de 2,34%, com ajuste sazonal. Com esse desempenho, no acumulado do primeiro semestre, as vendas da indústria inverteram a tendência exibida até então e passaram a cair 0,25% frente ao primeiro semestre do ano passado, para 1,653 milhão de toneladas.
No mês passado, porém, o volume de vendas no acumulado do ano voltou ao azul. Com alta de 2,93% em julho, na comparação anual, para 290,635 mil toneladas, as vendas da indústria nos sete primeiros meses do ano somaram 1,944 milhão de toneladas, 0,23% acima do registrado no mesmo intervalo de 2013. Na comparação com junho, as vendas cresceram 11,11%.
Outro indício de que a demanda pode ter recuperado fôlego é a notícia de que a Klabin pretende elevar em 6,8% a tabela de preços do papel kraftliner em setembro. Procurada via assessoria de imprensa, a empresa não confirmou o reajuste. No fim de julho, porém, o diretor-geral da Klabin já havia dito que "existe uma forte pressão de custos, com energia, salários e aparas, cujo preço está substancialmente maior" e que o comportamento da economia iria definir eventuais repasses no segundo semestre.
Apesar da melhora em julho, o desempenho da indústria de papelão ondulado ainda está distante da previsão da ABPO para o ano, de crescimento máximo de 2% nas expedições de papelão ondulado. Inicialmente, a entidade previa expansão de 3,5% a 4% nas vendas anuais, porém revisou a estimativa após o fraco desempenho de abril.
A indústria de embalagens em geral, que reúne madeira, papel, papelão e cartão, plástico, vidro e metal, também revisou expectativas. Depois da queda de 0,73% na produção física do primeiro semestre, a previsão é de no máximo estabilidade frente a 2013. Se a "modesta recuperação" esperada para o segundo semestre não se confirmar, a produção física de embalagens poderá recuar até 0,7% neste ano.
Veículo: Valor Econômico